sábado, 18 de outubro de 2008

Caçadores de Abutre

Caçadores de Abutre
Capítulo 4
Grupos e Personagens Principais
João Eugênio Córdova Brasil

1. Grupo de Informações


“– Sabia que meu marido pegou pessoalmente um daqueles magos imundos e o entregou à Gregori?” – vangloriava-se uma dona-de-casa à outra às portas do Cotovelo Cerzido.

“- Que sorte à dele.... na certa receberá alguma gratificação do prefeito.”

“- Ele não fez isso por recompensa. Essa corja tem de ser aniquilada antes que corrompa nossas almas. Ferren tem toda a razão. Bendito o dia em que ele abriu nossos olhos. Meu marido disse que primeiro o mago será interrogado em Ith. E depois ele terá o que merece aqui na praça.”

“- Mas ele deve pelo menos ser agraciado com algum tipo de promoção?”

“- Já aconteceu. Ele será o responsável pelo transporte do prisioneiro até Ith. Ele saiu hoje pela manhã, bem cedo. Deve chagar por lá em alguns dias.”

As duas senhoras conversavam animadamente quase às portas da alfaiataria mais famosa da capital de Portsmouth. Tinham de esperar do lado de fora, pois o movimento de clientes, sempre em grande número, obrigava que muitas vezes tivessem de esperar por quase dois quartos de hora antes de serem recebido.

O estabelecimento estava localizado numa das principais vias da capital de Portsmouth. Ficava a duas quadras da praça central e bem próximo de uma área cuja população vivia em condições financeiras relativamente boas. Isso somado à grande qualidade dos serviços prestados pelas costureiras do Cotovelo garantia um quantidade regular de clientes.

A proprietária, Thânara, era aquele tipo de mulher cuja presença sempre era nota onde quer que estivesse. Tinha uma estatura baixa e feições simples, mas enchia o ambiente com sua presença sempre que entrava em qualquer lugar. Era muito ativa, dava atenção à todos os que atravessavam suas portas e sempre tinha um sorriso pronto para distribuir. Todas as cliente a conheciam e sempre que houvesse um grupo de senhoras “conversando”, ela estava no meio.

Ela tinha um filho que morava junto. Seu nome era Arthir. Um menino pequeno e sardento com doze anos que passava o dia sentado nas escadas da entrada. Muitos diziam, brincando, que ele parecia uma alma penada, pois aparecia do nada ao lado dos clientes bisbilhotando suas conversas. Mas deveria ser apenas impressão.
Ou não.

A conversa entre as duas senhoras às portas do Cotovelo Cerzido naquela manhã estava sendo acompanhando com muito cuidado por Arthir. Quem olhasse para o menino não perceberia nada, pois ele mantinha a mesma expressão despreocupada e desinteressada enquanto brincava com alguns gravetos. Mas isso não era de todo verdade. A conversa estava sendo analisada e guardada com o máximo de cuidado pelos ouvidos perspicazes do infante.

Alguns minutos depois ele levantou desleixadamente e ingressou na loja de sua mãe. Logo que ele ingressou seu olhar cruzou com o de sua mãe. Já sabiam o que fazer. Ele entrou mais para o interior da casa e desapareceu num corredor ao fazer uma curva. Logo atrás veio sua mãe sorrindo como sempre e dizendo que iria trazer umas amostras novas de tecidos, desaparecendo ao entrar na mesma curva do corredor.

Agora sem sorrisos nos rostos eles se entreolharam e trocaram poucas palavras.

“- Pegaram mais um ontem.”

“- Levaram para onde, Arth?”

“- Ith. Saíram hoje pela manhã. Devem chegar em cinco dias.”

“- Quantos homens estão indo? Para qual das prisões?”

“- Isso teremos de descobrir, mãe.”

“- Chame os outros. Não temos tempo. Agiremos hoje mesmo.”

O menino recebeu um beijo carinhoso na testa e um sorriso singelo. Depois entrou em seu quarto, pegou sua mochila e se dirigiu para a porta dos fundos.

