quinta-feira, 9 de junho de 2016

Chega Só Aventuras Vol 4

Chega Só Aventuras Vol 4


Com a sugestiva chamada “Aventuras que vão do fundo do Oceano até além dos Céus de Arton!” inicia-se o release de Só Aventuras Vol. 4, novo suplemento de Tormenta RPG, lançado recentemente pela Jambô Editora.

Podemos dizer que os livros da série Só Aventuras já são um clássico dentro da linha de livros do cenário de Tormenta, trazendo aquilo que todo rpgista mais quer – a possibilidade de aventurar-se. Sempre com aventuras inéditas, desta vez não será diferentes, trazendo quatro aventuras dentro do cenário lançando os aventureiros em plena Arton.

Nesta edição teremos a participação de Davide di Benedetto, Alvaro Freitas e Bruno Schaltter, além do especialíssimo Rogério Saladino (um dos criadores do cenário). As aventuras são:


Ar Molhado: Quando uma pacata vila litorânea de halflings se vê às voltas com cruéis ataques de monstros, os heróis devem descobrir os segredos submersos da Enseada dos Selakos. Uma incursão submarina que seria impossível para aventureiros iniciantes é contornada graças a um fenômeno mágico dos mares de Arton: o ar molhado. Para personagens de 1º nível.

Casamento Sombrio: Isolados em um templo de Tenebra na fronteira entre Tollon e as Montanhas Uivantes, os heróis devem ajudar os jovens Bryann e Yrene a se casar. Uma tarefa simples, nao fosse Mévio, um clérigo de Tauron e ex-legionário que governa a região. Para personagens do 1º nível.

Entre o Céu e a Terra: Os céus, a fronteira final. A maioria dos artonianos não imagina que existam mundos além dos céus de Arton. Mas os heróis aventureiros estão para descobrir não só que existem outros mundos, como também maneiras de alcançá-los. Para personagens do 7º ao 9º nível.

O Espelho de Karahmir: Os heróis encontram por acaso um grupo de aventureiros da mais alta estirpe. Mas eles estão mortos! Sua missão era recuperar um artefato para um ricaço. Mas o artefato é abençoado por Nimb, e o encontro com os heróis falecidos pode não ter sido tão por acaso assim… Para personagens do 7º ao 9º nível.


São 64 páginas de muita aventura e experiência para seus personagens. O valor varia de R$ 9,90 a versão digital e R$ 29,90 a versão física. 




Contos na Confraria:Fortão, o gato aventureiro de Arton - Capítulo 9

Fortão, o gato aventureiro de Arton


Capítulo 9


Fortão estava de mau humor. Era o sétimo dia de chuva torrencial e constante desde que haviam partido de Valkaria rumo ao norte. Era a direção do primeiro destino desta nova jornada desde que o grupo de aventureiros decidiu resolver o problema de Truilli. Sendo o sétimo dia de chuva era também o sétimo dia que todos estavam ensopados e, como todos, Fortão estava transformado em uma figura deplorável e esquálida como somente os gatos conseguem ficar após molhados. Seu pêlo estava tão molhado que até mesmo seus bigodes estavam pesados e caídos.

Ele ficava imaginando por que os deuses estariam tão incomodados para derramarem aquela chuva toda sobre eles. Ou então se não seriamos maus espíritos do tomo amaldiçoado tentando os impedir de continuar na jornada para destruí-lo. Mas não importava qual a resposta, eles iriam continuar. Ele sabia disso. Depois de tão pouco tempo aula de seus novos amigos, algumas semanas apenas, ele sabia disso. Mais ainda, ele tinha certeza.

Olhando para um lado e depois para o outro Fortão percebia que climas assim, adversos e molhados, deixavam todos mais lentos, quietos e carrancudos. Até mesmo os cavalos estavam andando em uma cadência arrastada que o permitia permanecer despreocupadamente prostrado em sua posição habitual, sobre a mochila de Blander, amarrada no dorso de sua montaria.

