sexta-feira, 19 de junho de 2020

Autor de AP de Pathfinder se desculpa e demonstra grande momento do RPG


Autor de AP de Pathfinder se desculpa
e demonstra grande momento do RPG

A Paizo novamente faz escola. Um dos carros chefe das linhas da Paizo – Pathfinder e Starfinder – são os Adventure Paths (trilhas de aventura, no Brasil). Esses APs são campanhas de 6 ou 3 aventuras, centradas em um tema ou local, repleto de material extra para ajudar na ambientação das sessões. A próxima AP de Pathfinder, que entrará em pré-venda em julho será Agents of Edgewatch e será composta por seis partes, a primeira delas sendo Devil at the Dreaming Palace, escrita por James L. Sutter.

Essa AP em questão colocará os personagens como agentes “policias” na cidade de Absalom enfrentando o crime durante um festival famoso:

Prepare-se para exibir seu crachá e se apresentar para o serviço - o Adventure Path Agents of Edgewatch começa! Nesta emocionante nova campanha para Pathfinder, os jogadores assumem o papel de novos recrutas da Edgewatch, a mais nova divisão da vigilância da cidade de Absalom. Encarregada de combater o crime durante o Festival Radiante deste ano - um grande encontro centenário de expositores e maravilhas de todo o mundo que este ano celebra a grande reabertura do traiçoeiro Bairro Precipício de Absalom, há muito tempo um refúgio de monstros e criminosos. Logo após assumir a nova tarefa, os detetives descobrem que a feira atraiu não apenas vândalos, mas também envenenadores, resgatadores e até um serial killer sádico, e cabe aos Agentes de Edgewatch desvendar o caso e trazê-los vilões à justiça!

Frente à todos os acontecimentos recentes principalmente nos EUA e ao momento de movimentação social o autor mostrou-se preocupado. Ele postou em sua conta pessoal do Twitter um comentário se desculpando por escolhas realizadas no tema da aventura, demonstrando total empática com a questão social não só americana, mas uma realidade em muitos locais do mundo, onde a violência social racista e o exagero da força exercida pela polícia ultrapassa barreiras.

Ele postou:



Percebi que elementos do Pathfinder #157: Devil no Dreaming Palace podem ser lidos como pró-violência polícia ou anti-manifestante. Essa não era absolutamente minha intenção, e estou horrorizado e envergonhado pelo meu lapso de julgamento. Acredito firmemente na necessidade de uma ampla reforma da polícia e apoio os manifestantes e organizações que fazem campanha pelo progresso e pela justiça. Peço desculpas por fazer escolhas prejudiciais da história e tentarei fazer melhor no futuro. Como não quero lucrar com meus erros, estou doando todo o pagamento que recebi por escrever a aventura para organizações que trabalham pela reforma da polícia e pela justiça social e racial.”

Confesso que fico muito feliz com essa atitude por parte do autor, mostrando um alinhamento com a sociedade à qual está inserido e com sua total percepção de que RPG, embora um hobby, é um elemento social e cultura importante dentro da sociedade.

Já faz algum tempo que algumas editoras de RPG têm tido um olhar mais responsável com relação ao RPG e sua inserção em um mundo real. Nos acostumamos por muitos anos em ver editoras e criadores sendo reativos – tomando ações após serem confrontados com problemas/desconfortos em suas produções. Estamos em tempos novos. As editoras e criadores estão com foco em sua responsabilidade como membros de uma sociedade e pensando em questões como essas como um elemento constitutivo de suas produções. É uma evolução e tanto!

A Paizo já demonstrou sua preocupação com essas questões ao realizar uma série de alterações em sua segunda edição, sendo mais inclusivo e trabalhando melhor termos complicados e dúbios. O posicionamento de um de seus autores mostra que tais mudanças não foram por acaso, mas sim um reflexo de uma nova e maravilhosa política de responsabilidade. Que esse exemplo se reproduza!

Bons jogos!