Iniciando
alguém no RPG
Esta
é uma dúvida que acomete muitos daqueles que desejam iniciar alguém no
maravilhoso mundo do RPG. Na ânsia de não errarmos e colocarmos fora a
possibilidade de trazer mais um para este lado da força matutamos por muito
tempo como introduzir um neófito. O importante é pensarmos duas coisas.
Primeiro, por que ele está experimentando RPG? Segundo, quais as possibilidades
deste iniciante.
Quanto
a primeira questão podemos dizer que existem várias possibilidades de procura
pelo RPG, mas as principais é pela temática (dentre as várias que existem) e
pelo tipo de jogo, centrado em desenvolvimento dos personagens e muito combate. Já respondendo a segunda questão, podemos
dizer que isso se enquadra quase que diretamente à idade do novato. Tendo isso
claro podemos dar algumas dicas de como introduzir alguém no RPG.
Para
crianças o ideal é começar com algum sistema que use tabuleiro e miniaturas. A
questão visual e espacial é muito importante para o entendimento deles, além de
ser muito atrativa. Sistemas como RPGQuest são muito bons e simples, mas
qualquer sistema que possa ser adaptado para um tabuleiro será bem vindo.
Ainda
pensando em crianças, procure um sistema simples em sua mecânica. Não quero
dizer algo mal feito ou simplista, mas sistemas que não se preocupem tanto em
cálculos, ou que tenham um milhão de tabelas ou muito menos necessitem de um
vasto conhecimento de classes e raças. O sistema 3d&T é uma boa pedida
inicial também. Claro que um bom mestre pode se valer de qualquer tipo de
sistema, pois ele terá a capacidade de simplificar e facilitar para o novato.
Esses
dois elementos – simplicidade e elemento visual – são ótimos atrativos para os
novatos mais novos. Não achem que por isso eles estão jogando um RPG de baixa
qualidade ou mesmo que eu estou inferiorizando as capacidades desse jovem.
Muito pelo contrário. Esta forma serve apenas para que ele tenha uma fácil
introdução ao tipo de atividade e se acostume com a mecânica de funcionamento
do RPG dentro daquilo que o atrai mais. Sabemos muito bem que esses jovens,
depois de um agradável início irão voar criando, jogando e complexando cada vez
mais.
Já
jogadores mais velhos, e quando digo mais velhos estou sendo extremamente amplo
indo do adolescente até o ‘infinito’, podemos iniciá-los no RPG de uma forma
diferente. A diferença vem de suas expectativas. Um novato que já saiu da
adolescência (ou está em processo de sair) possui interesses diferentes no RPG
ou houveram elementos diferentes que o trouxeram a experimentar o RPG. Eles dão
uma maior atenção às nuances do hobby do que simplesmente na ação, embora esta
permaneça sendo muito importante ainda.
Normalmente
esta parcela de novatos se preocupa tanto com a mecânica e suas facetas, quanto
pela profundidade dos cenários, além de também gostar muito da dramaticidade no
RPG. Em minha experiência mestrando para novatos nesta faixa de idade eu tive
que me preocupar muito mais com o enredo do jogo e suas sutilezas do que com a
‘pancadaria’ em si. Eles são muito mais criteriosos na análise dos ‘por quês’ e
dos ‘quandos’ do que na ação em si.
Sugiro
que para este tipo de novato o mestre prepare uma aventura, mesmo que curta,
com um bom e sustentável plot. Algo que tenha interligações e reviravoltas que
os deixem com o queixo caído. Ou então uma aventura com elementos ligados à uma
raça específica mas cheia de particularidades dentro de um dado cenário.
Em
qualquer um dos casos, para todos os novatos de qualquer interesse e idade, o diferencial
será a simplicidade inicial. Muitos mestre sem experiência confundem
complexidade com qualidade. Quer qualidade? Enriqueça a ambientação. Quer mais
participação e imersão? Simplifique as regras e incentive a descrição dos atos
pelos jogadores. Quer que não percam o interesse depois da primeira aventura?
Seja um bom exemplo de mestre e dê ênfase à diversão. Um bom mestre, ou pelo
menos um mestre que sabe de sua responsabilidade, é o elo principal entre o
novato e o RPG. Ele, em última análise, é que determinará o sucesso dessa
aproximação.