Starfinder
A versatilidade dos
drones
Starfinder é inegavelmente uma
fonte de coisas legais para suas aventuras de RPG, mas uma coisa que ainda não
tinha me atido até agora era a questão dos drones da classe Mecânico.
Eu soube de sua existência logo
que peguei o livro em inglês em mãos, mas confesso que não dei a devida
importância naquele momento. Assim como as espaçonaves, apenas quando começamos
a pensar neles em termos de jogo, história ou background e começamos a cria-los
é que percebemos todo seu potencial.
Um Drone é uma das duas opções da
classe Mecânico para sua habilidade de 1º nível Inteligência Artificial. Logo
que um personagem assume a classe Mecânico, é considerado que ele construiu uma
I.A. (Inteligência Artificial) sob a forma de um drone ou de um exocórtex. Para
ser mais simplista um drone seria algo no estilo BB8 de Star Wars ou o Rover,
da Pidge, em Voltron, enquanto um exocórtex seria algo como um Jarvis ou Friday
diretamente dentro da mente de Tony Stark.
Na primeira vez que passamos os
olhos sobre o tema pensamos “ok, legal”. Mas quando começamos a ver as
especificidades que podem assumir, sua mecânica de funcionamento em jogo e o
quanto que pode influenciar no andamento e desenvolvimento de nossa personagem,
começamos a pensar neles – principalmente no drone – com muito mais carinho.
Um drone é um constructo do
subtipo tecnológico com todas as características básicas que um NPC teria com dois
elementos essenciais: ele tem sua evolução em níveis vinculada à evolução do
personagem e ele funciona como um companheiro especializado do personagem. Este
drone seguirá as ordens do seu “construtor” que deverá estar ao alcance de
estabelecer contato visual, auditivo ou de aparelhagem que estabeleça
comunicação (no 20º nível ele se torna autônomo) para receber ordens. Se o seu construtor
estiver inconsciente ou impossibilitado de dar ordens, o drone estará ‘inativo’.
Pela mecânica de Starfinder a
importância do drone é dada principalmente para momentos de combate e ações
proativas do personagem. Seu drone poderá atacar, espionar ou realizar tarefas
especializadas. Há toda a lógica nisso, pois um RPG, principalmente um como
Strafinder, centra muito de sua atividade nesses campos. Com isso espera-se que
ele possa ajudar na hora de servir de apoio em combate, ou desarmar um
dispositivo perigoso ou mesmo realizar reparos no casco da espaçonave.
O Livro Básico de Starfinder
nos dá um belo rol de opções para construção de nosso drone. Sua lógica segue a
mesma usada nas espaçonaves. Ele sai de um modelo básico que é especializado
pelo personagem e focado no chassi. Há três chassis para construção de drones
com especificações que se enquadram na função que imaginamos para ele. O drone Combatente, com seu tamanho médio, é o
maior deles e tem suas funções centradas em combate com ênfase na Força, em
salvamentos de Fortitude e no uso de armas. O drone Furtivo tem tamanho médio, muitas funções de movimentação
diferenciadas e tem ênfase em velocidade, em Força e Destreza, no salvamento de
Reflexo e em ações de infiltração e espionagem. O drone Flutuante é o menor deles (tamanho minúsculo) com ênfase na
Destreza, no salvamento Reflexo e com funções adequadas tanto para combate
quanto para espionagem, mas de menor impacto, sendo ideal para funções
especializadas.
Com o chassi escolhido temos
muitas opções para criar um drone único. À cada nível que ele alcançado
(conforme o nível que o jogador alcança) ele tem um limite de pontos de vida,
de BBA, CA, de salvamento (valores específicos para salvamento Bom ou Ruins),
um total x de talentos, aumento de valor de um atributo (+1 no 4º nível de
posteriormente à cada três níveis em apenas duas opções) conforme o chassis, um
total de Mods (modificações) e habilidades especiais. Os Mods são a parte mais
interessante, pois com eles é que daremos cor e tempero ao nosso drone. Quer
que seu drone tenha hidrojatos, ou mais armadura, ou braços manipuladores, ou
campo de invisibilidade ou mesmo uma sub-rotina média? Os Mods é que
proporcionarão isso. Juntando chassi, perícia, talento e Mods e teremos uma
infinidade de possibilidades de drones em nossas mãos.
Isso é apenas uma parte da
diversão.
Sabemos da importância e das
necessidades de um sistema como Starfinder em proporcionar elementos que
estejam adequados à expectativa dos jogadores, principalmente no que diz
respeito à combate. Dentro disso a regra de autonomia de combate vinculada à
capacidade do jogador/criador em transmitir ordens tem toda a lógica e faz seu
papel perfeitamente. Mas podemos dar mais vida para nosso amiguinho constructo aderindo
à certa autonomia de interpretação para eles. O que quero dizer com isso?
Haverão muito momentos nas
campanhas de Starfinder que estarão longe dos combates. Momentos de interação
entre os membros do grupo, momentos de interação com NPCs, momentos de
espionagem, momentos de captação de informações ou recursos e tantos outros
momentos imaginados pelo mestre onde os personagens não estarão empunhando suas
poderosas armas lasers. Em todos esses momentos o drone pode e deveria ser
utilizado com uma interpretação mais livre pelo jogador.
Ao invés de uma interpretação
pautada pela funcionalidade apenas em momentos de combate ou de necessidade,
invista em usar o drone em todos os momentos do jogo tal qual um verdadeiro NPC
ou sidekick. Pense em sua personalidade, que normalmente faz um contraponto à personalidade
do jogador/criador ou então é um retrato exagerado da personalidade dele. Deixe
que tenha carisma ou mau humor, um toque piadista ou medroso. Faça com que tenha
um espírito que engrandeça o grupo e a aventura.
“Mas isso não é fugir das regras?”
- alguém pode perguntar. Sim e não. Nunca fui um advogado de regras, tampouco alguém
que as rasgasse em prol do anarquismo total na mesa. Ainda podemos seguir a
diretriz básica de que, antes do 20º nível, o drone precisa de ordens dadas
pelo seu criador. Mas podemos considerar que o drone precise dessas ordens em
momentos chave onde uma decisão crucial se faz necessária: atacar ou não
atacar; como atacar; quem atacar; entrar em determinado local; seguir
determinado caminho; proteger A ou B. Todas essas opções são importantes em
momentos cruciais do jogo e quase sempre, como já enfatizei anteriormente, nos
momentos de combate e pró-ativos do jogador. E mesmo nesses momentos podemos
ser perspicazes com as ordens: faça o possível para eles não chagarem aqui;
proteja-o a todo custo; entregue isso aja o que houver; esconda-se. Mas em
todos os outros momentos faça seu drone ter certo grau de autonomia, desde que
não fira questões chave e que não inverta a relação personagem-sidekick. Isso
irá acrescentar muito à narrativa.
Quanto ao mestre, permitam que
seus jogadores possam desenvolver seu drone e pensem neles na construção da
aventura, dos desafios e inclusive dos combates. Sejam mais permissivos quando
o jogador usar seu drone em momentos que não são cruciais ou de combate, e
deixe-os livres para criar linhas narrativas e de ação em paralelo à aventura.
Possibilite que os drones de seus jogadores interajam com NPCs e, quem sabe,
com outros drones. Já imaginaram que podem inclusive criar cenas apenas para os
drones? Não há limites!!!
Bons jogos!
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