“V”, o remake que busca o
sucesso dos anos oitenta
Esta semana estreou no canal ABC, nos Estados Unidos, o remake da famosa série de televisão “V” (1983), criada por Kenneth Johnson (criador também dos seriados “Homem de seis milhões de dolares”, “Mulher biônica”, “Incrível Hulk” e “Alien Nation”). Com um sucesso estrondoso por todos os canais por onde passou, pelo mundo, “V” criou uma legião de fãs.
Quando foi lançada, originalmente, enquadrou-se num filão que estava engrossando desde os últimos anos dos anos oitenta – a ficção-científica. Filmes como “2001, uma odisséia no espaço”, “Star Wars”, “Blade Runner”, os filmes da série “Star Trek” e seriados como “Galatica”, a série vinha com a grande missão de trazer um tempero novo à junção televisão-ficção.
O seriado trazia, como enredo, a chegada de uma raça alienígena à Terra em cinqüenta naves gigantescas para uma interação pacífica. Com aspecto humano os alienígenas provocaram um impacto pequeno, e com uma grande diplomacia mostraram-se perfeitos na conquista da confiança. De início, vencida a desconfiança dos humanos, a interação corria rapidamente. Mesmo assim haviam os céticos que diziam-se preocupados com uma chegada tão pacífica de povo tão poderoso. Mas, aos poucos, tudo muda. A interação começa a tornar-se uma ocupação gradual – primeiro psicológica, depois oficial. Alusões ao nazismo (ferida ainda recente para o mundo dos anos oitenta) foram introduzidas nas formas das pichações do símbolo “V” em vermelho como meio de propaganda oficial. Além disso, uma verdade desagradável começa a surgir em alguns pontos – eles não tinham a aparência humana, tendo, na verdade um aspecto de réptil. Isto é mais do que suficiente para o surgimento de uma resistência.
Neste remake, recém lançado, a idéia geral permanece mas, com alterações apenas de personagens e na ordem de alguns acontecimentos. Outra mudança, estimulada pelo momento histórica, é que não se faz alusão mais ao nazismo, e sim ao terrorismo.
Como personagens temos, nesta versão, Erica Evans (no lugar de Julie Parrish), interpretada por Elizabeth Mitchell (“Lost”). Ela é uma agente do FBI que trabalho na prevenção de ataques terroristas. Ela mantém a mesma atitude de cuidado e desconfiança frente os alienígenas que a personagem do seriado original. Ela tem um filho, Tyler, interpretado por Logan Huffman. Ele agrega elementos de três personagens do original (Robin, Daniel e Sean): ele se interessa por uma alienígena e em função disso ele se une a um programa dos visitantes o qual tem o objetivo de “divulgar sua cultura aos terráqueos”. Além disso, ele é filho da heroína da história, portanto, poderá no futuro exercer a função de Sean.
O personagem Mike Donovan é subsituido pelo padre Jack Landry, interpretado por Joel Gretsch (“Lei e Ordem”). Cético desde a chegada dos alienígenas ele mantém-se sempre contra os invasores suando sua câmera de vídeo na tentativa de flagra-los em situações que os desmascarem. Posteriormente ele ingressará na guerrilha de resistência humana.
A personagem Diana é substituída por Anna, interpretada pela brasileira Morena Baccarin. Alienígena, ela será possuidora de um rosto bonito, de uma mente maquiavélica e de um poder de manipulação desconcertante.
O papel de Eleanor Dupres será substituída por Chad Deckker, interpretado por Scott Wolf (“21” e “ Everwood”), repórter que começa uma aproximação com os alienígenas por interesse.
Para encerrar temos a alienígena Lisa, interpretada por Laura Vandervoort (“Smallville”) que terá a mesma função de Brian (interpretado originalmente por Robert Englund, o Freddy Krugger), na série original, onde se apaixonará por um humano.
Por todos estes elementos a série estreou com nada menos do que quase quatorze milhões de telespectadores. Serão quatro episódios este ano (o piloto, apresentado no último dia 5 de novembro, e mais três). O resto ficará para 2010. Pelo episódio piloto podemos verificar que a série seguirá uma dinâmica inaugurada pelo seriado “24 horas”, com clímax constantes e eventos com efeito dominó. Isso é necessário pois, como a história já é conhecida, eles precisam de novos elementos para prender o público.
Mas algumas críticas foram levantadas para o piloto da série.
Primeiro, o ritmo alucinante de piloto, com acontecimentos rápidos e com pouco desenvolvimento. Muitos fãs da série original ficaram descontentes com tamanha velocidade. Vi uma analogia muito interessante para isto em um blog: “esse piloto parece feito para os usuários do Twitter, com 140 caracteres para dizer tudo o que é preciso”.
Segundo, o excesso de clichês para a construção dos personagens principais: mãe trabalhadora e sem tempo para o filho; o filho adolescente rebelde; o padre que vai contra o normal de outros de sua situação; o jornalista que deseja tirar proveito próprio.
Ainda é pouco para saber se emplacará com um grande sucesso ou se será apenas mais uma série.