AS PARTES DA ESPADA
Normalmente
uma das maiores dificuldades para uma riqueza de narração – seja em contos,
seja em mesas de RPG – é a capacidade de apreender e utilizar a variedade e
especificidade dos termos corretos. Quase sempre os mesmos termos se repetem à
exaustão. Não que isso estrague um jogo ou uma boa história, mas uma linguagem
dinâmica e rica traz muito mais prazer à quem lê ou joga.
Muitas
vezes isso é apenas um vício ou simples desconhecimento do narrador. Temos de
concordar que um jogo como RPG, com tantas possibilidades e diversificações de
temas, é um contratempo frente à uma sociedade (por mais que eu acredite que os
rpgístas fujam um pouco disto) tão carente no hábito da leitura.
Pensando
nisso eu já havia decidido que logo nos primeiros posts deste material de apoio
eu colocaria as partes de uma espada (e que pode ser estendida à maioria das
lâminas ocidentais). Com isso podemos, além de enriquecer o vocabulário básico
sobre as lâminas possibilitando um maior entendimento das futuras matérias,
poderemos também dar suporte de vocábulos para todos os que desejarem se
embrenhar neste tema.
AS PARTES DA ESPADA
Como
já deixei entendido, a nomenclaturas das partes de uma espada (ocidental) varia
em muito se comparada às partes das espadas orientais (que será abordado
futuramente em um segmento especial). Ao mesmo tempo os termos, por serem uma
identificação de localização e posição, podem ser utilizados para ambas. Além
disso, em muitos casos, essa mesma nomenclatura utilizada para espadas pode ser
aplicada à adagas (principalmente as medievais).
Nota: todas as
partes que possuem um equivalente em português estão apresentados com seu termo
em outro idioma entre parênteses. Quando não houver equivalente, será mantido o
termo em outro idioma.
Primeiramente
vamos à designação da espada: arma branca (um objeto que possa ser usado
na defesa e ataque) perfurocortante (que pode perfurar e/ou cortar) com um ou
mais gumes. Ou seja, um objeto usado para combate pessoal para infringir dano
ou aparar ataques contra um oponente por corte ou golpe de ponta. Ela é principalmente
composta por lâmina e empunhadura. A lâmina
é alongada, afiada em uma ou ambas as laterais, afinando em direção à ponta. Essa
lâmina é afixada (na grande maioria das vezes) na empunhadura ou ‘punho’ (hilt),
que possui três seções: proteção da empunhadura (guard); cabo da empunhadura (grip);
e pomo (pommel).
Atrás (back): refere-se ao lado não afiado da
lâmina. A porção da espada que é oposta à beirada afiada da lâmina, também
chamado de lado ‘cego’ da lâmina. Uma espada de duplo fio, com ambos os lados
da lâmina afiados, não possui atrás.
Beirada (edge): o lado afiado de uma lâmina,
usado para cortar, estendendo-se da empunhadura até a ponta. Espadas com duas
beiradas afiadas são referidas como ‘dupla-beirada’ (ou duplo-fio/double-edged).
Cabo [da
empunhadura] (grip): área entre a proteção
da empunhadura e o pomo utilizada para segurar a lâmina e controla-la. É a
parte central do punho envolvendo a porção interna da lâmina (ou tang). Os
materiais exteriores incluem couro, osso, marfim, chifres, madeira, tecido e
placas de metais aplicadas de forma cilíndrica. Outros designes incluem duas
peças de madeira (ou uma de madeira e outra de metal) aplicadas em ambos os
lados da tang como os fundidos nas espadas japonesas (katanas). Modificações e
variações têm sido desenvolvidas baseadas na necessidade de proteção, bem como
conforto e beleza.
Compound-hilt: proteção
elaborada cobrindo parcial ou totalmente a mão que empunha a espada, mais comum
em espadins, floretes e exemplares renascentistas. Pode ser encontrado em
vários formatos: finger-rings, side-rings ou ports, simples anéis circulares perpendiculares
à lâmina; knuckle-bar, proteção lateral paralela à empunhadura; counter-guard ou
back-guard, proteção abobadada cobrindo a porção da mão mais próxima à lâmina.
Existem formas complexas dessas proteções misturando elementos, como no caso de
swep-hilts, ring-hilts, cage-hilts e basket-hilts (em ordem nas imagens abaixo)
Empunhadura ou Punho (hilt): comumente conhecido como ‘empunhadura da espada’ ou ‘punho’.
