terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Combat Heroes, livros de aventuras solo em “primeira pessoa” quase esquecidas

 Combat Heroes, livros de
aventuras solo em
“primeira pessoa” quase esquecidas

 

Já é comum no meio do RPG os livros jogo ou RPGs-solo, uma forma divertida para passarmos o tempo em um outro mundo fantasioso. Mas em 1986, Joe Dever nos presenteou com algo impressionante para aquela época (e mesmo para os tempos de hoje). Era lançado Combat Heroes 1: White Warlord.

Joe Dever (1956-2016) já era autor de livros-jogos desde 1984, com sua icônica série de livros Lone Wolf, que atualmente conta com 32 títulos, sendo o trigésimo terceiro a ser lançado neste ano de 2025 (alguns foram publicados após seu falecimento). Além disso, ele foi atuante no meio do RPG, tendo lançado uma versão de Lone Wolf em uma série de RPG de mesa e suplementos pela Moongose Publishing entre 2004 e 2016; Le Grimoire, na França entre 2006 e 2013; além de mais de uma centena de publicações de livros, manuais, livros de wargames e participações em outros projetos.


Mas em 1986 ele nos trouxe algo que seria único até aquele momento (e mesmo hoje) e que atualmente está quase esquecido da maioria. Vamos começar dizendo que a série Combat Heroes é quase como um jogo atual de exploração com visão em primeiro, mas ao invés de jogarmos numa tela de computador ou televisão, fazemos isso diretamente na página de um livro. Isso mesmo, algo inovador.

Combat Heroes 1: White Warlord foi criado para ser pareado com Combat Heroes 1: Black Baron, mas vamos voltar à esse pareamento depois. Em Combat Heroes: White Warlord você é Kordan, o White Warlord. Como um White Warlord, você conhece melhor do que a maioria das pessoas as maquinações de seu inimigo, Zorn, o Black Baron. Ele levou piratas a saquear e pilhar sua terra, e você lutou contra ele inúmeras vezes. Nesta campanha, o enredo é simples. Xenda, o Mestre do Labirinto da cidade de Jakor, no sul, emite um convite para você e seu inimigo lutarem em seu labirinto. O vencedor ganha 50.000 moedas de ouro, além da satisfação de matar o perdedor. Claro que você aceita o desafio, então o jogo começa.

Se você jogar uma campanha solo, a história basicamente muda e você é emboscado e sequestrado pelos homens do Barão Negro enquanto está a caminho de Jakor, e agora você precisa lutar e encontrar uma saída do Castelo Blackdawn. Se você sair triunfante, você ainda poderá “jogar” com o mesmo livro o desafio de enfrentar o Black Baron.

Ao se aventurar pelo castelo ou labirinto o que você verá será uma página ricamente ilustrada no melhor modelo old school por Peter Parr tal qual como se você estivesse olhando para frente em uma dungeon, com a indicação no topo de qual “ambiente” você está. São incríveis 285 ambientes desenhados (por livro)  – uma ilustração por página – demonstrando suas andanças para sobreviver, escapar ou vencer. É basicamente um dungeon crawl com uma visão em primeira pessoa das coisas, mas de uma forma inovadora (para a época) e com muito charme.

Cada ambiente possui uma legenda que demonstra suas opções de deslocamento possíveis (avançar, recuar ou ir para um dos lados... nem sempre todas as opções) ou de movimento para olhar. Todas essas ações determinam outras páginas de ambiente que você de acessar e interagir. Percorrendo os ambientes você terá inúmeros combates, além de acesso à vários itens e tesouros para coletar na campanha solo.


O combate (e mesmo as regras básicas) usam um sistema de jogo baseado no que temos nos livros de Lone Wolf, mas com adaptações e melhorias. Você tem acesso à um arco (ataque à distância com uma grade de consulta para acertos de tiro) ou armas de combate corpo a corpo. Quando você acerta um acerto crítico com sua arma corpo a corpo ou um arco, também há uma tabela de acerto crítico para cada tipo de arma para determinar a quantidade exata e a natureza do dano infligido durante o acerto crítico. Você também pode realizar emboscadas e outras táticas quando a oportunidade surgir.

De forma geral, as campanhas solo, depois da surpresa inicial, podem começar a parecer repetitivas. Depois de um tempo elas podem parecer uma campanha chatinhas Ian Livingstone (desculpem os fãs, embora eu goste muitos dos livros do IL, não tenho como fugir à realidade), só que mais curta e ainda mais aleatória.

Mas Combat Heroes tem muito mais do que apenas isso.

Então agora é a hora de falarmos do pareamento entre White Warlord e Black Baron. Com ambos os livros é possível de se jogar campanhas solo, sendo duas experiências diferentes. Ao mesmo tempo com ambos os livros de casa série, cada um deles com uma pessoa, os dois jogadores podem participar de uma aventura de um personagem caçando o outro. As mesmas páginas de ambientes que trazem as legendas que indicam as movimentações e ações do personagem, possuem também uma série de campos que possibilitam a interação deles demonstrando que ambos estão percorrendo a mesma masmorra. À cada turno, ambos os jogadores devem declarar a página (ambiente) onde estão, e através de verificações nas legendas da página em que estão em seus livros, seguir o que é indicado até que se encontrem, lutem e um deles vença.


Deve ter sido um trabalho exaustivo para organizar todas as possibilidades, encontros e ambientes. Ao todo foram lançados por Joe Dever quatro livros, representando dois pares. Combat Heroes 1: White Warlord e Combat Heroes 1: Black Baron e Combat Heroes 2: Emerald Enchanter e Combat Heroes 2: Scarlet Sorcerer. Infelizmente hoje em dia ambas as coleções são raras de serem encontradas e quando encontradas elas possuem um valor bem considerável. Para os curiosos ou saudosistas, em encontrei um site americano com versões em PDF dos quatro livros direto das versões originais AQUI! Divirtam-se!


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