quinta-feira, 19 de junho de 2008

Arquivo de Fichas - Mutantes e Malfeitores

FERA (Henry MaCoy)

Nível de Poder: 10

FOR 19 (+4) DES 22 (+6) CON 18 (+4) INT 24 (+7) SAB 16 (+3) CAR 14 (+2)

Resistência 10, Fortitude 9, Reflexo12, Vontade 6

Ataque 12 - Dano +7 [desarmado] , Defesa 15, Esquiva 7, Iniciativa 6.
Movimento 9m. - Tamanho: normal.

PERÍCIAS: Acrobacia (des) +11, Arte da fuga (des) +8, Blefar (car) +10, Computadores (int) +15, Conhecimento - Genética (int) +12, Conhecimento - Arcano (int) +8, Conhecimento - Arte (int) +10, Conhecimento - Ciências biológicas (int) +13, Conhecimento - Ciências físicas (int) +13, Conhecimento - Ciências da terra (int) +11, Conhecimento - Educação cívica (int) +9, Conhecimento - História: (int) +8, Conhecimento - Filosofia (int): +10, Conhecimento - Tática (int) +8, Conhecimento - Tecnologia (int) +12, Conhecimento - Tecnologia alienígena (int) +8, Desarmar dispositivo (int) +10, Diplomacia (car) +9, Escalar (des) +10, Furtividade (des) +8, Idiomas +10 [sete principais línguas do mundo, latim, grego e shiar], Intuir intenção (sab) +6, Medicina (sab) +10, Notar (sab) +6, Ofício - Eletrônica (int) +11, Ofício - Engenharia (int) +8, Ofício - Química (int) +9, Performance (car) [oratória] +6, Pilotar (des) +7, Procurar (int) +8, Profissão - geniticista (sab) +10, Sobrevivência (sab) +6.

FEITOS: Ambidestria, Ação em movimento, Agarrar aprimorado, Ataque furtivo 2, Avaliação, Contatos, De pé, Esquiva fabulosa 2, Evasão 2, Ferramentas improvisadas, Foco em ataque 3 [corpo-a-corpo], Interpor-se, Inventor, Memória eidética, Plano genial, Trabalho em equipe 3.

PODERES: Salto 1, Fortalecer [destreza] 5, Compreender [idioma] 2, Golpe [pujnate] 3, Super-movimento 1 [balançar-se].

Pontos: 150
53 (habilidades) + 20 (salvamentos) + 12 (defesa) + 31 (perícias) + 23 (feitos) + 12 (poderes).

Diário de um Escudeiro - 12

Décimo nono dia de Cyd de 1392.

O dia começou cedo para mim hoje. Não estava disposto a perder um momento que fosse. Comi os pães que guardara de ontem e sai para conhecer a cidade.

Levei meus tibares – um de prata e onze de cobre - que havia trazido comigo desde que saí de casa. Era quase uma fortuna. Uma das moedas de cobre eu havia economizado por quase dois anos. As outras eu recebi de minha mãe e de outros familiares que estavam com medo de que eu precisasse. A moeda de prata foi presente de meu avô.

Corri para a praça central para não perder tempo. Quando temos mais calma conseguimos perceber melhor pequenos detalhes que nos escapam à primeira vista. Ao mesmo tempo que está cidade é um grande centro comercial fronteiriço, também possuía um enorme número de pessoas à margem de sua riqueza.
Por entre o mar de pessoas que iam chegando àquela feira, circulavam um considerável número de velhos e crianças pedintes, sujos e maltrapilhos.

Muitos guardas também circulavam – a pé ou à cavalo – tentando localizar velhacos aproveitadores e de mãos leves. Não foi incomum ver algumas perseguições por entre as barracas criando muito alarido.

Ao meu tempo fui vasculhando barraca por barraca para tentar encontrar algo que me agradasse. Posso não ser muito experiente, mas conseguia perceber que muitos dos vendedores estavam muito mais interessados em vender gato por lebre do que qualquer outra coisa. Os conselhos de meu avô foram bem úteis. Ele sempre me dizia “- Nunca se esqueça disso. Existem três pessoas em que não podemos confiar: um seguidor de Sszzaas, se é que ainda existe algum por aí; um sacerdote de Hyninn; e um mercador”. Então cuidei muito para não ser passado para trás.

Em seguida encontrei a barraca de um anão muito sorridente e alegre. Ele vendia armas de corte de todos os tipos. Haviam espadas e adagas penduradas por todos os lados. O anão vestia uma túnica marrom pesada de veludo e tinham as bochechas muito vermelhas. Mesmo naquela hora da manhã ele já tinha um enorme caneco de vinho em sua mão e uma grande garrafa já quase vazia sobre o balcão. Depois de me perguntar o que fazia da vida e de eu lhe contar que era um escudeiro ele me disse que tinha algo especial para mim. Ele vasculhou um baú, no fundo de sua barraca, por algum tempo até soltar um urro de vitória – “- Ahá.... sabia que estava escondido em algum lugar!!!” – e levantando um objeto que estava enrolado em um pedaço de pano velho.
“- Meu jovem é disto que precisa...” – dizia enquanto desenrolava o objeto – “pode parecer simples mas só precisa de uma bela polida e amolada que estará como nova”.

Era uma adaga que mesmo envelhecida ainda trazia uma beleza que mostrava que já fora um artefato nobre. Tinha pelo menos vinte e cinco centímetros de uma lâmina não muito larga. Por toda a extensão dos dois lados do metal tinha desenhado, em relevo, um ramo que seguia de ponta à ponta representando uma trepadeira. O cabo era de madeira de cor negra. Se é possível dizer isto obre um objeto, foi amor à primeira vista. Ela tinha, ainda, uma bainha de couro marrom que adaptava-se perfeitamente na cintura ou no ante-braço.

