sábado, 28 de outubro de 2017

Dicas do Mestre: Usando fantasmas em sua sessão de RPG

Dicas do Mestre
Usando fantasmas em sua sessão de RPG


Fantasmas. Estamos na semana do Halloween e por que não falarmos um pouco de coisas diferentes para integrar às nossas aventuras de RPG. Encontrei essa interessante postagem na rede e resolvi trazê-la como base para alguns comentários para estimular um pouco a criatividade dos mestres.

Os fantasmas são figuras apreciadas e muito usadas em sistemas variados. Seja o Yorei em Lenda dos Cinco Anéis, sejam as entidades proibidas de fazerem a transição para o “outro” mundo de GURPS Horror, sejam os seres etéreos em D&D, ou os entes presentes em tantos e tantos bestiários de um sem número de sistemas. Mas em todos eles os fantasmas têm quase sempre a mesma conotação de um adversário para o grupo de aventureiros. Em suma, eles são sempre um antagonista. O único que sai um pouco da curva é The Wraith: the obliviun e é justamente nessa pegada que quero trabalhar.

Fantasmas podem ser usados de muitas formas em sua aventura – formas sempre interessantes - não importando sob qual papel. Podemos usar facilmente um fantasma como antagonista, já que muitos sistemas os apresentam assim com regras e cálculos adequados para combates. Mas isso é muito limitado. Vamos dar um passo além.

Fantasmas antes de serem entidades, são um conceito: um ser que não está em seu mundo (ou plano) mantido por alguma motivação ou força preso ao “nosso” mundo. Levando isso em consideração ele, como um elemento de jogo, pode ser integrado e trabalhado tanto dentro da trama, quanto sendo ele mesmo o cerne dela, necessariamente não sendo um antagonista.

Levando esse conceito em consideração e agregando à ele uma série de tipos diferentes de fantasmas, podemos começar a dar corpo às minhas sugestões. Nas várias culturas, sejam reais ou de cenários, existem vários tipos de fantasmas que acabam tendo como elemento de diferenciação justamente a motivação/força que o mantém em nosso mundo e como eles encaram a sua presença “aqui”.

A proposta é simples. Podemos enriquecer muito nossas aventuras com a utilização de fantasmas como elemento narrativo ou de trama, fugindo do simples antagonismo, onde sua atuação na história ou campanha é influenciada por sua motivação. De secundário ele pode passar a ser inclusive um protagonista da aventura.

Abaixo vamos ver vinte tipos de fantasmas com seus conceitos. Esses conceitos foram tirados do ótimo site Black Sharks Enterprises que lançou uma pequena postagem em homenagem ao dia das bruxas alguns anos atrás. Depois dessa lista vamos ver algumas dicas.


20 diferentes tipos de fantasmas
1. Entidades em crise: às vezes, quando um pai ou um protetor morre, os parentes ou amigos, mesmo a centenas de quilômetros de distância, de repente enxergam a pessoa, muitas vezes de pé atrás ou que tentando alcançar alguém antes de desaparecer tão repentinamente quanto apareceram. Mais tarde, vem a mensagem de que a pessoa morreu no mesmo momento da visão.

2. Fantasmas inconscientes: são fantasmas que aparecem realizando a mesma rotina de quando estavam vivos. Muitas vezes eles são fantasmas completos e bem formados que podem ser confundidos com pessoas vivas. Este tipo de fantasma é completamente inconsciente de sua própria morte. Eles precisam de ajuda para passar para o outro lado.

3. Negócio pendentes: muitas vezes os fantasmas retornam à terra dos vivos, porque eles têm negócios inacabados nesse domínio, o que significa que eles não podem passar para o próximo. Às vezes, elas são coisas pequenas para nós, mas significativas para o espírito de alguma forma.

4. Preso: Às vezes, os fantasmas estão presos neste reino por feiticeiros ou bruxas e forçados a fazerem a vontade de quem os prendeu ou como fonte para alimentar algum artefato arcano.

5. Espíritos vingativos: Os fantasmas das pessoas que encontraram um final particularmente violento ou são atormentados ao longo de suas vidas às vezes se manifestam depois da morte como um espírito vingativo. Alguns são colocados em um curso de vingança específico e outros apenas atacam seus "alvos humanos" (pais abusivos, mães alcoólatras, irmãos maus, etc), que eles veem como seu próprio torturador.

