domingo, 14 de junho de 2015

Material de Apoio: Curso de Heráldica II


O Escudo
Reconhecidamente como o elemento principal de um brasão, o escudo é onde está informação relevante – ou parte principal dela – que o brasador desejar transmitir. Por isso mesmo é a parte mais complexa do brasão. Já descrevemos na postagem anterior o desenvolvimento histórico inicial do brasão e dos motivos dele estar centrado em um escudo, por isso vamos pular esta parte e ir diretamente ao que nos interessa.

O escudo (ou escutcheon, termo medieval originário do anglo-normando escuchon), por ser o elemento principal do brasonamento, possui uma enorme gama de informações passíveis de serem transmitidas. Por conseqüência, ele possui uma igualmente enorme quantidade de regras, denominações e características sendo onde nos concentraremos nos demoraremos inevitavelmente muito mais. Aliado à tudo isso temos uma falta de constância nessas regras e normatizações, seja por período histórico, seja por local, que acaba com complicar um pouco mais as análises. Mas mesmo dentro deste universos de informações algumas vezes desencontradas há muitas constâncias que terminam por servir de pilar para toda a heráldica e sobre esses pilares é que também iremos montar nossas postagens.

As formas do escudo
Aqui temos uma curiosidade. Já vimos que o escudo é simplesmente a alma do brasão e que nele estarão apresentadas todas as informações que desejamos transmitir. Mas mesmo com toda esta importância, a forma do escudo não faz a menor diferença na apresentação e codificação das informações. Sua forma é muito mais estética do que informativa. Lógico que existem algumas regularidades, alguns reinos, regiões ou famílias que tinham ou têm preferência por um ou outro formato, mas sempre com a preocupação de criar uma marca do que transmitir alguma informação em si.

O que se sabe historicamente é que os brasões inicialmente usavam simplesmente a forma do escudo vigente, fosse por família ou pessoal. Inicialmente os mais comuns eram os escudos mais alongados. Conforme o tempo foi passando e a heráldica se desenvolvendo, os escudos dos brasões tenderam à assumir a forma o mais eqüilátera possível novamente por uma questão estética, já que assim é muito mais fácil de apresentar os elementos de um brasão. Isso aconteceu no chamado auge da heráldica, durante o século XIV.

As formas mais conhecidas e comuns são as que vemos nas imagens abaixo.


O (1) é o conhecido como escudo medieval francês e inglês por ser o mais utilizado naquele período histórico pelas nações mais importantes e influentes sendo também conhecido como estilo heater. O (2) conhecido como escudo francês moderno. O (3) e o (4) são conhecidos por cartela ou oval e losango e ambos são usados preferencialmente por mulheres após o século XIV. Em francês esses dois formatos de escudos são ainda mais designativos, sendo chamados de Ècu des Dames e Ècu des Damoiselles (Escudo de Senhoras).  O (5) é chamado de retangular. O (6) é conhecido por escudo italiano e o (7) por escudo suíço. O (8) é conhecido como escudo inglês ou arco de Tudor. O (9) é o escudo bouche. O (10) é o escudo polaco. Por fim, o (11) é o escudo ibérico tradicional.

Com relação à posição do escudo, sempre entendemos que um escudo que Server como brasão está em uma posição chamada de ereta. Entende-se que ele sempre estará nessa posição quando representar um brasão. Toda a superfície do escudo é chamada de campo. No campo temos o entendimento de que ele protege o que estiver sobre ele por isso são consideradas como “suportadas” pelo campo. Esses elementos suportados pelo campo no escudo são denominados encargos e consideramos que eles são “carregados” pelo escudo. Em uma composição heráldica em um escudo a figura principal é sempre a que estiver em seu centro, podendo ou não ter outros encargos ao redor.