“- Sabe o que fazer querido. Tome cuidado e peça à todos que estejam aqui na hora do jantar. Te amo.”
Essa era a verdadeira face da família Rhaster. E muitos já deviam suas vidas à eles.

o O o

O sol já havia deitado-se no horizonte à algum tempo. Tudo estava mais calmo no Cotovelo Cerzido. As escadas estavam vazias. As portas estavam fechadas assim como as janelas. Apenas uma luz fraca atravessava as frestas pela casa denunciando que havia pessoas lá. Era uma casa normal como tantas outras em Milothiann.
Duas batidas secas na porta dos fundos.

Thânara abriu a porta calmamente e aos poucos a luz trêmula das velas dispostas pelo ambiente iluminou a recém-chegada. Era uma moça linda, não fosse pelo semblante de poucos amigos. Ela tinha aquela expressão de que estava sempre sentido algum cheiro desagradável.

“- Marla querida, que bom que chegou cedo eu....” – começou dizendo Thânara que foi logo interrompida pela moça que ingressou de forma rápida na cozinha batendo os pés.

“- Espero que pelo menos dessa vez não seja uma pista falsa, estou louca para quebrar umas cabeças” – e jogou sua espada num canto enquanto puxava um pesada cadeira de madeira e atirava-se sentada – “quem já chegou?”

“- Por enquanto apenas nós e Stu.”

“- Eu já cheguei e estou preparando o jantar” – da porta lateral saiu uma figura pequena e suja de farinha dos pés à cabeça. Sturky usava um avental branco que deixava sua pele verde-cinzenta ainda mais evidente – “olá ‘m-a-d-a-m-e’, como tem andado?” – curvando-se à frente da guerreira carrancuda marcando com ênfase cada letra com um olhar de quem sabe que está fazendo uma travessura.

“- Nossa...cada vez que te vejo não sei se está mais baixo ou mais feio” – disse Marla com semblante ainda menos amistoso – “ e onde está aquele meio-elfo metido à Talude e, como sempre, atrasado?”

“- Estou bem atrás de você...” - o som grave da voz de Allianthalas surpreendeu à todos. Ele estava sentado calmamente inclinando sua cadeira de encontro à parede com os braços cruzados por sobre o peito. Essas chegadas surpreendentes eram típicas dele. Era como se aparecesse do nada onde bem quisesse.

“- A quanto tempo está aí?” – inqueriu o pequeno Sturky.

“- Tempo suficiente..... vamos começar de uma vez. Estou com fome".
o O o

Cerca de uma hora havia passado e pratos vazios estavam à frente de cada um deles. Parecia que ninguém estava disposto à se demorar mais. “Aquele” assunto deveria ser discutido.

Arthir pegou sua mochila que estava pendurada nas costas de sua cadeira e puxou uma pequena caderneta - “o mago foi capturado ontem logo que atravessou a fronteira, vindo de Wynnla. Pelo que disse aos guardas estava procurando a irmã que não dava notícias à mais de um ano. Foi levado esta manhã para Ith onde será interrogado da forma que eles sabem fazer melhor do que ninguém e com toda a certeza será executado logo depois num enforcamento.”

Todos ouviam com atenção. Não parecia uma criança falando. E eles, com toda a certeza não o viam como tal. O enxergavam como um companheiro. Continuou: “Pelo que consegui descobrir com meus amigos lá na Feira o boato que corre é que querem executar o infeliz no aniversário do prefeito de Ith daqui a duas semanas. O próprio Ferren estará por lá para a ‘festa’. Quanto a hoje nada poderia ser melhor. Os soldados receberam seu soldo e estarão loucos para gastá-lo nas tavernas da cidade com bebidas e mulheres. Então teremos força mínima nas casas da guarda e no escritório do chefe da guarda”.

Ele parou de falar ostentando aquela fisionomia de dever cumprido.