6. Desiludido com o pós-vida: Este é um espírito verdadeiramente aterrador. Às vezes, os espíritos voltam por suas recompensas eternas não cumpridas. Eles assombram a terra dos vivos com fome de algo que eles nunca poderão ter novamente. Alguns apenas choram descontrolados, outros buscam consolo no medo e dor que podem infligir aos vivos.


7. Residuais/Fragmentos: Às vezes, um fantasma, ou mesmo uma cena fantasmagórica inteira, pode ser experimentada por alguns momentos em uma determinada época do ano (ou durante uma lua cheia ou uma enorme tempestade). Tais resíduos ou fragmentos raramente são vingativos.

8. A criança: o fantasma de uma criança raramente é um espírito benevolente. Muitas vezes são almas atormentadas ou espíritos demoníacos que buscam vingança sobre quem interagir com eles. Às vezes, no entanto, o fantasma infantil é uma antiga vítima tentando proteger aqueles que o veem de algo verdadeiramente malévolo.

9. Entidades invisíveis: esse tipo de fantasma só pode ser detectado de maneiras diferentes da visão. Por exemplo, você pode ouvir alguém andando pelas escadas ou assobiando uma melodia. Você pode sentir o cheiro de um charuto que ele está fumando ou sentir frio quando você passa por ele nas escadas, mas você não consegue ver nada.

10. Fantasmas de animais: às vezes espíritos de animais são guias enviados para ajudar os mortais a realizar algo ou protegê-los de algo. Outras vezes, os espíritos dos animais podem ser usados ​​como guardiões por usuários de magias sombrias para proteger um lugar de investigadores mortais incômodos.

11. Veículo fantasma: existem inúmeros contos de veículos assombrados ao longo dos séculos, desde o navio fantasma Marie Celeste até o Trem funerário de Abraham Lincoln. Há histórias de carruagens fantasma, carros fantasma e aviões fantasmas que voam na noite. Eles geralmente são apenas flashes e logo depois somem.

12. Sombras Fantasmas: esses fantasmas só podem ser vistos como sombras nas paredes ou nos tetos. Muitas vezes eles são capazes de manipular sombras para aparecerem de forma corpórea em uma área escurecida. As sombras fantasmas raramente fazem qualquer tipo de som.

13. Doppelganger: Não deve ser confundido com o monstro. Um fantasma doppelganger pode assumir a aparência física de alguém que morreu. Esses fantasmas são, na maioria das vezes, gozadores buscando diversão à custa dos vivos. Eles aparecem e começam as lutas entre os vivos, além de atrair pessoas para situações perigosas.


14. Poltergeist: uma entidade não corpórea que normalmente está ligada a um lugar específico, que é intencionalmente assustador ou destrutivo para os mortais que entram em contato com ele. Um tipo de fantasma muito perigoso, porque se diz que eles podem se conectar às pessoas.

15. Objeto assombrado: um objeto assombrado pode servir de foco para um único espírito, ou às vezes mesmo um grupo de espíritos, se seu vínculo com o objeto for forte (talvez a tripulação de um navio que morreu juntos). O espírito está ligado ao objeto e pode aparecer em qualquer lugar perto do objeto de seu foco.

16. Fantasma invocado: às vezes um ocultista invocará um espírito de fora do reino espiritual e perto do mundo dos vivos para que pessoas possam se comunicar com ele. O termo para este procedimento é chamado de sessão. Uma sessão de sucesso inclui um ritual de banimento para enviar o espírito de volta à terra dos mortos. Se isso não for feito (ou for executado incorretamente), então o fantasma invocado estará preso na terra dos vivos.

17. Espíritos do mal: Simplificando, estes são os fantasmas e entidades que vivem do medo e do sofrimento dos vivos. Eles podem possuir muitas formas e muitos níveis de poder. Um espírito malévolo menor pode fazer a pessoa apenas tropeçar ou espirrá-las com água. Grandes espíritos malignos vão para níveis muito maiores de sofrimento.

18. Espíritos protetores: Basta dizer que estes são os fantasmas que escolhem ajudar ou proteger a vida contra forças sobrenaturais prejudiciais. Note que eles raramente podem se comunicar diretamente e a "ajuda" podem parecer um ataque assustador para um mortal.

19. Órbões flutuantes: às vezes é considerado como o espírito de um recém-falecido, em outras vezes como os restos de desvanecimento de espíritos, os orbes flutuantes podem fazer pouco mais do que ser uma luz incandescente que leva aqueles que a seguem a alguma informação ou uma armadilha.

