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Armamentos dos Piratas III
CANHÕES
CANHÕES
Não se pode pensar em grandes aventuras pelos mares sem lembrarmos das insuperáveis batalhas travadas com canhões de lado a lado.
O desenvolvimento dos canhões foi lento dentro da história, principalmente no que tange aos utilizados em navios. Inicialmente eram de ferro forjado e de tamanho pequeno. Costumavam ser colocá-los na proa, em uma estrutura giratória, para disparos um pouco mais precisos e eficazes em curta distância, mas faziam, na verdade, mais barulho do que estrago.
Com o tempo o desenvolvimento da arte de fundição possibilitou a criação de canhões de barras de ferro fundidas e reforçados por anéis de ferro, ficando ambas as extremidades abertas. Eles eram fixados em estruturas de madeira sem rodas. Ainda tinham uma capacidade de disparo muito reduzida, pois possuíam alma lisa (não havia ranhuras dentro do cano). Sua munição não passava de pedras de calcário. Nesta época eles eram dispostos em plataformas de madeira agrupados normalmente me número de três à quatro no convés. Assim poderiam ser disparados juntos ou individualmente.
Com o início do século XV a evolução da fundição do bronze possibilitou um grande impulso na fabricação dos canhões. A grande qualidade das peças fez com que sua utilização ultrapassasse cem anos em alguns países. Mas seu grande custo era um empecilho considerável. As possibilidades da fundição em bronze abriram as portas para a criação de diversos calibres.
Junto à evolução dos canhões, a munição começou à evoluir também sendo substituídas as pedras por projéteis de ferro ou chumbo. Como os projéteis variavam em tamanho e peso os canhões começaram a ser classificados conforme o peso do projétil que utilizava.
Mas, por incrível que pareça, a grande inovação técnica que revolucionou a guerra com canhões no mar, foi a invenção das portinholas nas laterais do casco. Sua utilização possibilitou que as peças de artilharia saíssem dos conveses e tomassem lugar em pontos que se tornariam ainda mais mortíferos. A possibilidade de dispararem de conveses mais baixos, podendo atingir o adversário na linha da água, era um incremento tremendo à utilização estratégica deles. Além disso, com as portinholas, poderiam agregar mais peças de artilharia por navio, utilizando-se de mais de uma linha de tiro por lado conforme as possibilidades da embarcação. A capacidade de mais ou menos bocas de fogo por embarcação criou uma forma de classificação dos navios conforme seu poder de fogo indo da primeira à sexta clase.
Os tipos de canhões fundidos são classificados conforme a munição possível dele utilizar.
PEDRAS COMO MUNIÇÃO: Estas peças utilizavam pedras (normalmente de granito) como munição sendo conhecidos também por pedreiras. Possuíam carregamento apenas pela culatra (parte oposto de onde há o disparo) e possuíam grande variedade de calibres, mas com pouquíssima precisão.
PEÇAS DE METAL COMO MUNIÇÃO: Estas peças de artilharia poderiam ser divididas em colubrinas (itens A e B na imagem abaixo) e canhões (item C na imagem abaixo). Eram carregados, na grande maioria dos casos, pela boca e todos possuíam uma armação com quatro rodas. O uso das rodas é explicado pela necessidade de recuar a peça para que fosse carregado de forma mais eficiente. Este processo era demorado, mas mais eficiente do que sua alternativa que consistia em colocar um artilheiro montado sobre o cano, do lado de fora, para recarregar a peça. A diferenças entre canhões e colubrinas estava na relação comprimento-calibre da peça. As colubrinas tinham maior comprimento do cano em relação ao calibre que utilizava, tendo, conseqüentemente, maior alcance que os canhões. Elas poderiam variar em: Quarto de colubrina (munição de 2 Kg e alcance de 0,4 à 2 Km); Meia colubrina (munição de 5 Kg e alcance de 0,8 à 4,5 Km); Colubrina (munição de 11 Kg e alcance de 1,5 à 6 Km); Grande colubrina (pesando 2 toneladas, com munição de 14 Kg e alcance de 1,8 à 7 Km).
Os marinheiros que manejavam as peças de artilharia tinham funções específicas. O Bombardeiro seria o artilheiro principal e a pessoa com maior conhecimento no ato de usar a peça de artilharia. À ele cabia escolher a munição, realizar a mira e efetuar o disparo. O bombardeiro só respondia ao Condestável – cargo ocupado por um imediato ou contramestre. O bombardeiro era auxiliado por um ou dois marinheiros variados (marujos ou grumetes).
O ATO DE DISPARAR:
A ação de disparo dos canhões era não muito complexa, mas necessitava de certo conhecimento e muita prática. Aqui será apresentada a forma de utilizar peças de maior calibre e localizadas nos conveses inferiores (mas não diferiam muito das pequenas peças de artilharia que eram utilizadas no convés superior, havia diferença apenas no tamanho da munição utilizada).
CARREGAR: O canhão era retrocedido cerca de um metro e meio à dois metros para melhor manuseá-lo. Este procedimento era demorado devido ao peso da peça, mas possibilitava um carregamento mais eficaz. Normalmente se utilizavam dois homens junto à embocadura da peça para carregar. A pólvora era depositada pela boca da peça. A medida de pólvora era, mais ou menos, o mesmo do peso da munição. Esta pólvora poderia ser colocada de duas formas – numa ela era colocada à granel dentro do cano; na outra ela estava acondicionada em pequenos sacos já na medida certa. Após isso ela era socada com uma vara comprida com um tipo de estopa na ponta. Depois a munição era depositada e igualmente socada. Novamente o canhão era avançado até a portinhola do casco. O bombardeiro efetuava a mira conforme as ordens do Condestável. Estava pronto para o disparo.
DISPARO: Com a pólvora socada, normalmente o atirador (bombardeiro), apenas encostava algum elemento em brasa no orifício, na parte superior da peça, que era o suficiente para acender toda a pólvora. Com a explosão da pólvora e o disparo da munição o canhão poderia ser jogado até três metros para trás. Para prevenir danos internos ao navio ou aos marujos, haviam calços para as rodas do canhão numa distância que possibilitava que recuasse cerca de dois metros. Além disso, poderia possuir um jogo de cordas, dispostos com roldanas, para amenizar e frear seu recuo.
RECARREGAR: Após o disparo o cano atingia grande temperatura não sendo incomum queimaduras nos artilheiros. Ele devia ser limpo e escovado dos restos de pólvora do disparo anterior antes de receber novamente a pólvora. Isso poderia levar mais de três minutos. Após isso só era necessário repetir os passos anteriores e efetuar novo disparo.
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