Cada um dos aventureiros estava absorto em seus próprios pensamentos e lembranças. Embora não tenham motivos para tristeza ou desânimo, além da chuva, é claro, a missão na qual estavam engajando seria muito perigosa. Os últimos acontecimentos em Valkaria os lançaram em uma aventura justamente quando imaginavam que iriam ter algum tempo para aproveitar os espólios da última catacumba que haviam visitado, em Collen. Mas não se importavam. Na verdade bem no fundo adoravam a sensação de rumo ao desconhecido.

O destino do grupo havia sido determinado por Truilli. Rumavam para Fross, a capital de Callistia, quase na fronteira com Samburdia. Este fora o último lugar que o irmão de Gustav havia tido notícias de Randyra, sua ex-colega de aventuras e habilidosa feiticeira.

Não seria uma ornada simples, tampouco rápida. Os mais de mil e quinhentos quilômetros não seriam vencidos com menos de sessenta dias de marcha constante e acelerada. Eles teriam de atravessar nada menos do que quatro reinos para chegar. Saindo de Deheon teriam de passar por Zakharov, Namalkah e atravessar a própria Callistia, já que Fross ficava em seu extremo norte, bem na junção do Rio dos Deuses com o Rio vermelho. Mas o tempo estava contra eles e não podiam se dar ao luxo de fazer perder tempo atravessando literalmente meio continente. Jornadas tão longas quanto essa guardavam perigos e surpresas proporcionais e a pura aventura não era o foco desta empreitada. Por isso mesmo um plano alternativo seria usado.

Ally já tinha preparado tudo em sua cabeça quando entrou correndo pela porta da taverna Caneco de Bronze quando Dorten arrumava as últimas provisões antes da saída. Ele entrou gritando “Vectora!! Vectora está perto!” e desatou a explicar tudo como uma avalanche. Desde lá estão rumando para o norte.

Desde que a dupla de elfos contou para Fortão sobre a cidade voadora de Vectora que o gato não a tirava do pensamento, mesmo ensopado. Ele simplesmente não conseguia imaginá-la, da mesma forma que não imaginara como era a descomunal estátua de Valkaria, até dias atrás. Desde que se juntara ao grupo em Malpetrim, que ele não parava de se maravilhar com as belezas de Arton e tinha certeza que Vectora seria mais uma dessas agradáveis surpresas.

Usar a cidade comercial de Vectora era a tentativa de encurtar a jornada para menos de um quarto do tempo normal. Ally tinha bem claro o trajeto da cidade já que vivera nela pelo período de três invernos completos, e sabia que uma coisa nunca acontecia – nos mais de cento e vinte anos da cidade, ela nunca se atrasou. Ela até foi acrescentando novas paradas ao longo das décadas, mas nunca atrasou qualquer uma de suas paradas marcadas, e a próxima seria nas Cataratas de Hynn.

Oficialmente não há nenhuma cidade ali para uma parada de Vectora, o motivo eram os anões e a existência não confirmada de uma das entradas para a cidade secreta de Doherimm. Eles invadem a cidade voadora em seus três dias de parada sobre as quedas d’água, prontos para comprar e vender. De qualquer forma o motivo não importava, desde que o grupo chegasse à tempo de entrar nela. E para isso a chuva não estava ajudando em nada.

Quando deixaram a cidade de Valkaria, calcularam sete dias de jornada até as cataratas, coincidindo com o segundo dia de parada de Vectora. Mas com a chuva o atraso era inevitável, e eles já estavam tentando compensar isso desde o terceiro dia de viagem com jornadas diárias mais longas e períodos de descanso, noturnos e diurnos, os mais curtos possíveis. Não só os aventureiros estavam cansados. As montarias também estavam esgotadas e mais de uma vez indagavam Fortão com olhares tristes. Ele apenas tentava acalmá-los, pois sabia que estavam chegando ao seu destino. Sim, Fortão os entendia e eles entendiam a linguagem felina. Quase todos os filhos da deusa Allihanna compartilhavam uma linguagem minimamente comum.

