quarta-feira, 21 de maio de 2008

Caçadores de Abutre

Caçadores de Abutre
Capítulo 2
Parte 1 - Estrutura da organização

A estruturação dos Caçadores de Abutre não é tão simples. Muito embora ela tenha um fim comum – a destituição de Ferren e de sua política doentia – ela atua em diversas frentes para alcançar tal objetivo. Isso é resultado, entre outras coisas, da forma espontânea como surgiram suas iniciativas de afrontamento à Ferren. Ao mesmo tempo suas atividades são complementares umas às outras, assumindo um aspecto descentralizado – na aparência - mas muito bem organismo e elaborado.

Sempre que há a tentativa de derrubada de um tirano – pode ser Ferren ou qualquer outro - utilizam-se todos os métodos possíveis. Com os Caçadores não foi diferente. Na origem desta organização não foi diferente. Cada frente de ação procurava – conforme suas habilidades – atingir o velho abutre num ponto estratégico de sua estrutura de poder.

Existem quatro grupos atuando nos Caçadores. Cada grupo possui sua liderança independente e responsável por tudo aquilo que estiver relacionado a sua atividade. Essas quatro lideranças são as cabeças pensantes de toda uma teia de membros que atuam contra Ferren. Cada liderança coordenam as ações de vários pequenos grupos com funções pontuais, conforme a missão.

Os Caçadores atuam em duas áreas distintas. Uma urbana e outra fora das cidades. Cada qual com fins específicos.

Os grupos urbanos atuam nas grandes cidades e principais comunidades de Portsmouth, dividindo-se em dois: uma para cooptação de informações estratégicas; outro desmontando a imagem de Ferren e tentando trazer às mentes da população a verdade.

Já os grupos não-urbanos são o verdadeiro braço armado dos Caçadores e estão acostumados a trabalhar em ações conjuntas – mas não sempre. Um deles atua na libertação de prisioneiros. O outro trabalha no enfrentamento das forças mercenárias e miliciantes do reino sob forma quase de guerrilha.

Eles trabalham orientados com as descobertas alcançadas pelo grupo de informações de Thânara. Através dela todos os outros grupos conseguem suas informações e diretrizes, localizando seus alvos e descobrindo possíveis estratégias para seguir.

Estas quatro lideranças decidem o futuro da organização em reuniões sem uma periodicidade específica. Até por atuarem na clandestinidade existem certas dificuldades para encontros formais. Mas esses encontros acontecem. A preferência está em locais isolados como em acampamentos no interior das florestas próximas às fronteiras. A principal alternativa, nestes casos é o acampamento de Kron (um dos líderes) próximo às fronteiras de Hongari – que é menos vigiada que as outras. Ocasionalmente também reunem-se em pequenas tavernas pelas estradas menos movimentadas.

Mas também, em casos especiais, podem se encontrar na própria capital - Milothiann - pois o grande fluxo de pessoas, dos mais variados tipos, serve como camuflagem perfeita para encontros bem debaixo dos narizes de Asloth. E o templo de Thyatis ou a “Casa da Mamãe” (como é chamada a casa de Thânara) são os pontos de encontro escolhidos por lá.

Nestas reuniões estabelecem as diretrizes a serem seguidas nos combates futuros bem como realizar balanços das últimas atuações ou testar novos integrantes para seus grupos.

Para o sucesso dos Caçadores nesta luta outro ponto crucial é o anonimato. E para isso a aquisição dos membros deve ser muito cuidadosa. Como dito anteriormente existem quatro grupos básicos – cada qual estruturado para uma forma de atuação. E eles são amparados por uma rede restrita de membros subalternos – uma necessidade evidente para poderem atuar em um território tão amplo, mas de forma anônima.

A necessidade de aquisição de membros, aliado ao fato de não possuírem uma chefia centralizada, leva-os, assim, a selecionarem seus membros de forma individual - conforme as necessidades do grupo - e de utilizarem critérios dos mais variados possíveis. Cada grupo tem autonomia para aliciar novos membros da forma que achar melhor. O único ponto comum é a necessidade de estarem certificados de que os novos membros em nada colocarão em perigo a organização. Isso é acertado formalmente nos encontros dos líderes onde testes são realizados das mais variadas naturezas. Cada aspirante aos Caçadores enfrenta às provas escolhidas pelo líder do grupo ao qual pretende ingressar. A avaliação é feita por todos os líderes em conjunto. Só é aceito aquele que tiver unanimidade das opiniões. Com todo este processo apenas os líderes têm uma idéia aproximada de todos os membros dos Caçadores.
Mas é muito importante que ninguém imagine esta organização como que uma associação de um grande número de membros. Ela é grande para as proporções de uma época como a que vive Arton no momento. Não existe mais do que vinte ou trinta membros em cada grupo – além dos líderes e seus colegas – atuando espalhados por toda a Portsmouth, agindo em pequenos grupos, duplas ou até mesmo isolados.