sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

D&D e Magic não terão mais suporte em português. Quais os Impactos?

  
D&D e Magic não terão mais suporte em português. Quais os Impactos?

 
Sem aviso algum, fomos surpreendidos com uma notícia que impactou o RPG no Brasil. A Wizard of the Coast anunciou que não dará mais suporte em português para seus produtos. O que isso significa? Não teremos mais D&D ou Magic: the gathering em português. Após uma grande onda de demissões nas equipes de D&D, no final do ano passado e início deste ano, agora temos um impacto direto na distribuição de produtos em língua portuguesa, com a desculpa de que os produtos no Brasil não acompanharam o crescimento de fora.

Veja abaixo o comunicado (link):
 

Dungeons & Dragons é um jogo global que nos esforçamos para tornar o mais acessível possível ao nosso amplo e variado público. No entanto, também tivemos de enfrentar custos crescentes e mudanças na procura global, mesmo enquanto o D&D continua a crescer.

 

As vendas de produtos em língua portuguesa não acompanharam o aumento dos custos em geral, o que significa que estamos a tomar a difícil decisão de interromper o produto português ainda este ano, após os três livros planeados seguintes:

 

Tesouro dos Dragões de Fizban

Jornadas pela Cidadela Radiante

Dragonlance: Sombra da Rainha Dragão

 

Continuaremos a lançar produtos de D&D em inglês, francês, alemão, italiano, japonês e espanhol. Embora nem todos os produtos estejam disponíveis em todos os idiomas ou ao mesmo tempo, pretendemos nos concentrar nesses seis idiomas.”

 
Como isso impacta no mercado nacional? Ainda pode ser um pouco cedo para analisarmos. Anteriormente ao lançamento de D&D 5e oficialmente no Brasil, por muitos anos cópias traduzidas e diagramadas por fãs foram distribuídas gratuitamente no Brasil. Após um papelão que envolveu uma briga editorial quando da primeira tentativa de lançar D&D 5e no Brasil, a comunidade arregaçou as mangas e trouxe o RPG da WotC por conta própria. Recentemente ele começou a ser distribuído no Brasil pela Galápagos a partir da produção em português diretamente dos EUA. Agora tudo isso foi por terra.

Quem ganha? Creio que todo mundo. Como assim? Inegavelmente D&D 5e é o RPG mais jogado no mundo e isso acaba por de uma forma ou de outra travar o conhecimento ou crescimento de uma infinidade de outros RPG tão bons ou mesmo melhores em terras brasileiras. Um ótimo exemplo disso é Pathfinder 2e, da Paizo, lançado no Brasil de forma exemplar pela editora New Order. Surgido a partir da licença aberta de D&D 3e, Pathfinder cresceu, se desenvolveu, firmou uma enorme base de fãs (lá fora e aqui dentro) e aos poucos criou um rosto para si. Com o lançamento da segunda edição e agora, com o preparo de uma edição remaster, tudo isso só se fortaleceu.

Com essa brecha que surge no mercado nacional, acho que a New Order está com a faca e com o queijo na mão. Se ela tiver um certo sentido de urgência em não perderem o momento, ela pode virar a mesa no Brasil e ganhar um contingente de fãs maior ainda. A New Order tem tudo para isso – material com grande qualidade, contato direto com os fãs, periodicidade de lançamentos, suporte do OSR em português, o apoio da existência da Sociedade Pathfinder (assim como o da Sociedade Starfinder)... são muitos pontos positivos que podem pender a balança dos fãs para seu lado.

Eu sou suspeito de me posicionar, mas Pathfinder 2e é tudo o que muitos acham que D&D é, mas que D&D sustentava apenas na fama. Vamos aguardar e ver quais serão os próximos capítulos.