“- Faremos como de costume. Rápidos, limpos e precisos... escutou bem Marla?” – foi dizendo Thânara virando-se para a guerreira que impressionantemente estava com o rosto rubro.

“- Não tenho culpa se aquele guarda infeliz me confundiu com uma prostituta e resolveu apalpar meu traseiro. Mas garanto que ele não sentiu nada. Foi uma morte indolor...pelo menos para mim...hahahahaahah!!!” – e todos caíram na risada.

o O o

Já haviam feito isto centenas de vezes. Muitos de seus companheiros de ideal diziam que eram graças à eles que ainda estavam vivos, inteiros ou se divertindo. Um dos pressupostos básicos da sobrevivência nesses dias de hoje é a informação. E eles sabiam muito bem como conseguir isto.

Era uma noite sem lua. Nada poderia ser melhor do que isso. As sombras eram mais densas. Os becos mais sombrios. As ruas mais vazias.

Todas as tavernas, em contrapartida, estavam abarrotadas. Os milicianos de Asloth haviam invadido cada taverna da cidade. Desde o início das animosidades entre Portsmouth e Bielefield que Asloth mantinha um considerável contingente de mercenários sob suas ordens. E como de costume, no dia em que recebiam seu soldo por serviços prestados, corriam para fazer a felicidade dos comerciantes e cafetões da cidade. E hoje era este dia.

“Hoje será mais fácil do que nunca” – pensou Thânara sentada sobre um telhado observando um horizonte de chaminés fumegantes. Sua presença era imperceptível. Estava toda vestida de preto. Ao seu lado o velho Stu, igualmente vestido de negro, verificava cada uma de suas adagas e recolocava em seu cinto.

De onde estavam podiam ver com clareza duas Casas da Guarda, uma em direção à praça central e outra ao lado do castelo. Está segunda é que lhes interessava. Nela ficava o responsável em comandar as demais Casas da Guarda – Capitão Gregori. Toda informação sigilosa passava por ele e era aplicada. Se um novo mago fora encontrado lá teriam a resposta.

O trabalho deles era simples e organizado.

Arthir já havia realizado sua tarefa. Bisbilhotar, ouvir e conseguir informações nas ruas. Quem desconfiaria de uma criança?

Marla era o apoio armado do grupo. Sua capacidade de esconder-se e sutileza em se mover traria inveja à muitos dos membros das famosas guildas de ladrões de Gorendil. Claro que sua irritabilidade quase sempre lhe trazia problemas, mas ela dava conta de todos eles.

Allianthalas usava sua feitiçaria para tornar os ambientes mais sóbrios e os oponentes mais míopes. Isso diminuía em muito a capacidade de oposição. Além de que todos sabem que um manipulador de sortilégios é uma benção em qualquer grupo.

Para Thânara e Sturky restava o resto do trabalho. Entrarem sorrateiramente e sair desapercebidos com o que queriam – informação.


o O o

Chegar ao telhado desejado de forma silenciosa foi fácil para aquela dupla. Não só pela estatura pequena que tinham, mas pela incrível capacidade de moverem-se silenciosamente. Ao mesmo tempo sentiam-se seguros. Sabiam que bem próximo seus companheiros estariam velando por sua segurança.

Vagarosamente a proximidade da casa da guarda que pretendiam invadir era coberta por uma fina neblina. Uma fina camada que dificultava a visibilidade de forma sutil. Era a prova de que Allianthalas começara a agir. Era o suficiente para esconder os passos dos invasores.

A Casa da Guarda do Capitão Gregori não diferia das outras. Eram construções padronizadas. Todas eram sobrados de alvenaria com uma pintura cinza-escuro. Seus telhados eram quase retos com um leve inclinado para um dos lados. Numa das extremidades havia normalmente uma boca de chaminé que levava diretamente ao quarto do Capitão – no pavimento mais alto – e ao seu escritório.

Tinham de ser rápidos. A neblina servia para que os guardas no muro do castelo de Asloth, que ficava ao lado da casa da guarda, tivessem sua visão prejudicada. Mas aquele “fenômeno” deveria durar pouco tempo para não levantar suspeitas.

