Entrevista com Lobo Borges
A Confraria não poderia deixar passar a oportunidade de entrevistar um das meteóricas personalidades do atual cenário de RPG do Brasil. Não por ter lançado dentro de um sistema ou criado regras mirabolantes... Mas por algo muito mais importante. Ele deu vida à um cenário. Em Ledd, com texto de JM Trevisan, Borges nos presenteia com seu traço leve, encaixando-se perfeitamente no ritmo que Trevisan dá à aventura. A entrevista foi feita por email e contou com a ajuda do desenhista Éder Souza. Acompanhem:
1 – Como introdução à esta pequena entrevista gostaria que tu se apresentasse. Conte-nos um pouco da sua história, introdução no mundo do desenho, outros trabalhos etc!
Bom, comecei a desenhar ainda criança por volta dos 4 anos de idade, pelo que minha mãe fala, e de lá pra cá não parei mais. Durante a infância típica dos anos 90 tive contato com os desenhos da Hanna Barbera, Walt Disney, os bons e velhos desenhos da extinta TV Manchete: Cavaleiros do Zodíaco, Yuyu Hakusho, Shurato, Super Campeões, além de Sailor Moon, Sakura, Pokémon, Digimon, Dragon Ball e mais uns trocentos desenhos que passavam na TV aberta.
Mas se fosse apontar qual desenho marcou minha infância eu diria que possuo dois candidatos. O primeiro foi Fly – O Pequeno Guerreiro, eu adorava e ainda adoro esse desenho, tanto que há pouco tempo consegui os episódios e estou lendo o mangá. O segundo foi Caverna do Dragão, tenho muita coisa no PC sobre Caverna, sou um viciado. Acho que esses dois me transformaram no que sou hoje.
Sobre outros trabalhos, LEDD é meu primeiro trabalho como profissional e espero que seja o primeiro de muitos.
2 – Teu traço em muitos dos desenhos apresentados no teu blog e no Facebook lembram muito os mangás. Que tipo de influência esta modalidade de arte teve em ti? Curte Mangás? Quais tuas influências no mundo dos quadrinhos?
Acho que é bem claro no meu traço que os mangás me chamam mais a atenção que outros quadrinhos, creio que por conta da influência na infância dos animes, mas só durante minha adolescência tive acesso aos mangás. Boa parte do estilo de meu traço vem dos estudos que fazia dos desenhos animados em geral.
Quando vim ter acesso às revistas, como leitor e colecionador, já tinha 18 anos e mesmo assim comprava muito pouco. Nesse tempo eu também não tinha muita pretensão de trabalhar como quadrinista, foi então que conheci HolyAvenger e descobri que era produzido por brasileiros, foi ai que percebi que é possível se produzir material de qualidade no Brasil.
Então, de lá pra cá não parei mais de ler mangás, eu quase que troquei totalmente os animes por eles. Depois dessa época comecei a pesquisar mais sobre o assunto e a procurar pelos desenhistas que mais gostava. Entre eles destacaria como maior influência hoje: Akira Toriyama, TakeshiObata, MasashiKishimoto, EiichiroOda eTakehikoInoue.
3 – Começando por Ledd... Como surgiu o teu trabalho em Ledd? Eu li no teu blog que tu havia enviado ao Trevisan um projeto de HQ ambientado em Arton, “O Disco dos Três”, e que depois veio Ledd. Como isso aconteceu?
Foi mais ou menos como você já falou. Eu fiquei mais de um ano atormentado o Cassaro pelo Twitter. Eu dizia para ele que estava fazendo uma adaptação da clássica aventura “O Disco dos Três” para quadrinhos e o Cassaro sempre fala: quando tiver o material pronto você mostra... o fato é que quando eu estava com a estória com um primeiro capitulo concluído, Nimb rolou seus dados, eu acabei mostrando o material para o JM Trevisan. Ele gostou e disse que ia ver se pensava em uma estória para eu fazer.
Na minha cabeça pensava “Sê acha cara que o JM vai escrever uma estória para você desenhar...o cara nem te conhece e nem sabe quem você é. Acorda moleque!”
Trevisan, para minha surpresa e alegria, voltou e trousse com ele LEDD. Gritei muito nesse dia. :D
4 – Numa entrevista do Trevisan ele disse que o projeto de Ledd, que ele tinha engavetado, começou há uns dez anos e que com teu estilo de desenho as duas coisas se casaram e o projeto começou a andar. Quanto aos personagens principais, Ledd e Ripp, quanto deles, em questão visual, foram criações suas e indicações do Trevisan, já que o Trevisan afirmou que costuma dar abertura para opiniões do artista no rotiero? Houve alguma influência tua no roteiro em geral?
Sobre essa parte de criação de personagem, concept, o JM sempre me deixa muito livre. Sempre faço alguns esboços e discutimos o que achamos que vai dar mais certo para estória. A criação de Ledd, Ripp e de todos os outros personagens ocorreu e ocorre desta maneira. Claro que quando ele quer uma característica mais específica no personagem ele sempre me passa a referência por foto ou me diz o que procurar na net. Com Barba Branca foi assim, referência por foto.
