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ESPADAS MEDIEVAIS E RENASCENTISTAS
- As Two Handed Sword -
Como vimos no artigo anterior as Great Swords nada mais eram do que evoluções das Espadas Longas. Na verdade muitas espadas acabaram por se originar a partir das espadas longas. Enquanto as Espadas Longa podiam ser utilizadas com uma ou duas mãos (não por menos que eram chamadas de “espada de uma mão e meia”) as Great Swords só poderiam ser utilizadas com as duas mãos. Eram, também, espadas mais restritas, no que diz respeito à possibilidades de técnicas a serem utilizadas em combate. Seu manuseio era limitado à golpes com o fio da lâmina (ou de prancha) e golpes de ponta – bem diferente da enorme variedade de possibilidades das Espadas Longas.
Essas limitações das Great Swords eram um grande inconveniente nos combates. Com o passar do tempo uma evolução acabou por originar as Two Handed Swords (“Espadas de duas mãos” ou “eppe’s a deux main”). Sendo utilizada por todo os século XV e XVI foi utilizada concomitantemente às espadas longas e inclusive às great swords.
Como sua antecessora, as Two Handed Swords só podiam ser manuseadas com a utilização de ambas as mãos do espadachim na empunhadura devido ao seu comprimento e peso. Willian J. McPeak resumiu em poucas palavras as características físicas das Espadas de Duas Mãos em seu livro “História Militar” o texto com sugestivo título sugestivo “For a Swordsmen with Muscle as Well as Skill, Two Hands Could be Better Than One”. Nele ele dizia ““As verdadeiras espadas que requeriam duas mãos, possuíam um peso de 8 a 10 libras. Com uma lâmina de 45 polegadas ou mais, a empunhadura tinha de ter cerca de 9 polegadas para contrabalançar a longa lâmina. O comprimento da empunhadura em forma de cruz também ajudava na distribuição do peso.”
Espadas como esta demonstravam um grande desenvolvimento técnico para seu manuseio. Ora, não poderíamos apenas construir uma espada de tamanho descomunal e achar que facilmente seria utilizada. A palavra chave para ela era equilíbrio. Todas as características dela tinham alguma função no equilíbrio, muito além da técnica de combate. Por exemplo a proteção da empunhadura cruciforme (forma de cruz) e o próprio comprimento da empunhadura eram fatores sutis para facilitar o manuseio dela, sendo fundamentais e determinantes para a massa da espada.
A empunhadura de Espada de Duas Mãos não poderia, então, simplesmente acomodar as duas mãos do espadachim. Ele tinha de ser verdadeiramente longa por uma questão de equilíbrio da lâmina. Isso possibilitava (e obrigava) que as mãos ficassem separadas por uma distância considerável equilibrando o balanço da arma. Nas Espadas Longas este auxílio com a segunda mão era feito pela utilização do pommel. Já com as Great Swords isso só é possível com um afastamento das mãos, ao máximo possível. O comprimento da empunhadura, por esses motivos, podia chegar à não menos de 25cm, para lâminas de cerca de 1,40m.
Outra peculiaridade das Espada de Duas Mãos era a existência de duas formas de proteção para as mãos. Uma delas ficava na proteção da empunhadura e outra ficava no ricasso - espaço entre a parte afiada da lâmina e a empunhadura onde o espadachim pode segurar com a segunda mão. A primeira delas eram anéis que ficavam perpendiculares à proteção da empunhadura ajudando a bloquear a mão da lâmina adversária que corresse ao longo da lateral da lâmina. A segunda proteção (veja imagens abaixo) eram protuberâncias em formas de pontas triangulares ou pontiagudas (chamados de “flukes”) que ficavam acima do ricasso, protegendo a segunda mão do espadachim quando este estivesse segurando sua espada naquele ponto para alguma manobra.
Essas proteções extras eram uma preocupação que essas espadas traziam aos espadachins. Embora fosse consideravelmente letais, as Espadas de duas Mãos eram igualmente consideradas lentas para defesa. O estudioso Thomas Page, em “O Uso da BroadSword” dizia que as Espadas de Duas Mãos, por suas características, era muito limitada em alguns aspectos. Ele dizia: “sua forma era rude, e seu uso sem método. Ela era um instrumento de força, não uma arma de arte. A espada era enorme e larga, pesada e difícil de manejar, com designe apenas para golpes de força”.
De qualquer forma ela teve seu uso muito disseminado por mais de dois séculos. Sua utilização era reconhecida como uma grande vantagem em exércitos e tropas de defesa. Na infantaria germânica, por exemplo, os espadachins que se utilizavam da Espadas de Duas Mãos recebiam o soldo dobrado, uma forma de pagamento extra devido à sua perícia excepcional. Muitos muros de castelos eram protegidos por espadachins empunhando estas espadas por motivos óbvios do alcance de sua lâmina. Pelo mesmo motivo tropas de defesa contra cavalarias e contra piqueiros se valiam de linhas de espadachins empunhando suas enormes Espadas de Duas Mãos.