20. Vortex Ghost: uma entidade completamente invisível que geralmente é estacionária e pode ser detectada por uma queda notável na temperatura, ocasionalmente ouvindo vozes, zumbindos ou música quando está parado no ponto frio.

Usando fantasmas em jogo
Depois que vocês leram esses vinte conceitos, tenho certeza que muita coisa deve estar fervilhando em suas cabeças. Esses tipos possibilitam uma vasta gama de possibilidades na utilização de fantasmas em meio à sua sessão, dando-lhes motivação e volume não importando qual seu papel na aventura. Encontrar um fantasma pode e deve ser algo mais do que simplesmente uma adversário para combate. Darei algumas dicas baseadas em coisas que já joguei ou mestrei e deixarei o resto para a mente criativa dos mestres inventarem.

Fantasmas como personagem: Nada impede que um personagem seja criada já desde seu conceito inicial como um fantasma. Ele pode ser alguém ligado à um dos outros personagens ou ao background de algum deles. Eles podem não ter conseguido deixar a vida de aventuras ou então não gostaram do que encontraram no plano dos deuses, ou ainda foram invocados por algum clérigo (quem sabe a pedido de seus colegas). Personagens fantasmas propiciam dinâmicas muito interessantes. Ao mesmo tempo que eles possuem algumas vantagens como ter uma composição etérea os tornando imunes à ataques físicos, alguma capacidade de levitação ou mesmo voo, não serem pegos por armadilhas, eles também serão mais afetados por muitas das magias contra espíritos, não poderão realizar ataques físicos, normalmente não poderão interagir com o ambiente, além de causarem efeitos muito negativos quando tentarem interagir com outras pessoas... Ou seja, será muito desafiador e divertido. Em termos de jogo esses personagens fantasmas poderiam ter algum poder mágico, mas nada muito poderoso para não desequilibrar. Usando eles em jogo o ideal seriam sessões pensadas em sua participação onde em alguns momentos sua condição fosse positiva, enquanto noutras fosse um problema para o grupo.

Personagem como fantasma: Quantas vezes o grupo está se aventurando e se divertindo em sua empreitada pelos interiores do cenário quando um dos personagens simplesmente morre por causa de uma rolagem desastrosa? Lá se vão preciosos pontos de experiência, mas principalmente a empatia construída ao longo de muitas sessões. Normalmente alguns mestres deixam o jogador fazer outra ficha e o recolocam na aventura. Agora imaginem que o personagem que morreu virou um fantasma com coisas inacabadas para resolver? Ou quem sabe tem uma dívida de honra com a campanha que o grupo está buscando? Não importa, mudanças radicais sempre são possibilidades de desafio e diversão para o grupo. Para completar, imaginem que o personagem fantasmas não aceite ou não acredite que é um fantasma?!

Animais fantasmas: Fantasmas de animais podem ser interessantes aliados, familiares, capangas ou qualquer outra terminologia que o sistema que o grupo esteja jogando use. Esse tipo de NPC ou capanga tem muitas utilidades numa sessão ajudando ou salvando o personagem e/ou o grupo. Mesmo sendo apenas etéreos seus olhos e ouvidos podem ser muito uteis em determinadas situações, além de que sempre causa uma certa presença um animal fantasma à frente do grupo. Em masmorras um animal fantasma seria muito útil para sentir, combater ou mesmo se comunicar com outras entidades presas ali.

NPC fantasma: Em uma sessão muito legal que mestrei havia um NPC irritante que acompanhava o grupo, mais atrapalhando do que ajudando, mas propiciando situações hilárias. O mestre pode facilmente usar um NPC fantasmas de muitas formas diferentes, sempre pautados pelo tipo e interesse do grupo e pela motivação do próprio fantasma: uma entidade brincalhona, um sofredor, um que procura vingança... escolha a sua. Ainda dentro desta categoria podemos ter orbes fantasmas que serviriam como aliados esporádicos do grupo ou mesmo como uma ferramenta do mestre para colocar o grupo na trilha certa.

Veículos fantasmas: meu grupo já percorreu uma costa dentro de um navio fantasma que só podia navegar à noite e que quanto mais ficávamos dentro mais sequelas acumulávamos. Isso pode ser utilizado em jogo de muitas formas e com muitos tipos de veículos diferentes. Algo que o grupo precisa usar mas que cobrará um preço caro.

Essas são apenas algumas dicas simples, mas que podem deixar a suas sessões diferenciadas... Pense em novas! Experimente! Divirta-se!

Bons jogos!