No que chegaram ao telhado, encobertos pela névoa úmida, cada um tomou sua posição. Stu partiu para a chaminé verificando se ela estava apagada e logo meteu-se no buraco desaparecendo pouco depois num vão quase impossível. Thânara correu para os fundos da casa e dependurou-se nas calhas que costeavam o telhado pulando com extrema precisão no parapeito de uma das janelas.

Stu chegou ao quarto de Gregori saindo silenciosamente pela abertura da lareira. As brasas ainda estavam fumegantes, mas o calor era suportável. O quarto ricamente decorado com tapeçarias e tapetes estava escurecido. Apenas uma vela acessa criava sombras distorcidas pelas paredes. O único som que quebrava o silêncio da noite era o ronco estrondoso do Capitão que dormia ao lado de duas mulheres, todos semi-nus e literalmente jogados sobre a cama. O ar estava impregnado com um forte odor de vinho. Como todos os outros membros da guarda de Asloth o Capitão também havia recebido seu soldo e não poupou despesas para se divertir naquela noite.

Eles já haviam feito isto outras vezes. Tantas que já era quase mecânico. Entravam sorrateiramente, pegavam as chaves de Gregori no bolso esquerdo de sua casaca, abriam a gaveta direita de sua mesa, pegavam o que queriam e recolocavam a chave no lugar. Stu estava tranqüilo e seguro do que fazer.

Já estava com o molho de chaves na mão quando percebeu um movimento na cama. “Estava tranqüilo demais....” Uma das moças acordara, ou pelo menos estava tentando acordar. Ele teve apenas tempo de se jogar embaixo da cama.

Ele ficou olhando pela fresta entre o chão e o cobertor o que a meretriz estava fazendo. Ele acompanhou seus passos nus para lá e para cá dentro do quarto. De repente ela se demorou num dos cantos do aposento. Ele, curioso como só um goblin sabe ser, não se conteve e esticando o pescoço espiou. A pele muito branca mostrava um corpo nu. Para ele isso fazia pouca diferença, pois particularmente achava o corpo humano muito pouco atrativo. Mas algo lhe chamou a atenção.

A moça vasculhava todos os bolsos das roupas do capitão passando depois para as gavetas da penteadeira. Ela juntou algumas moedas e algo que parecia uma jóia presa em um cordão de ouro. Depois vestiu-se silenciosamente e saiu pela porta levando suas botas na mão.

“Este sujeito não tem sorte mesmo...” pensou Stu tentando segurar o riso. Ele saiu debaixo da cama e moveu-se em direção à porta do quarto encostando a cabeça para ver se escutava algo. Girou a maçaneta e, por uma fresta, trespassou o arco saindo em um corredor escuro.

“- Você deve estar ficando velho. Demorou muito!” – denunciou Thânara risonha – “o que aquela moça estava fazendo?”

“- Ela estava apenas trabalhando minha cara. Era quase uma colega nossa” – disse Stu esticando a mão e mostrando a chave.

Thânara pegou-a. Antes disso ela já havia vasculhado os corredores e verificado se estavam seguros. Todas as velas e lampiões foram providencialmente apagados por ela. A casa estava vazia.

Desceram as escadas rapidamente e adentraram no escritório de Gregori. Vasculhando a gaveta Thânara achou as ordens confirmando o destino do capturado e o exato lugar onde estaria preso. Ela adora a organização burocrática que Asloth impunha aos seus subalternos.

Tudo já havia sido arrumado e só restava colocar a chave no lugar. Quando estavam subindo as escadas ouviram um barulho suspeito. Era a segunda moça. Ela estava vestida, mas descalça. Thânara e Stu se entreolharam com o riso contido. Gregori seria surrupiado pela segunda vez naquela noite. À exemplo da primeira ela estava procurando algo que pudesse engordar os ganhos da noite. Mas como a primeira moça já havia limpado o dinheiro de capitão ela teria de procurar alguma outra coisa.

