Resenha: Mestres de Zansara
Estamos recebendo um presente.
Zansara estará chegando em breve para nos maravilhar. Zansara é o cenário
oficial da editora New Order usando a licença aberta de Pathinder 2E, ou seja,
um cenário novo em folha usando regras já consagradas.
Isso é relevante em vários
níveis, mas o principal deles é que nós merecemos um cenário cem por cento
nacional. Sem desmerecer cenários “vindos de fora”, mas temos potencial para
criar e desenvolver nossos próprios cenários e não nos falta pessoas de qualidade
para levar esse trabalho adiante. Zansara é a prova cabal disso.
Zansara é um mundo maravilho
que servirá de pano de fundo para campanhas e sessões no melhor estilo de
fantasia. Todos os elementos que você espera encontrar estão. Mas mesmo que já
os tenhamos visto à exaustão em muitos outros cenários, eles estão presentes em
Zansara com particularidades que os tornam únicos... e assim começa o Guia de
Cenário.
Os dois primeiros capítulos do
guia – A Era dos Deuses Antigos e A Era das Incertezas – funcionam como uma
certidão de nascimento do sagrado no mundo. Naquelas páginas, todos os
elementos sagrados de criação do mundo e seus principais aspectos e povos, tudo
aquilo que vai acabar por exercer influências em povos e nações, são
incrivelmente apresentados em um viés de história contada e mitos narrados. Não
dá para não imaginar um velho com chapéu pontudo e cachimbo na boca, ao lado de
uma lareira, contando a história para um grupo de crianças. Se atentarmos, só
nessas páginas, já temos elementos mais que suficientes para campanhas e caracterizações
de nossos cenários de jogo.
O capítulo seguinte - Religião
e os Signos – é um dos cernes de como o cenário funciona. Ligando tendências à
particularidades e ambas à meses e estações, de forma divertida e criativa foi
criada um forma de interação entre as populações (PCs ou NPCs) que será muito
interessante de se ver em mesa. Esse método propicia uma ligação muito maior
entre personagem e cenário, saindo da simples relação de local físico, para uma
multiplicidade de relações paralelas baseadas em Lumiares, estações, tendências
ligadas aos signos. Mesmo que suas sessões sejam menos narrativistas, os signos
já serão um prato cheio para interações e elementos de jogo. Se você foi um
mestre mais narrativistas, as possibilidades de uso são gigantescas. Mas lógico
que isso tudo não é apenas cosmético e terá influência mecânica nos
personagens!
O Panteão de Zansara, ainda
neste capítulo, cria o link entre signos e deuses apresentando 16 entidades que
com toda a certeza cairá no gosto dos leitores e fãs. Com dois deuses
apresentados por página temos tudo o que podemos precisar para usá-lo de forma útil
em nossa mesa. Mais do que em outros cenários, o panteão de Zansara é um
elemento constante de influência direta e física no cenário.
Já tenho meus preferidos...
O capítulo Conhecendo Zansara é
uma das partes que sei que mais vai interessar os leitores. Aqui damos corpo ao
cenário visualizando cada uma das suas regiões. Cada nação tem uma página
contendo um mapa com as principais cidades, um quadro de consulta rápida com
suas principais características e um texto de alguns parágrafos com as
informações necessárias para termos uma noção exata de como ele funciona e qual
sua condição atual. Embora possa parecer pouco apenas uma página, é mais que
suficiente para aquilo que este guia se pretende, apresentando pinceladas
rápidas sobre o cenário. As próximas edições da revista NOM (New Order
Magazine) se encarregará de rechear esses reinos e locais com muito mais
informação.
O capítulo Morte Branca e a
Mortalha traz um dos elementos do cenário que sei que será usado à exaustão
pelos mestres – a mortalha. Não vou entrar em detalhes para não estragar a
graça até vocês mesmo lerem o guia, mas atentem para esse pequeno capítulo e
percebam a plenitude de opções que se abrem aqui para suas aventuras e
campanhas!
Vivendo Zansara é o capítulo
para conhecer os povos de Zansara. Aqui você conhecerá as ancestralidade do
cenário e todas as características próprias delas no cenário. Anões são anões
em qualquer cenário, mas o que faz deles únicos em cada um são as formas como
são integrados ao ambiente e a história do cenário. Particularmente digo para
darem uma lida com atenção nos goblins... está incrível! Ainda no capítulo
temos talentos para as ancestralidades, biografias novas e um arquétipo que sei
que cairá no gosto de muitos.
Outro ponto interessante desse
capítulo são as Facções e Organizações que existem no cenário. Quem está
acostumado a criar campanhas (ou mesmo sessões rápidas) sabe o que quão útil esse
tipo de informação é.
Nas últimas paginas da revista temos
uma aventura adaptada para Zansara. Tal qual já estamos acostumados com as
trilhas de aventuras para Pathfinder, essa aventura chega com muitas
informações ‘canônicas’ para ser apreendida pelos mestres e conhecida pelos
jogadores. Ela é repleta de informações que começam a rechear o cenário – mapa pormenorizado
das regiões de Terras Verdes e Talgraven, com suas estradas, cidades e vilas, locais
e NPCs de destaque e mais.
Final
Confesso que estou muito entusiasmado
com que li até agora. Este é um cenário ainda cru, é verdade, mas com um
potencial impressionante. Com um material claro, consistente, sincero, bem
feito e de qualidade, ele está pronto para crescer e dar frutos. Um cenário que
será criado e desenvolvido por fãs fervorosos e com a ajuda de uma comunidade
igualmente amante de RPG. Um cenário que apaixonará quem se enveredar por suas
páginas e que será palco de muitas aventuras cativantes.
Ele ainda tem uma das maiores
qualidades que um cenário poderia ter – ele nos convida a criar. Enquanto lemos
suas páginas, um universo de cenários, locais, personagens, fatos e aventuras
vão se formando em sua cabeça. Comigo aconteceu isso e a Taverna do Lince
Voador (que postei dias atrás - LINK) é prova disso. Eu me senti em Zansara e
queria ter uma parte minha ali. Você vai se sentir assim, tenho certeza.
Esse realmente é um passo
importantíssimo, mas lógico, da editora que tem em mãos um dos sistemas mais importantes
do mundo do RPG de fantasia. É um passo, como tudo o que eles têm feito, ponderado
e executado com cuidado por uma questão de respeito aos fãs e à comunidade. Um
passo concreto e muito feliz.
Bem vindos à Zansara. Peguem suas
armas, escolham seus companheiros e entre nesse maravilhoso mundo de
aventuras...
Que as bênçãos de Ardreth o
acompanhem!