Jornada Perigosa: Fragmento 3
“Doutor
Maturin” – o chamado foi seguido de algumas batidas do lado de fora da
porta, antes dela ser aberta suavemente – “o senhor está sendo requisitado
na ponte com urgência!”
A
mensagem era trazida por um garoto de doze anos, trajando roupas típicas dos
mensageiros da frota - Lucien. Um dos três jovens irmãos à bordo do submarino
de terceira classe Nouvel Espoir, chamados carinhosamente de les lièvres devido
à correria que promoviam pela embarcação. Eram os responsáveis por toda a comunicação
interna que não pudesse ser feita pelos tubos de voz, comunicadores ou que
deveriam ser discretas.
“Oh,
céus... diga ao homem que já vou, já vou...” – Stephan Maturin gemeu enquanto
recolhia uma infinidade de pequenas caixinhas de amostras que haviam caído das
prateleiras que ocupavam vários espaços de sua cabine. O chão estava uma
mistura de caixas de madeira, livros de vários tamanhos e grossuras, tubos de
ensaio e folhas manuscritas. Ele ia pegando suas coisas e improvisando uma
organização caótica entre sua cama e a mesa no canto.
“Ele
disse que é urgente, senhor...” – repetiu o garoto constrangido, com medo
de estar sendo desrespeitoso. Mas Stephan Maturin não se importava com essas
formalidades ou qualquer representação de status de patente. Ele só se
importava com suas pesquisas, com a ciência.