Segundo o anão era uma pechincha - apenas oito tibares de cobre. Não pensei no valor e comprei minha primeira adaga. Sei que pode parecer um absurdo pelo preço, mas era a primeira coisa que eu realmente comprei para mim e isto me deixou muito feliz.

Depois disso, até a metade do dia, eu comprei todos os itens da lista de Sir Constant e levei para o Casarão para guarda-los e almoçar. Logo depois de arrumar tudo retornei para o centro da cidade.

Meu alvo agora era saber se havia algum templo de Khalmyr por aqui para visitar. E depois de meia tarde procurando me foi indicado. Era um prédio de arquitetura limpa e austera. Um cadete postava-se à frente do portão controlando quem entrava e saia do templo. Quando me aproximei o medalhão começou a queimar no peito. Desde aquele dia, em Palthar, ele não havia mais dado sinal de vida.

O templo estava quase vazio. Passei alguns momentos orando, como meu avô sempre me ensinara, e saí como que com a alma renovada.Vovô sempre dizia que quando saia de um templo de Khalmyr sentia-se como depois de um belo banho quente. Agora eu sei o que ele queria dizer.

Quando cheguei à rua novamente me deparei com o mesmo cavaleiro de Khalmyr que encontrara ontem na estrada. Ele estava sentado em uns tocos de madeira como um banco improvisado. Me senti constrangido pelo ocorrido ontem. Ele estava conversando com um outro cavaleiro. Sua aparência ainda era mais desgastada. Fiquei no meio da rua sem saber o que fazer e torcendo para que ele não me reconhecesse.

De repente, no meio do vai-e-vem da rua, fui abalroado e derrubado no chão por alguém. Quando dei por mim estava estatelado no chão com uma jovem com não mais de 12 anos sobre mim. Ela foi levantada bruscamente por dois guardas com adagas em mãos.

“- Sua ladrazinha safada....!” – disse um dos guardas.

“- Verás o que fazemos com criaturas da tua laia!” – disse o outro.

A menina era muito magra e estava suja. No chão, aos seus pés, o motivo da correria – um pão de tamanho considerável. Ela estava gritantemente envergonhada e com a cabeça baixa como quem sabe o que esperar.
Um dos guardas levantou a mão para dar-lhe um tapa. Não sei porque fiz isso, mas foi instintivo - “- Pare!!!” – gritei.

Tinha de pensar rápido naquele momento. Improvisei: “- Onde você estava maninha! Não disse para você não ir às compras sem levar o dinheiro!?”

Os guardas me olhavam numa mescla de incredulidade e nojo. Ela me olhava sem entender nada.

“- Me desculpem senhores. Ela não me esperou e como ela queria garantir um bom pão para nós veio correndo buscar o dinheiro. Perdoem este incômodo. Creio que dois tibares pagam o pão e o incômodo!?”

Meti a mão no bolso e peguei as duas moedas, estendendo-as para um dos guardas. Eu sabia que era muito mais do que valia o pão. E eles também sabiam.

“- Cuide para que ela não repita isso ou da próxima vez não daremos outra chance.”

“- Muito obrigado senhor.... vamos irmã, nossa mãe espera pelo dejejum” – e abracei ela carinhosamente pelos ombros e me virei para sair com ela.

“- Um instante rapaz” – disse o outro guarda.

Quando me virei para saber do que se tratava recebi, inesperadamente, um tabefe no meu rosto me jogando pelo menos um metro longe deixando sentado no chão. Eles se viraram e saíram rindo.

Eu sentia meu rosto queimando, mas permaneci no chão para recobrar-me melhor. A menina se abaixou e me deu o beijo no rosto, onde havia sido agredido.

“- Que Marah te abençoe e que todos os seus desejos se realizem!” – ela tirou um pedaço do pão e me deu mas recusei.

“- Leve e procure outra forma de se alimentar. Tome. Essa moeda deve dar para comprar mais alguma coisa para os próximos dias” – estendi-lhe a mão com outra moeda.

Os olhos da menina se encheram de lágrimas. Ela pegou. Me deu outro beijo e saiu correndo. Permaneci sentado no meio da rua.

Quando pensei em me levantar havia um mão estendida para mim – “Quer ajuda rapaz?” – disse o cavaleiro que deve ter assistido a tudo. Ele me olhava sério bem fundo nos olhos.

“- Obrigado” – disse.

“- Por que ajudou uma ladra?”

“- É uma questão de ponto de vista. Para os guardas era uma ladra. Para mim era uma criança desesperada com fome e eles eram pessoas sedentas por um pouco de uma diversão macabra.”

“- Mas ela roubou o pão.”

“- Ela não roubou. Eu paguei o pão!” – eu já estava ficando irritado. Ele falava de forma calma, mas incisiva, sempre me mirando os olhos.

“- Interessante. Não estava ontem ao lado daquele “amável” cavaleiro na estrada?

“- Sim... sou o escudeiro de Sir Constant, um Cavaleiro de Khalmyr.”

“- Curioso” – disse ele virando-se e parando dois passos longe de mim, de costas e disse – “muitas vezes os papéis estão trocados, e mais tem a ensinar o aprendiz do que o senhor. Ainda nos encontraremos.”

Ele voltou a sentar-se onde estava antes e continuou conversando como se nada tivesse acontecido.

Voltei para o casarão e resolvi passar o resto da noite no meu aposento repassando o dia e preparando para reiniciar a viajem amanhã.

Escrevi muito mais do que esperava hoje, mas o dia foi cheio de coisas para contar e acho que todas elas darão muitas histórias no futuro.