D&D e Magic não terão mais suporte em português. Quais os
Impactos?
Sem aviso algum,
fomos surpreendidos com uma notícia que impactou o RPG no Brasil. A Wizard of
the Coast anunciou que não dará mais suporte em português para seus produtos. O
que isso significa? Não teremos mais D&D ou Magic: the gathering em
português. Após uma grande onda de demissões nas equipes de D&D, no final
do ano passado e início deste ano, agora temos um impacto direto na
distribuição de produtos em língua portuguesa, com a desculpa de que os
produtos no Brasil não acompanharam o crescimento de fora.
Veja abaixo o
comunicado (link):
“Dungeons
& Dragons é um jogo global que nos esforçamos para tornar o mais acessível
possível ao nosso amplo e variado público. No entanto, também tivemos de
enfrentar custos crescentes e mudanças na procura global, mesmo enquanto o
D&D continua a crescer.
As
vendas de produtos em língua portuguesa não acompanharam o aumento dos custos
em geral, o que significa que estamos a tomar a difícil decisão de interromper
o produto português ainda este ano, após os três livros planeados seguintes:
Tesouro
dos Dragões de Fizban
Jornadas
pela Cidadela Radiante
Dragonlance:
Sombra da Rainha Dragão
Continuaremos
a lançar produtos de D&D em inglês, francês, alemão, italiano, japonês e
espanhol. Embora nem todos os produtos estejam disponíveis em todos os
idiomas ou ao mesmo tempo, pretendemos nos concentrar nesses seis idiomas.”
Como isso impacta
no mercado nacional? Ainda pode ser um pouco cedo para analisarmos.
Anteriormente ao lançamento de D&D 5e oficialmente no Brasil, por muitos
anos cópias traduzidas e diagramadas por fãs foram distribuídas gratuitamente no
Brasil. Após um papelão que envolveu uma briga editorial quando da primeira
tentativa de lançar D&D 5e no Brasil, a comunidade arregaçou as mangas e
trouxe o RPG da WotC por conta própria. Recentemente ele começou a ser distribuído
no Brasil pela Galápagos a partir da produção em português diretamente dos EUA.
Agora tudo isso foi por terra.
Quem ganha? Creio
que todo mundo. Como assim? Inegavelmente D&D 5e é o RPG mais jogado no
mundo e isso acaba por de uma forma ou de outra travar o conhecimento ou
crescimento de uma infinidade de outros RPG tão bons ou mesmo melhores em
terras brasileiras. Um ótimo exemplo disso é Pathfinder 2e, da Paizo, lançado
no Brasil de forma exemplar pela editora New Order. Surgido a partir da licença
aberta de D&D 3e, Pathfinder cresceu, se desenvolveu, firmou uma enorme
base de fãs (lá fora e aqui dentro) e aos poucos criou um rosto para si. Com o
lançamento da segunda edição e agora, com o preparo de uma edição remaster, tudo
isso só se fortaleceu.
Com essa brecha que
surge no mercado nacional, acho que a New Order está com a faca e com o queijo
na mão. Se ela tiver um certo sentido de urgência em não perderem o momento,
ela pode virar a mesa no Brasil e ganhar um contingente de fãs maior ainda. A
New Order tem tudo para isso – material com grande qualidade, contato direto
com os fãs, periodicidade de lançamentos, suporte do OSR em português, o
apoio da existência da Sociedade Pathfinder (assim como o da Sociedade
Starfinder)... são muitos pontos positivos que podem pender a balança dos fãs
para seu lado.
Eu sou suspeito de
me posicionar, mas Pathfinder 2e é tudo o que muitos acham que D&D é, mas
que D&D sustentava apenas na fama. Vamos aguardar e ver quais serão os
próximos capítulos.