repleto de fantasia e
mitologia
Estou sempre à caça de coisas
interessantes sobre RPG, principalmente fora do eixo ocidental. Por isso fiquei
muito feliz quando vi um amigo canadense, Chris Van Deelen (autor das fichas de
Aliens para Starfinder que traduzo), comentar sobre Tadhana,
um RPG de mesa filipino baseado no seu folclore.
Tadhana, cujo significado é
‘destino’ é baseado em folclore, lendas urbanas e mitologia das Filipinas. Tudo
nele é cuidadosamente rústico. Ele vem (pelo menos a versão de pré-venda vinha)
dentro de um saco de aninhagem com um logotipo, dando um aspecto peculiar, ao
mesmo tempo cheio de estilo. O conjunto vinha com um livro básico (242
páginas), uma livro de campanha chamado Bulong (que significa “Sussurro”, com
98 páginas), 40 cartas chamadas de Cartas do Destino, tokens, marcadores de
papel e uma arte... tudo isso por menos de 20 dólares.
Você pode adquirir uma
profissão que seria o equivalente às classes dos RPGs ocidentais. As classe
dentre as cinco possíveis são Mandirigma (guerreiro), Pana (ranger), Sarong
(monge), Albularyo (druida/clérigo) e Salamangkero (mago), cada qual com suas
peculiaridades. Por exemplo, o Mandirigma possui um estilo de luta e postura de
combate, o Albularyo tem uma alma mágica e um companheiro espiritual e o Pana
pode se comunicar e usar animais como crocodilos e javalis. Outro ponto
interessante é que toda Lahi (raça) e profissão pode usar magia.
As Rodadas de Combate são
divididas em duas fases: Fase de Discussão e Fase de Ação, com Talisik
determinando a Iniciativa. A mecânica de combate confronta Lakas (poder)
do atacante contra a Husay (perícia) do defensor determinando a quantidade de compra
de Cartas de Destino onde a configuração dos símbolos determina o desfecho o
combate. Durante as cenas podem aparecer as Trilhas do Destino – obstáculos a
serem superados - centradas em um dos quatro atributos para desafiar o
personagem, que são resolvidos de forma similar ao combate centrado na
contraposição do atributo da trilha.
Bulong, o livro de campanha introduz um cenário chamado Sekunda, com Zho como um dos seus cinco principais continentes. O sol é um vazio escuro rodeado de prata e duas luas acompanham a presença da luz do dia. Este é o lar de dois deuses principais – Pahla e Goema – que representam respectivamente a vida e a morte
O livro é uma maneira divertida
de se acostumar com o sistema, agindo como um módulo e como um guia de jogo
Também introduz os muitos monstros e ameaças no jogo, como os Tiyanaks, o
Sigbin e muito mais. Um terceiro capítulo compartilha a história da
criação do jogo e termina com uma lista de itens lendários e raros.
Quanto ao tema de Tadhana, um dos desenvolvedores e escritor do Projeto Tadhana, John Nathaniel Briones, disse ter tido
receio em incorporar a mitologia e folclore filipino por medo de desrespeitar a
cultura local. Sua base para trabalhar a temática foi Sandman (de Neil Gaiman)
e a série de romances Overlord (de Kugane Maruyama). Segundo Briones: “Sandman
me fascinou com sua interpretação de deuses e mitologia internacional, enquanto
Overlord forneceu insights sobre como as raízes culturais e uma experiência
localizada da sociedade podem afetar a construção do mundo da fantasia, mesmo
se a estrutura for baseada nos padrões de fantasia tolkiano e ocidentais. (Eles)
me ajudaram a entender que não há problema em tomar liberdade artística quando
se trata de worldbuilding, desde que haja o devido esforço dado à pesquisa,
enquanto respeito e amor é o foco principal quando se presta homenagem aos
materiais de origem.”