Enfim, no final do oitavo dia, o grupo avistou a impressionante cidade voadora quando atravessaram uma floresta próxima, no topo de uma elevação ao lado das cataratas. Não importa quantas vezes alguém já tenha visto Vectora, sua visão sempre impressionava e Fortão estava literalmente de queixo caído, se é que isto é possível para um gato. Ele prontamente pulou para o ombro de Blander, enquanto começavam a descer a elevação, para ter uma visão melhor.


A cidade voadora de Vectora era como uma enorme montanha virada de cabeça para baixo, com uma cidade depositada em sua base. Era algo verdadeiramente descomunal. Ela estava bem baixa, uns duzentos metros acima do solo apenas, para facilitar o ingresso dos visitantes por meios diversos. Abaixo de sua igualmente enorme sombra um formigueiro de carroças, barracas improvisadas e vai e vem de pessoas, principalmente anões, não parava. Pontos de luz de inúmeras fogueiras começavam a acender no meio daquela comunidade improvisada ao mesmo tempo que outros tantos pontos de luz ia surgindo nas janelas e ruas da cidade voadora. Era uma visão única.

Enquanto desciam a chuva ia transformando-se em uma pequena garoa e mais adiante cessou. Ally disse alegremente que possivelmente era alguma magia de Vectorus. Fortão olhou o elfo de forma indagatória e desconfiada.

“- Ora, meu amigo peludo, quem faz uma montanha de rocha com uma cidade flutuar pode facilmente para a chuva, não pode?” – ele disse com um olhar de soslaio tal qual uma criança arteira.

Era verdade. Acabar com a chuva não seria problema para um dos dois poderosos arquimagos de Arton. Fortão estava percebendo que o mundo era muito maior e com mais surpresas do que sonhava quando ficava sentado sobre seus barris vendo os navios entrarem e saírem do porto de Malpetrim. Perigos e tesouros, deuses e arquimagos, combates e cidades voadoras, tudo era muito mais complexo que sonhara. Mas igualmente muito mais maravilhoso e agora ele estava no meio disso tudo. Não poderia estar mais feliz.

Conforme o grupo se aproximava do aglomerado de carroças e tendas, abaixo de Vectora, aquela descomunal rocha flutuante mostrava-se ainda mais amedrontadora. Mas o povo abaixo dela parecia nem perceber. Mesmo com o sol já tendo se posto, um vai e vem interminável de pessoas, principalmente anões, não parava. Mercados improvisados vendiam de tudo um pouco, mas principalmente armas e produtos artesanais de madeira, especialidades dos anões.

Os cavalos do grupo de aventureiros percorriam os espaços entre as tendas, tal qual vielas, vagarosamente. À frente Ally indicava o caminho. Ele insistia que sabia a melhor e mais barata forma de chegar à cidade voadora.

“- Mas olha só.... quem é vivo ás vezes aparece!” – uma voz feminina forte e cadenciada com um sotaque que poucos teriam condições de definir cortou o silêncio. Todos olharam para a sombra que estava sentada um galho de um antigo e robusto carvalho, menos Ally, que sabia exatamente de quem se tratava.

“- Eu achava que à esta altura alguém já teria tido o prazer de jogá-la lá de cima, Ardora!” – as palavras do elfo vieram sem nem ao menos ele virar o rosto, mas Fortão percebia que ele não estava bravo.

A sombra saltou perto de uma das tantas tochas do local e teve sua silueta revelada. Era uma mulher com alguma idade, mas com olhar extremamente jovem. Os cabelos grisalhos demonstravam que já tinham vivido demasiadas aventuras, mas ela não parecia estar menos em forma por isso. Vestia-se com um uniforme padrão de algum tipo de milícia, mas de um material que o demonstravam ser muito flexível e confortável. O cabelo era longo e trançado até a cintura e se confundia com duas espadas cruzadas em suas costas.

“- Acho que escutei de ti que tão cedo não voltaria a voar nesta cidade que só lhe causava enjôo!” – ela disse rindo – “e foi verdade... quanto tempo faz? Quinze? Vinte anos.”