Sobre o roteiro, Trevisan sempre me pergunta minha opinião e sempre discutimos o roteiro, o processo de criação rola assim desde o primeiro episódio. Mas eu sempre me atenho ao que está acontecendo em cena, o que eu acho eu ficaria legal em cada página, mas sempre buscando a parte visual da narrativa. Nada muito drástico nos que diz respeito a mudar a estória escrita, até porque temos um plot para orientar a estória e o Trevisan me ensinou muito como é importante segui-lo. Além disso, sei que minha melhor habilidade é o desenho e o Trevisan é um escritor de mão cheia com criatividade pra dá e vender por séculos ainda, por isso eu não preciso me estressar com roteirojá que ele o escreve com maestria.
5 – Ledd é uma HQ ambientada em um cenário de RPG. Qual a tua ligação com a prática do RPG? Joga? Mestra? Ou é apenas um curioso?
Eu sou apaixonado por RPG. Sou apaixonado pelo jogar, pela diversão. Não vou mentir dizendo sou um colecionador fanático ou especialista no assunto, mas tenho uma boa relação como jogo, principalmente com 3D&T, D&D (3.5) e Tormenta RPG. Gosto muito desses sistemas e me identifico mais com eles. Ultimamente tenho tentado jogar nos finais de semana com meus amigos e noiva, mas os imprevistos sempre tem nos tolhido um pouco (quase sempre XD). Mas sempre é muito divertido jogar, mesmo que pouco.
6 – Como está sendo desenhar Ledd?
Trabalhar em LEDD é uma experiência maravilhosa. Como primeiro trabalho profissional eu não poderia ter maior sorte em começar com uma série com meu estilo natural traço (digo isso porque antes de LEDD recebi concelhos de profissionais que me falaram para tornar meu traço mais “comercial”, ignorei os concelhos), ambientada em Tormenta (meu cenário favorito) e com um grande escritor como parceiro. Tenho aprendido muita coisacomo Trevisan e com Guilherme (nosso editor, o chefão da Jambô), eles tem me ensinado muito. Sou grato por tudo e só o que me resta fazeré me esforçar para corresponder às expectativas.
7 – Uma coisa que notamos quando falamos de Tormenta é que os fãs do cenário/sistema são extremamente dedicados e presentes. Como está sendo a tua relação com eles deste o anúncio de Ledd?
Os fãs que tem conversado comigo pelo Twitter, FaceBook ou Fórum da Jambô tem sido muito receptivos. E estou muito feliz com isso esse tipo de contato porque ele me ajuda a ficar mais motivado para produzir um material com maior qualidade. Sei que tenho que dar o meu melhor porque estamos falando de fãs presente e que sempre querem o melhor para aquilo que gostam. Acho que essa foi à chave do sucesso de Tormenta, FÃS que amam de verdade o cenário e o sistema.
8 – Quanto à outros projetos. Além de Ledd possui um algum outro projeto totalmente seu para ser lançado futuramente?
Não tenho nada em produção, mas possuo sim alguns projetos que estão na gaveta. Quem sabe depois de LEDD algum desses não possam vir à tona
9 – O “Disco dos Três” está engavetado ou ainda pretende lançá-lo? Já recebeu alguma proposta da Jambô para isso, já que a HQ se passa no cenário de Tomenta?
Por hora Disco está bem guardado. Não tenho nenhuma oferta para publicação do material. O fato é que LEDD vem me comendo boa parte de meu tempo e ai não me sobra muito para continuar sua produção.
Quem sabe em um futuro talvez. Acho que se os fãs quiserem por que não, né?
10 – Hoje me dia, não muito diferente de antigamente, é muito complicado de levarmos projetos gráficos adiante no Brasil, sejam eles livros ou HQs. Como tu vês o mercado atualmente para produções como Ledd? Se não fosse a internet tu achas que teria lançado ele?
Acredito que seria muito improvável que eu estivesse trabalhando em LEDD se não fosse a internet. O mercado nacional de livros e quadrinhos, como qualquer outro mercado no Brasil, sofre pela pirataria. Se LEDD fosse impresso de cara com toda certeza do mundo em pouco tempo iria parar na rede e o pior, sem o nosso controle. A escolha pela publicação online nos serve de termômetro da série além de permitir um maior controle sobre ela e nos dá outras maneiras de obter lucro, afinal nós precisamos de dinheiro para viver também.
11 – Para encerrar... o que podemos esperar de Ledd para o futuro?
Muita aventura, ação, novos personagens, muitas coisas de Arton, fantasia, uma estória intrigante e gostosa de ler e muita diversão.
Recado final:
Queria agradecer o espaço e aos fãs de Tormenta pela recepção. Espero que continuem lendo e entrando em contato. Sigam LEDD no Twitter @LeddHQ e visitem a página no Face Book, além é claro, de frequentar o site para novidades e novos episódios. Valeu e um grande abraço.
P.S.: Vamos salvar os incríveis #guaxininjas!Para isso basta seguir LEDD no Twitter e conseguir 1000 curtidas na página do Face Book. Conto com vocês e os #guaxininjas também!