A prostituta estava tentando abrir uma porta trancada sem fazer muito barulho na esperança de achar alguma riqueza. Thânara e Stu estavam se divertindo vendo a cena. A moça puxava e empurrava a porta até que ouviram um forte estalo. A porta abriu de sobressalto deixando cair uma enormidade de objetos. Ela havia aberto um depósito de quinquilharias que caiam fazendo uma confusão de sons metálicos que poderiam acordar um batalhão.

A diversão transformou-se em perigo e os dois membros dos Caçadores sabiam que tinham de sair naquele momento dali. Do quarto de Gregori gritos começaram a ser proferidos - “Guardas... Guardas... Ladrão!!!”
A noite estava ganhando a emoção que eles dispensavam. Sons começaram a ser ouvidos do andar inferior da casa. No primeiro andar ficava os dormitórios de muitos guardas, e mesmo num dia de pagamento nem todos estavam festejando. Só restava a janela.

Eles correram pelo corredor escuro pulando por sobre a infeliz moça estatelada no chão. A janela ficava à frente da porta do quarto de Gregori. Quando chegaram à janela a porta do quarto abriu e, saindo de dentro do quarto, surgiu a figura mais cômica que poderiam imaginar. Gregori estava enrolado em um lençol que mais atrapalhava sua movimentação do que escondia suas vergonhas. Com o cabelo desgrenhado e as bochechas rubras pela bebida segurando uma espada pela ponta, totalmente bêbado.

Gregori saiu cambaleando em direção à meretriz sem perceber as duas figuras naturalmente encobertas pelas sombras. Ele tentava correr, mas foi derrubado pelo próprio lençol sobre a moça que estava começando a se desvencilhar dos objetos que haviam saído do armário.

Passos começavam a ser ouvidos pela escada. Os primeiros guardas chegavam àquela confusão.
Stu correu para dentro do quarto mostrando a chave para Thânara tentando lhe dizer que iria colocar o objeto no lugar. Ela, por sua vez, abriu a janela e jogou-se com maestria para fora segurando-se pelo parapeito.
Stu, ao entrar no aposento, correu na direção das roupas de Gregori que estavam no chão e depositou a chave num dos bolsos. Em seguida jogou-se para dentro da lareira e escorregou para o piso inferior.

Thânara, segurando-se no parapeito, soltou seu corpo caindo seguramente no meio da escuridão. Mas com toda a confusão armada nenhum lugar era totalmente seguro. Logo que tocou o chão sentiu seu pescoço ser entrelaçado por um musculoso braço - “- Haha, e agora o que pretende fazer ladrãozinho?”. A surpresa e a força desorientaram Thânara que quase desfaleceu ante a força aplicada sobre sua garganta. Ela sabia que tinha apenas alguns momentos antes que toda a guarda da cidade estivesse aqui, mas não tinha forças para reagir.

“- Covarde!!!” – Marla jogou-se sobre o guarda derrubando ele e Thânara. Ao levantar-se o agressor ficou surpreso em ver que seu oponente era uma mulher. Mas a hesitação de alguns instantes foi o suficiente para ela. Marla com grande facilidade atingiu-lhe o queixo com um pontapé certeiro jogando-o contra a parede da casa. Ele bateu de costas e quando, pela força do impacto, avançou novamente encontro a lâmina de uma espada que atravessou-lhe o ventre.

“- Vamos Thânara, rápido!” – Thânara estava começando a recobrar a respiração normal mas estava ciente de toda a urgência nas palavras de Marla.

“- Stu está lá dentro ainda!”

“- Allianthalas foi ajuda-lo”.

Realmente Stu estava lá dentro ainda. Ele permanecia oculto dentro da lareira do escritório. Sua única chance seria chegar à porta dos fundos. Calculando que a maioria das atenções estavam concentradas no segundo andar ele tomou coragem e esgueirou-se da abertura da lareira rapidamente em direção à porta que fazia divisa com o aposento dos fundos da casa.

