terça-feira, 19 de maio de 2009

Diário de um escudeiro - 23

Segundo dia de Salizz

Nesta manhã, ainda antes do deus Azgher atingir o meio do firmamento, já havíamos atravessado a ponte sobre a nascente esquerda do rio da Fortitude. Nem paramos na pequena vila na margem dele. Não podemos perder tempo algum se quisermos chegar à Norm no prazo para as festividades. Sir Constant continua em silêncio quase todo o tempo. Ele está muito mais taciturno que o normal. Desconfio que as coisas não foram boas nas suas conversas durante o Dia do Duelo. Mas sei que ele não me responderia qualquer indagação neste sentido.

As estradas da parte sul de Yuden são bem menos movimentadas do que a porção norte. É certo que o comércio entre o reino belicista e Namalkah é muito maior do que o comércio com a capital do Reinado. Mas desconfio que há muito mais empecilhos para se vir do sul do que apenas problemas comerciais.

Muitos dizem, e isso eu escutava até nas conversas da taverna em minha pequena cidade, que Deheon e Yuden vivem uma eterna disputa pelo poder. Escutava ainda que isso, mais cedo ou mais tarde, não importam quantos anos, acabará em guerra. Só o tempo me responderá.

Hoje passei boa parte do tempo concentrado em mim mesmo e perdido em meus pensamentos. Mas uma coisa me chamou a atenção depois de algum tempo. Não tenho certeza se é pelo motivo de estarmos no mês dedicado ao grande Khalmyr, mas tive a nítida impressão, mais de uma vez, que o medalhão tentava me dizer algo, dentro da minha cabeça. Era uma sensação estranha e diferente de todas as que já senti desde que o ganhei de meu avô. Também não sei se não é pelo motivo de ter ficado tão incomodado com a conversa com aquele cavaleiro, mas tenho pensado muito no grande deus da justiça e rogado por orientação. E sei que ele nunca abandona aqueles que possuem causas justas e sinceras.

Também pode ser apenas o cansaço. Temos pelo menos mais oito dias de jornada até chegarmos à fronteira entre Yuden e Bielefield.