“- Vinte e dois!” – ele respondeu com um ar melancólico – “o tempo voa quando se vive com a espada em punho. Mas pelo visto a senhorita subiu na vida, não é? Vectorus a promoveu à oficial da guarda?”

“- Agora pode me chamar de capitã Ardora” – ela disse enquanto fazia uma mesura forçada e cômica – “tenho uma reputação para manter!”

A conversa dos dois transcorria enquanto todos os outros apenas assistiam. A existência de Ardora, que aparentava ser importante para Ally, nunca fora mencionada por ele em todos esses anos, algo estranho para um compulsivo tagarela como ele. A presença de todos iria permanecer incógnita se Blander não pigarreasse chamando a atenção dos dois.

“- É verdade.... quase me esqueci” – Ally foi falando enquanto descia de sua montaria habilmente – “faço parte um grupo... trupe.... sei lá o que somos... mas somos amigos ... e estamos em uma missão” – as últimas palavras ele disse em um sussurro matreiro.

Ela passou a observar todos um por um.

“- O guerreiro Blander, os anões são Gustva e seu irmão Truilli, meu irmão de raça Ehllinthel e, por fim, mas não menos gracioso e importante, Fortão.”

Ela foi olhando um por um os membros do grupo conforme Ally ia dizendo seus nomes, mas quando chegou em Fortão ela parou e começou a procurar como se achando que o último estivesse atrás dos cavalos ou oculto.

“- Minha cara, Fortão é nosso mais recente companheiro e sim, ele é um gato, mas um gato muito especial!”

Fortão que estava sentado na garupa da montaria de Blander olhava com olhos de desdém para Ardora como se ofendido, enquanto ela o olhava com uma mescla de curiosidade e espanto. O felino então pulou para o chão e vagarosamente escrutinou a miliciana com todo o cuidado enquanto caminhava ao seu redor ora olhando-a de cima à baixo, ora farejando suas botas. Por fim ele se afastou para perto de Ally e olhando com rosto severo, mas amigável, bufou e miou, dirigindo-se novamente para o cavalo de Blander.

“- Acho que ele perdoou a ofensa” – disse o elfo para Ardora com o cenho marotamente franzido.

“- Arg....” - bufou raivosamente Gustav com as duas mãos tapando o rosto com apreensão – “esse gatos e acha o líder do grupo... juro que vou matá-lo um dia desses e fazer um tambor com seu couro!”

Fortão o olhou com canto de olho com pouco caso que lançou todos em uma divertida gargalhada, contagiando até mesmo Ardora.

“- Bom, minha cara, precisamos subir, pegar uma carona até a próxima parada, descansar um pouco e quem sabe rever alguns bons amigos...” – Ally disse essas palavras se aproximando de Ardora, tocando maliciosamente em sua cintura como que preparando um abraço, ação que foi interrompida com uma rapidez desconcertante que culminou com o elfo deitado de costas no barro.

“- Subir podem, viajar também, descansar idem... mas muito cuidado para não tocarem em nada que lhes cause alguma, como poderia dizer, dor de cabeça ... ou perder um membro! Ou a vida! Ou simplesmente aprenderão a voar da maneira mais fácil que conheço!... Sigam-me!”

A capitã começou a guiar os cavalos do grupo por uma trilha de pessoas em seus afazeres. Cada um dos amigos que passava pelo elfo enlameado, e ainda no chão, lhe dizia alguma piadinha. Nem Fortão deixou de apresentar sua opinião balançando sua cabeça em desaprovação.


o  O  o


Os tramites foram rápidos, principalmente pela presença da capitã, e logo todo o grupo, e suas montarias, estavam na praça de entrada de Vectora. Ardora, por ser uma das oficiais da milícia que cuidava da cidade tinha lá seus privilégios, e um deles era acesso à teletransporte quando necessário. Por isso a chegada de todos foi rápida e sem maiores problemas.