Quando atingiu a porta e estava prestes a abri-la sentiu um zunido passar rapidamente por sua cabeça quase acertando-o. Era uma seta atirada de um besta que estava agora presa à porta. Quando virou-se viu que um guarda estava pronto para jogar mais um projétil. Ele sabia que não teria tempo de uma reação.

Com um solavanco a porta, à suas costas, abriu repentinamente. Um enorme clarão surgiu numa explosão luminosa sem som algum. Era a distração que proporcionou os instantes que Stu precisava.

Tudo aconteceu muito rápido. Fora uma fração de segundos. Stu jogou-se para fora da linha de tiro do guarda arremessando duas pequenas lâminas que pegara em seu sinto. Ao mesmo tempo o guarda conseguiu atirar uma nova seta, mas que passou sem atingir o pequeno goblin. Logo depois o corpo do soldado estava estirado no chão com as duas lâminas cravadas em seu pescoço.

O goblin levantou-se rapidamente e correu para a porta para agradecer à Allianthalas pela distração. Mas a seta do guarda havia encontrado um outro alvo. Allianthalas estava sentado no chão com a seta cravada em seu ombro. O semblante do elfo era de muita dor.

“- Vamos lá orelha pontuda, temos de sair daqui e eu não posso te carregar” – mesmo sendo um goblin Stu aprendera a respeitar seus companheiros e não iria deixar nenhum deles para trás.

“- O que aconteceu?” – Marla e Thânara dobravam a lateral da casa e chegavam onde os dois estavam.

“- Alli, precisamos de uma distração para escaparmos e tirar você daqui, AGORA!”.

Allianthalas franziu a testa tentando esquecer a dor. Fechou os olhos e gesticulo proferindo algumas palavras quase inaudíveis.

Conseguiram a distração. A neblina estava mais densa agora e engolia mais de uma quadra ao redor deles. Ela engoliu à todos e com ela desapareceram definitivamente.



o O o

Pela manhã, logo após amanhecer, Arthir já estava à caminho de uma certa taverna levando na memória ordens específicas para serem dadas à um outro grupo de Caçadores.

O papel do grupo de Thânara estava realizado. As informações estavam agora correndo contra o tempo para tentar salvar mais uma alma desafortunada. Mesmo com toda a confusão daquela noite e dos ferimentos de Allianthalas eles iriam lembrar e rir daquela situação por meses.

O que mais os divertia foi que a notícia que correu a cidade nos dias posteriores dava conta de que a capital fora invadida por uma guilda de ladrões que usavam prostitutas entre seus membros.
(continua na parte 2)

______ o O o ______




“Onde menos se espera é onde a informação está!”.
- Arthir Rhaster – filho de Thânara e mais silencioso que uma sombra.

Este é um grupo cujo nome já diz tudo - obtenção de informações. A função básica é angariar informações secretas e importantes para Ferren – tais como próximos locais de investida do regente, objetos desejados por ele por alguma razão, suas intenções frente aos Paladinos de Khalmyr, prisões etc. Toda a informação é relevante. Embora os membros que atuem neste grupo sejam de classes das mais diferentes possíveis, normalmente todos possuem algum elemento importante relacionado ao mundo dos ladinos (as perícias Esconder-se, Furtividade e Disfarce são elementos quase que indispensáveis para fazer parte deste grupo) ou uma característica que seja importante para sua função.

Sua líder, Thânara Rhaster, ladina de muita experiência e grande aptidão, orienta esta ramificação e seus membros – inclusive seu filho de doze anos, Arthir – para a obtenção de toda informação possível. Com ela e seu filho estão o goblin Sturky, que com um vasto conhecimento da cidade consegue achar uma agulha em um palheiro (sem redutor algum!). Desde que teve sua vida salva por um mago, que se entregou à milícia de Portsmouth para salva-lo, Sturky integra o grupo com uma noção de justiça poucas vezes encontrada em sua raça. Há também Marla Dylmoore, uma guerreira de pouca paciência, mas com uma grande habilidade em esgueirar-se pelas sombras. Fechando o grupo há Allianthalas, um feiticeiro meio-elfo.

