sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Mutantes e Malfeitores: construindo um personagem


Analisando Regras:
Criando personagens

Há muito tempo que digo que criar um personagem não se restringe em conhecer regras e decifrar tabelas dentre muitos e muitos livros. Lógico que o conhecimento das regras é fundamental para a transposição do personagem para o papel e para a sua utilização no jogo. Mas para sua construção, em Mutantes e Malfeitores, que é nosso alvo aqui, temos coisas mais importantes ainda – o conceito.

Um personagem, tal qual uma pessoa, possui íntimas particularidades que fazem dele único, ou melhor, o destacam na multidão. Em critérios de M&M, como na grande maioria dos sistemas, nós criamos um personagem baseados em uma série regras que atribuem à ele habilidades físicas e mentais, conhecimentos, aptidões, dons, capacidades de combate/defesa e, claro, poderes. Em M&M existe uma gama tão grande de livros e possibilidades que quase tudo o que imaginarmos poderá ser colocado ou simulado em uma ficha de um personagem próprio ou de uma adaptação e muitas vezes um simples detalhe cria um personagem totalmente novo, mesmo que usando os mesmo elementos.


Em mais de um artigo aqui mesmo na Confraria de Arton eu já expliquei da importância de usarmos Feitos, Extras e Falhas para ampliar nosso espectro de possibilidades na construção de um personagem. Pois bem, a questão é – como perceber onde aplicar tais elementos para criarmos um personagem único ou com personalidade própria? Aqui entra o ‘conceito’.

A construção de um personagem requer que saibamos como ele será, não importando se será uma adaptação ou não. Para isso temos que compreender como a sua mecânica particular funciona, como ele se portará ou como queremos que ele se porte.  Duas perguntas básicas são a chave disso.

Como é sua estrutura de funcionamento?
Gosto de começar por aqui. Com essa questão tento delimitar como o personagem funcionará, se baseado em habilidades (atributos básicos), conhecimento & treino (feitos e perícias) ou em poderes. Com essa simples questão respondida já temos um bom caminho percorrido para a montagem do personagem e sabemos onde começar a nossa construção.

Vamos à um exemplo prático. Um personagem será muito forte, e isso pode aparecer por muitos motivos em M&M. A partir do quão forte ele será influenciará, um pouco pelo menos, na construção do personagem. Ele pode ter treinado, como um halterofilista ou um agente de forças especiais; ele pode ter sofrido alterações devido à um soro, como o Capitão América; ele pode ter nascido assim, como Thor e Hércules; ou mesmo ele pode ficar assim devido à alguma modificação fisiológica, como n caso do Hulk. A força enorme do Homem de Ferro só é possível devido ao uso de uma armadura. E ainda existem muitas outras possibilidades. Isso já nos dá a noção de por onde o personagem poderá ser diferenciado dos outros e onde essa diferença irá aparecer. Estamos iniciando a delimitação de seu conceito.


O Hulk teria sua Força descomunal ligada à uma alteração de sua forma. Já o Capitão América teria sua força permanentemente ativada, mas ligada à existência do soro do supersoldado. Já Thor teria sua enorme força ligada diretamente à Habilidade Força em um grande nível. Para vocês verem, três exemplos de personagens com grande força baseados em possibilidades diferentes. Mas vamos começar de forma prática com o Capitão América.

Por que o personagem funciona assim?
Uma pergunta que pode parecer banal, mas que tem todo o sentido. Se um personagem possui uma mecânica baseada em algo adquirido de fora para dentro (elementos externos como equipamentos ou treinamento) ou internos (mutação ou de nascença). Por exemplo, o Capitão América tem sua força baseada em um soro testado nele durante a Segunda Grande Guerra. Essa força está permanentemente ativa, pois o soro está permanentemente ativo. Mas nada impede que esse soro seja extraído dele ou que ele receba um antídoto. Ao mesmo tempo sabemos que esse soro deu outras características especiais para o personagem como maior agilidade, rapidez, imunidades, longevidade, resistência etc. Então delimitamos que esse soro é fonte de uma série de características mais ou menos interligadas onde a perda de uma acabará acarretando na perda de todas. Está mais do que na cara que isso requer o uso de um Repertório de poderes, que interligará todos ele à um básico, mas que quando travado o soro, afeta todos.

Isso é muito diferente do Homem-Aranha, por exemplo, que teve sua estrutura alterada após a picada de uma aranha radioativa, mas que acabou causando uma mutação nele. Ou seja, ele foi alterado permanentemente. Neste caso de Peter Parker as suas alterações, embora todas ligadas à um evento em comum, agem de forma independente dentre dele e na construção de sua fica poderíamos colocar cada característica como um poder independente.


Com essas duas primeiras questões resolvidas já temos um norte para seguir. Sabemos onde dar mais ênfase em nossa criação ou onde nos preocuparmos mais. Depois disso só é necessário delapidar aqui e ali. A colocação de Feitos de Poder, Extras e Falhas se encaixarão de forma muito mais perfeita com esta diferenciação determinada.