A praça de entrada era o primeiro contato de quase todos com a cidade. Seria algo semelhante à uma alfândega ou posto de fronteira. Ali os recém chegados eram avisados das regras da cidade e tinham acesso à Gilda dos Rangers Urbanos, uma espécie de guias de luxo para ninguém perder seu precioso tempo pelo emaranhado de ruas e vielas da cidade. Já aqueles que estavam se despedindo da cidade tinham a ajuda dos alegres sacerdotes da loja Asas de Dragão, com seus feitiços para levar todos em segurança até o chão. Era uma visão surreal para Fortão quando ele caminhou até a borda da Estação de Ancoragem e vislumbrou o intenso movimento de pessoas descendo e subindo da cidade voadora de todas as formas imagináveis. Alguns chegavam planando no ar, outros em balões dos mais variados tipos, tamanhos e cores, iluminados por suas lanternas que se perdiam na escuridão, deixando o céu ainda mais estrelado. Outro tanto apenas aparecia e desaparecia em pequenas explosões que produziam fumaças de todas as cores.

Fortão não acreditava em tudo o que via e corria alegremente pela beirada, não querendo perder um só momento de tudo o que estava acontecendo. Ardora e Ally se aproximaram dele sem nem ao menos ele perceber a presença de ambos.

“- Isso é o que se pode chamar de pura felicidade!” – disse Ally com um olhar paternal para o felino.

“- Este é o efeito que esta cidade causa em muitos... por quê seria diferente com um gato!”

A agitação de Fortão era tanto que ele acabou se atrapalhando infantilmente com as próprias patas e tropeçou descuidadamente lançando-se para o vazio. Em uma fração de segundo ele simplesmente pensou em como aquela morte seria estúpida e fechou os olhos para não ver a queda até o chão.

Mas nada aconteceu. Ou melhor, quase nada aconteceu. Quando o gato abriu os olhos percebeu que estava pairando suavemente no ar, caindo, é verdade, mas muito lentamente. Ele apenas pensou – “magia”. Mas seu pensamento foi interrompido por um safanão que o trouxe novamente à realidade. De um momento para o outro ele havia saído do suave pairar e alcançado uma grande velocidade rumo aos céus. Quando deu por si estava no colo que uma bela e jovem moça, uma elfa na verdade. Ele não entendia o que estava acontecendo. Ela rodopiou pelo ar enquanto o aconchegava de forma segura nos braços até pousar ao lado de Ardora levantando uma suave poeira do chão. Quando Fortão olhou de novo para ela percebeu algo que nunca imaginara - asas.

“- Mais um resgate bem sucedido, senhora!” – ela disse com jovialidade enquanto soltava o gato no chão – “e muito cuidado da próxima vez amiguinho!”. Tão logo ela terminou de falar lançou-se novamente no ar.

Fortão estava admirado, maravilhado e tantos outros ‘ados’ que pudesse conceber.

“- Você não achou que Vectorus iria deixar que um perigo simples, como cair daqui de cima, acometesse seus visitantes, não é?” – Ardora disse para Fortão, ainda com os olhos arregalados – “toda a cidade é cercada por um campo de levitação. Todos os desavisados ou descuidados que caiam são protegidos com uma queda lenta por algum tempo, tempo o suficiente para que alguém o ajude!”

“- E sim, meu amigo” – disse Ally para Fortão – “aquilo era um elfo com asas... uma linda Elfa-do-Céu. História longa... lhe contarei outro dia!” – ele complementou enquanto se virava para voltar a conversar com Ardora.

Fortão estava maravilhado com tamanho poder. Alguns metros adiante, ainda no Parque de Entrada, estava a famosa estátua de Vectorus. O felino se aproximou olhando-a e pensando como seria um ser com tamanho poder. Quais seriam seus limites e desejos. O que mais estaria por vir nesta jornada que estava apenas começando. Enquanto isso os outros estavam arrumando os cavalos e a bagagem para procurar uma hospedaria descente em meio à risadas e brincadeiras.