Seguem o lema de entrar e sair dos lugares sem que percebem que estiveram ali. Até para não levantarem suspeitas tentam não tirar a vida de ninguém sem necessidade extrema.

Sua sede é no interior do Cotovelo Cerzido, uma alfaiataria de renome que pertence à Thânara e que está localizada bem no centro da capital de Portsmouth. Nela, e em seus subterrâneos todas as estratégias são preparadas. Também serve como local alternativo para reuniões dos líderes dos quatro grupos dos Caçadores.
Novos membros são aceitos muito raramente, pois Thânara tem a opinião de que quanto menos pessoas tiverem acesso à suas ações melhor. Mas quando necessitam de um membro novo para atuar em outra cidade – sabe-se que possuem apenas outros oito membros secundários – investigam à exaustão sua vida e aplicam-lhe testes dos mais variados. Os aspirantes devem ter perícias ligadas à vida ladina em bons níveis para levantar algum interesse de Thânara. Esses membros investigados, normalmente, nem imaginam que estão sendo cogitados para integrar os Caçadores. O que Thânara procura são pessoas cuja índole e modo de vida encaixem-se com os preceitos do grupo.

A líder

D20
Thânara Rhaster: Humana Ladina 13; CB; DVs 13d6+10; PVs 79; Inic +10; Desloc 9m; CA 19 (10 + 6 Des + 3 Acolchoada); Agarrar 11, Toque 16; BBA +9/+4; Surpresa +13; Ataques: +18 corpo-a-corpo (adaga do retorno, 1d4+5 19-20/x2) e a outra +17 (+19 contra humanos) corpo-a-corpo (adaga anti-criatura, 1d4+4 - 1d4+6 +2d6 contra humanos - 19-20/x2); Fort +5, Refl +16, Vont +7; For 14 (+2), Des 22 (+6), Com 12 (+1), Int 17 (+3), Sab 16 (+3), Car 16 (+3). Perícias: Furtividade + 23, Blefar +18, Arte da Fuga +31, Disfarce +20, Esconder-se +37, Obter Informação +21, Procurar +18, Conhecimento Local +16, Observar +17, Ouvir +14, Prestidigitação +19, Diplomacia +17, Falsificação +15, Escalar +12, Identificar Magia +8; Perícias com Maestria em Perícia (efeito especial ladino 10º nível) Furtividade, Blefar e Esconder-se, Identificar Magia, Ouvir e Observar, idioma Valkar. Talentos: Reflexos Rápidos, Acuidade em armas, Foco em arma (adaga), Saque rápido, Iniciativa Aprimorada, Sorrateiro. Talento regional: Faro para Magos [Portsmouth]. Especiais: Ataque furtivo +7d6, Encontrar armadilhas, Evasão, Sentir armadilha +4, Esquiva sobrenatural aprimorada, Habilidade especial: Maestria em perícia em Furtividade, Blefar e Esconder-se, Habilidade especial: Amortecer impacto.
Equipamento: Adaga do retorno +3 e adaga anti-criatura (humanos) +2, Anel da Invisibilidade, Anel Poder do Camaleão, Armadura leve acolchoada +3 sombra (+5 Esconder-se) Slick (+10 Arte da Fuga).

3D&T
F1 H5 R2 A1 Pdf3 Pvs:8 Pms:10 Aparência inofensiva, Crime C.H dos Heróis, Devoção (Derrotar O velho Abutre) Protegido indefeso (Seu filho) Equipamentos: Arma especial, Adaga do Retorno

O Grupo:
Marla Dylmoore – D20: Humana guerreira 7/ladina 3; CB.
Allianthalas - D20: Meio-elfo feiticeiro 10; CB.
Sturky - D20: Goblin ladino 4/ranger urbano 8; N.
Arthir Rhaster - D20: Humano ladino 5; CB.