e demonstra grande
momento do RPG
A Paizo novamente faz escola.
Um dos carros chefe das linhas da Paizo – Pathfinder e Starfinder – são os
Adventure Paths (trilhas de aventura, no Brasil). Esses APs são campanhas de 6
ou 3 aventuras, centradas em um tema ou local, repleto de material extra para
ajudar na ambientação das sessões. A próxima AP de Pathfinder, que entrará em
pré-venda em julho será Agents of Edgewatch e será composta por seis partes, a
primeira delas sendo Devil at the Dreaming Palace, escrita por James L. Sutter.
Essa AP em questão colocará os
personagens como agentes “policias” na cidade de Absalom enfrentando o crime
durante um festival famoso:
“Prepare-se para exibir seu
crachá e se apresentar para o serviço - o Adventure Path Agents of Edgewatch começa! Nesta
emocionante nova campanha para Pathfinder, os jogadores assumem o papel de
novos recrutas da Edgewatch, a mais nova divisão da vigilância da cidade de
Absalom. Encarregada de combater o crime durante o Festival Radiante deste
ano - um grande encontro centenário de expositores e maravilhas de todo o mundo
que este ano celebra a grande reabertura do traiçoeiro Bairro Precipício de
Absalom, há muito tempo um refúgio de monstros e criminosos. Logo após
assumir a nova tarefa, os detetives descobrem que a feira atraiu não apenas vândalos,
mas também envenenadores, resgatadores e até um serial killer sádico, e cabe
aos Agentes de Edgewatch desvendar o caso e trazê-los vilões à justiça!”
Frente à todos os
acontecimentos recentes principalmente nos EUA e ao momento de movimentação
social o autor mostrou-se preocupado. Ele postou em sua conta pessoal do
Twitter um comentário se desculpando por escolhas realizadas no tema da
aventura, demonstrando total empática com a questão social não só americana,
mas uma realidade em muitos locais do mundo, onde a violência social racista e
o exagero da força exercida pela polícia ultrapassa barreiras.
Ele postou:
Hey folks. I want to apologize for Pathfinder #157: pic.twitter.com/leiWC7wisT— James L. Sutter (@jameslsutter) June 18, 2020
“Percebi que elementos do
Pathfinder #157: Devil no Dreaming Palace podem ser lidos como pró-violência polícia
ou anti-manifestante. Essa não era absolutamente minha intenção, e estou
horrorizado e envergonhado pelo meu lapso de julgamento. Acredito firmemente na
necessidade de uma ampla reforma da polícia e apoio os manifestantes e
organizações que fazem campanha pelo progresso e pela justiça. Peço desculpas
por fazer escolhas prejudiciais da história e tentarei fazer melhor no futuro.
Como não quero lucrar com meus erros, estou doando todo o pagamento que recebi
por escrever a aventura para organizações que trabalham pela reforma da polícia
e pela justiça social e racial.”
Confesso que fico muito feliz
com essa atitude por parte do autor, mostrando um alinhamento com a sociedade à
qual está inserido e com sua total percepção de que RPG, embora um hobby, é um
elemento social e cultura importante dentro da sociedade.
Já faz algum tempo que algumas editoras
de RPG têm tido um olhar mais responsável com relação ao RPG e sua inserção em
um mundo real. Nos acostumamos por muitos anos em ver editoras e criadores sendo
reativos – tomando ações após serem confrontados com problemas/desconfortos em
suas produções. Estamos em tempos novos. As editoras e criadores estão com foco
em sua responsabilidade como membros de uma sociedade e pensando em questões
como essas como um elemento constitutivo de suas produções. É uma evolução e
tanto!
A Paizo já demonstrou sua
preocupação com essas questões ao realizar uma série de alterações em sua
segunda edição, sendo mais inclusivo e trabalhando melhor termos complicados e
dúbios. O posicionamento de um de seus autores mostra que tais mudanças não
foram por acaso, mas sim um reflexo de uma nova e maravilhosa política de
responsabilidade. Que esse exemplo se reproduza!
Bons jogos!