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A primeira noite em Vectora, depois de a alcançarem com o auxílio de Ardora, não fora de festa ou agitação. Todos caíram como pedras em suas camas, inclusive Fortão. O caminho para alcançarem a cidade voadora havia sido longo e desgastante e os seus corpos pediam um merecido descanso. A hospedaria Nimbus fora indicada pela capitã que o denominou como verdadeiro refúgio para quem procura tranqüilidade em uma cidade tão agitada. Ele ficava bem no centro do bairro de Numem, à direita da Estrada das Estrelas, via que cortava a cidade de norte à sul. Os três quartos ficavam lado á lado ocupando todo o andar superior do prédio, garantindo ainda mais sossego e privacidade, coisas que o dinheiro podia comprar com facilidade em Vectora. Tão logo se acomodaram em seus cômodos, todos caíram no sono. Inclusive Fortão, que tentou ficar desperto o quanto deu, olhando pela janela o movimento da rua, mas foi vencido pelo o sono e esgotamento.

Na manhã seguinte, logo com os primeiros raios do sol, todos já estavam de pé terminando sua refeição matutina para poderem aproveitar ao máximo a breve estadia na cidade voadora. Eles ficariam na cidade pouco mais de dez dias, o que já seria uma ótima economia no tempo da viagem. Mas para uma cidade com tantos atrativos mesmo todo este tempo seria pouco. Além disso, eles não tinham se esforçado tanto para chegar à Vectora por nada.

A ideai de pegar carona em Vectora tinha duas intenções claras. A primeira, e óbvia, era encurtar o tempo de viagem para uma jornada tão longa, onde a velocidade era um imperativo. A segunda razão era mais estratégica. Eles estavam entrando em uma aventura aparentemente muito maior do que as que eles estavam acostumados. O grupo de Blander sempre fora muito realista de suas possibilidades e sabiam mensurar os perigos frente àquilo que poderiam realizar, e este era um problema realmente grande.  Mas eles não iriam deixar Truilli sozinho com este problema, ainda mais influenciando tanto Gustav e toda a dor que ele enfrentava nesses anos. Por tudo isso Vectora se mostrava uma oportunidade para conseguirem informações que lhes ajudassem. Onde mais poderiam conseguiriam informações úteis sobre magia? A Academia Arcana sempre era uma alternativa, mas sua posição centrada no coração do Reinado e toda a burocracia exigida por Talude, o outro arquimago de Arton e único à rivalizar com Vectorus, a tornava menos interessante que Vectora.

Ao redor da mesa todos pareciam animados enquanto Ally contava sobre algumas peculiaridades de Vectora. As diferenças entre os quatro bairros que formavam a cidade, locais que não poderiam deixar de visitar e locais que deveriam evitar à todo custo, de tudo um pouco. Fortão comia pedaços de peixe seco e escutava animadamente à todos. Ele já havia decidido que desejava visitar algum dos templos espalhados pela cidade, um dedicado á deusa Allihanna. Embora Vectorus houvesse decidido que sua cidade voadora não estaria chancelada por qualquer um dos deuses do Panteão, ele permitiu aos poucos, no correr das décadas, que pequenos templos e algumas capelas dedicadas aos deuses prestassem seus serviços espalhados pela cidade. Fortão queria descobrir que alguém poderia lhe esclarecer do que estava acontecendo com ele com tudo aquilo que ele vivenciava e sentia.

A conversa foi encerrada quando uma animada Ardora entrou pela porta da sala de jantar da estalagem – “Quem está interessando em um tour guiado pela cidade?”. As tigelas e canecos foram esvaziados rapidamente e logo todos estavam alegremente saindo pela porta da Nimbus. A visão de Vectora em plena luz do dia era impressionante embora seu movimento não fosse tão grande assim. A cidade já estava se deslocando para seu próximo destino, o que significava que haviam poucos visitantes por suas ruas. Em momentos assim a maior parte da circulação dentro da cidade era de seus próprios residentes, o que já era uma quantidade considerável de pessoas, e daqueles que estavam ‘pegando uma carona’.

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Perdeu o início da aventura, veja os capítulos:
Capítulo 1 - AQUI
Capítulo 2 - AQUI
Capítulo 3 - AQUI
Capítulo 4 - 
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Capítulo 5 - 
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Capítulo 6 - 
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Capítulo 7 - 
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