Feiticeiros: fantasia & realidade
Retomando
a série de artigos da Sessão Fantasia
& Realidade vamos abordar hoje os feiticeiros (sorcerer). Quando mencionamos esse termo a primeira noção que
todos têm é confusa. Normalmente confundimos termos como feiticeiro, bruxo,
mago ou mesmo xamã como se fossem sinônimos. Na verdade esta confusão é muito
mais própria da língua portuguesa que os usa como sinônimos, mas vamos
primeiramente diferenciá-los.
Em
termos rápidos, já que abordaremos todos eles nas próximas postagens, há uma
relação direta entre mago, bruxo e feiticeiro. Os magos são estudiosos que
apartir de experimentos próprios, conhecimentos adquiridos, compreensão das
forças da natureza e observação usam o poder da mente para criarem efeitos. Ser
mago é visto quase como uma profissão. Já os bruxos têm seu poder obtido de
grimórios escritos por sacerdotes de deuses ou magos antigos, normalmente não
realizando experiências novas. Esses bruxos adoram seus deuses como forma de
alcançar seus objetivos mágicos. Também é comentado em algumas obras de
ocultismo que outra diferença básica entre esses dois tipos seria que enquanto
os magos estudam a magia dos céus (os arcanos), os bruxos estudariam a magia da
terra (os quatro elementos, os seres vivos e a natureza).
Mas
então, o que seria um feiticeiro? Ao contrário dos magos, que devem seu poder
ao estudo contínuo, os feiticeiros devem seu poder à uma condição inata. Eles
já nascem com a capacidade de empregar sua própria energia na criação de
efeitos. Muito embora o feiticeiro seja um trabalhador empírico, ele não possui
uma base teórica, sendo muito mais intuitivo do que intelectual. Com esses efeitos
ele é capaz de interferir no estado mental, físico, ‘astral’ ou na percepção
que as pessoas têm de uma realidade. Indo mais à fundo, a feitiçaria é uma
condição ou um gênero, podendo ele ser ou não um bruxo. Mas invariavelmente o
feiticeiro é considerado como alguém honesto e que tenta usar seu poder para
ajudar os outros.
O
termo feitceiro, ou aquele que
pratica feitiços, tem sua origem no latim facticius
(“artificial”, “não-natural”) tendo seus primeiros usos remontando o século XV.
Inicialmente seu uso era mais ligado à coisas postiças ou artificiais, como no
caso do termo ‘chave feitiça’ (uma espécie de chave falsa) ou ‘briga feitiça’
(uma briga falsa). Logo depois ele adquiriu a conotação de ‘malefício’, não se
sabe exatamente quando. Falando diretamente sobre a língua portuguesa, quando o
idioma teve contato com as culturas do norte da África o termo transformou-se
em ‘fetixu’. Por incrível que pareça os franceses tiveram contato com o termo
através desses mesmos povos africanos, nos séculos XVIII-XIX e o absorveram
como ‘fétiche’ que significava ‘objeto ao qual se atribui valor sobrenatural’.
Na língua inglesa o significado é referenciado ao termo sorcery, que teria derivado do francês arcaico sorcerie, originado do latin medieval sortiarius (sortis = ‘aquele que influencia o destino e a
fortuna’). Não é à toa que existem tantos significados que se confundem com
palavras totalmente diferentes.
A
feitiçaria seria a prática ou celebração de rituais, orações ou cultos com ou
sem o uso de amuletos/talismãs com a intenção de resultados, favores que
normalmente não são da vontade de terceiros. Pode estar relacionado com o culto
das forças da natureza ou de antepassados e ligado (ou não) à invocações de
espíritos, deuses, gênios ou demônios., além de ser utilizado para adivinhação.