Composta de três partes: proteção da empunhadura (guard), cabo da empunhadura
(grip) e pomo (pommel).
Forte (strong): terço inferior da lâmina em
direção à empunhadura, onde ela é um pouco mais grossa para dar mais
resistência à lâmina. Muito comum em espadas renascentistas.
Fuller: um
canal central, ou encaixe, cortado na superfície da lâmina designado para
incrementar a força da espada e a flexibilidade da lâmina. Normalmente começa
na empunhadura e estende-se por 2/3 do comprimento da lâmina em um ou ambos os
lados. Embora apenas uma pequena porção do material da lâmina seja removido,
resulta em uma diminuição do peso da lâmina. Ela torna-se mais leve, sem,
comprometer sua integridade estrutural. Variações incluem uma ou múltiplas
linhas paralelas ao corte da lâmina. O Fuller tem sido erroneamente conhecido
como um ‘blood groove’ (sulcos de sangue), ‘blood lines’ (linhas de sangue) ou
‘blood run’ (caminho de sangue) onde achavam que por ali o sangue pudesse ser
canalizado, servindo para não gerar sucção quando a lâmina era puxada de uma
vítima.
Lâmina (blade): parte alongada metálica em
oposição ao punho, frequentemente afiada, estreitando-se no fim, numa ponta
afiada. A lâmina é dividida em três partes: forte,
meio ou médio e tang. As lâminas podem possuir sulcos
chamados de fuller.
Langet: parte
estendida da proteção da empunhadura (em direção à lâmina) normalmente
existente em sabres. Servia para ser uma proteção à mais para mão que empunha a
espada e servia também para aumentar a fixação da espada na bainha.
Pommel Nut ou Lower guard: uma pequena proteção junto
ao pomo para melhorar o balanço da espada e aumentar a área de impacto quando
usando o pomo para ataque. Abaixo tr~es tipos diferentes de pommel nut.
Pomo (pommel): literalmente a parte
traseira da empunhadura da espada. Designada para funcionar como um contrapeso,
de tamanho específico para cada espada, contrabalançar o peso e auxiliando no
manejo da espada. São normalmente mais largos que a empunhadura para auxiliar
também na fixação da lâmina na mão, impedindo que a lâmina escorregue. O
balanço ganho pela espada (graças ao pomo) incrementa as habilidades e
velocidade do usuário em manobrar a espada. Estruturalmente o pomo serve para
ficar-se ao tang, permitindo firmeza à empunhadura.
Ponta (point, tip – ponta da espada): ponta afiada da lâmina da espada, parte
oposta à empunhadura. Desenhos variam entre ponta arredondada, diamante ou
angulada (como nas katanas japonesas) dentre outras variedades. Ela pode ser
usada tanto, mas principalmente para
contar quanto para perfurar. A ponta da espada medieval era chamada de ‘lower
end’.
Proteção da empunhadura ou guarda (guard ou cross guard, hand
guard, upper guard, lower guard ou
quillon): a parte protetora da empunhadura (como um todo) designada para impedir
que a espada do oponente deslizasse pela lâmina atingindo a mão que segura a
espada. Tipicamente localizado entre a lâmina e a empunhadura com o tang
atravessando-o. Alguns dos vários estilos incluem desenhos perpendiculares como
os encontrados nas espadas dos cavaleiros medievais; desenhos com pequenos
cilindros como nas espadas curtas romanas; e desenhos elaborados e enrolados
comuns em espadins. Outros desenhos únicos existem em sabres, floretes e
rapiers.
Ricasso: área da
lâmina, entre a região afiada e a empunhadura que permanece sem fio para criar
uma superfície de contato para alguns dedos ou a mão inteira de quem empunha a
espada. É usado para técnicas de combate onde a mão de quem empunha a espada
vale-se desta zona ‘cega’ para incrementar as movimentações da espada além de
ganhar um maior controle em seu uso. Não é comum em todos os tipos de espadas,
mas em muitas espadas largas, o ricasso é largo bastante para ser agarrado pela
segunda mão.
Tang: parte
interna da lâmina da espada, oposta à ponta afiada, encoberta pela empunhadura. Designada para
funcionar como a fundação de montagem da empunhadura, provém força ao ato de
empunhar a lâmina.