Um erro comum que temos na construção de um personagem é olharmos para o poder ou para a característica especial de nossa construção e esquecermos que o personagem em si é um sistema todo interligado. Talvez nos casos de dispositivos especiais não faça tanta diferença, mas mesmo assim, uma boa interpretação dos poderes do dispositivo trarão melhores efeitos no jogo.

E depois...
Depois desses dois primeiros passos vamos adiante no entendimento do personagem. O que ele conhece ou sabe fazer (perícias e feitos). Um personagem pode ter muita força e não por isso ser um bom lutador ou então não ter a capacidade de criar muito dano, ou ainda ao contrário, mesmo com apenas um certo grau de força causar um grande estrago. O capitão América tem uma força bem maior que a de um humano normal. Mas, além disso, ele é bem treinado. Como esse treino independe de seus poderes eles serão agregados ao personagem em si como Feitos. Se esse treino ou feitos dependessem do poder para serem usados ou aparecerem, eles estariam ligados ao poder em si.

Um contra-ponto de exemplo aqui seria o Demolidor. Ele possui poderes fora do comum devido à um acidente com elemento radioativo que lhe tirou a visão, mas lhe conferiu uma espécie de radar.  Com isso ele possui uma mira extraordinária. Quanto mais ele treina, melhor ele fica, mas no momento que esse ‘radar’ for retirado dele, seu treinamento e toda a evolução que ele teve de nada adiantarão. Aqui temos o claro exemplo de um Feito (que pode ser Tiro Preciso ou Acurado) ligado apenas à sua estrutura de poderes.


...e mais!
Outro exemplo prático e que muitos se perdem tem haver com a relação ataque-dano-poder-eficência na hora da criação ou adaptação do personagem. Nem sempre o melhor ataque garante o maior dano o a melhor eficiência. Da mesma forma um alto nível de um determinado poder não garantem um bom ataque ou dano. Temos que pensar também no conceito para ter isso claro. Uma boa forma disso é perguntarmos como o ataque afeta o adversário.

Se nosso personagem acerta quase sempre seus ataques, significa que ele tem um alto nível de ataque, mas não significa que ele cause mais dano com isso. Da mesma forma, se um personagem acerta com dificuldade, não significa que quando ele acerte não seja extremamente poderoso. Outra possibilidade é que o ataque de um poder, mesmo sendo baixo, pode ser muito significativo se não puder ser salvo.

Leve essas noções em consideração na hora de construir seu personagem. Muitas vezes uma simples adesão de feitos à um equipamento ou poder já resolve.

Terminando

Esse assunto poderia dar muito pano para manga e consumir páginas e mais páginas com debates. O certo é que temos que ter uma boa construção de conceito de nosso personagem para que nosso resultado final seja o mais próximo possível do que imaginamos ou de uma adaptação desejada. Perca alguns momentos pensando sobre a mecânica do personagem e só depois comece a rascunhar a ficha!

Cinema na Confraria: filme sobre amizade e Tolkien e Lewis

J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis
juntos em filme

Um filme no mínimo interessante está em fase de pré-produção. Como todos sabem J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis, autores respectivamente de “Senhor dos Anéis” e “As Crônicas de Nárnia”, tinham uma relação de amizade até certo ponto íntima, entre os anos 1926 e 1940, quando freqüentavam o grupo de intelectuais conhecidos por “Inkling”, na Universidade de Oxford.

Primeiro cartaz oficial do filme

Pois um filme está sendo produzido sobre essa amizade abordando principalmente seu final, às portas de Segunda Grande Guerra. “Tolkien & Lewis” está sendo roteirizado por Jacqueline Cook e Paul Bryan, não possuindo ainda diretor ou elenco cogitado. A produção está nas mãos de Werner Pramschufer, da Attractive Films, com co-produção de Mark Cooper 9”Shakespeare Apaixonado”, “Uma semana com Marilyn” e “A Outra”). Quem está também por trás da produção, no cargo de produtor executivo é Joan Lane (“O Discurso do Rei”). Com esse cast por trás da produção temos pelo menos a certeza de que não faltará experiência para um bom trabalho final.

Uma sinopse foi liberada pela Attractive Films, confira:


“Tolkien & Lewis é um drama biográfico passado em uma Bretanha dividida pela Guerra em 1941, revelando como J. R. Tolkien e C. S. Lewis se tornaram os principais autores de fantasia do mundo. Ambos são super-estrelas literárias, conhecidos mundo afora como os criadores da Terra Média e de Nárnia. Mas poucos sabem da importante e complexa amizade entre esses dois brilhantes, mas disfuncionais acadêmicos de Oxford. Uma amizade sem a qual eles nunca poderiam ter escrito seus amados clássicos, “O Senhor dos Anéis” e “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas”. Conforme um ajuda o outro, Tolkien a enfrentar seus pesadelos psicóticos, Lewis a encontrar sua criança interior, a amizade dos dois parece mais profunda que nunca. Mas até mesmo as sociedades [“fellowships”, no original ] mais fortes são postas à prova. Quando Lewis revela seus contos de Nárnia e é catapultado aos holofotes com discursos inspirados pela fé na Rádio BBC, as inseguranças de Tolkien são despertadas. Inveja, neurose e questões de fé agora ameaçam a amizade dos dois.”