segunda-feira, 19 de maio de 2008

Diário de um Escudeiro - 9

Décimo sexto dia de Cyd de 1392

Estamos na metade do caminho entre Palthar e a fronteira com Yuden. Quanto mais longe estamos do centro de Namalkah menos vilas encontramos, mas com mais patrulhas nos deparamos. Acho incrível como o status de um cavaleiro de Khalmyr é respeitado pela maioria por aqui. As patrulhas sempre nos saúdam e oferecem-se para nos acompanhar, algo que é desnecessário segundo meu senhor. Isso demonstra o enorme respeito que a posição lhes agrega.

Não tenho conversado muito com Sir Constant. Ele me parece meio frio comigo, mas deve ser por não nos conhecermos muito. Pelo que parece ele se sente mais à vontade quando encontra os líderes das vilas ou os oficiais das guardas, com quem nutre alegres conversas.

Como não tenho tido muito com quem conversar fico horas vagando em meus pensamentos. Ainda estou tentando entender o nosso encontro com aquele grupo de aventureiros dias atrás. Nunca soube que houvesse cavaleiros seguidores de Khalmyr tão diferentes. Sempre achei que todos seguissem um mesmo modo de ser – aquilo que chamam de código. Me vem à lembrança, também, o meu encontro com o cavaleiro no Templo em Palthar. As palavras dele ainda me soam nas lembranças, mas não entendi muito bem o que ele tentava me dizer. Seu olhar era semelhante com o do cavaleiro de dias atrás.

Meu avô sempre me contava sobre os feitos e as honrarias prestadas por esses cavaleiros – os das duas ordens de Khalmyr.

Acho que tenho muito a aprender ainda. Tenho muito mais dúvidas do que respostas.

Hoje não estamos ao relento. Vamos dormir em uma taverna, a “Único Caminho”. O nome é bem sugestivo, pois não há nada além dela por muitas léguas. Eu estou na estrebaria já que segundo Sir Constant “- Não podemos confiar nossas montarias e equipamentos à um lugar de baixo calão como este”. Não sei o que há de ruim ou perigoso por aqui. Mas deve ser uma das muitas atribuições que um escudeiro tem. Como passei minha vida toda envolvido com cavalos e com a simplicidade não tenho nenhum problema em dormir sobre o feno. Ele até me lembra um pouco minha casa, matando um pouquinho a saudade que começa a vingar.

A comida é ótima. Uma mocinha – deve ser a filha do taverneiro – me trouxe uma bandeja cheia, entre carnes e batatas. Vou dormir no feno mas comendo como um rei....