PARTIÇÕES DO ESCUDO
Pode
parecer a mesma coisa, mas ‘Partição’ (chamadas também de Ordinária) necessariamente
não está relacionado às ‘partes’ do campo do escudo (vistas na postagem
anterior). O escudo possui partes específicas, que não importa o que fizermos,
sempre estarão ali nos orientando sobre uma área do escudo. As partições,
diferente disso, indicam que o campo do escudo está dividido como que montado. Nesses
casos dizemos que o escudo está partido.
Um
detalhe importante tem relação com a natureza dessas partições e sua noção
exata é crucial tanto para a compreensão do que vemos, quanto para descrevermos
o brasão. A partição é como se uníssemos duas (ou mais partes) de campos em um
só, e isso é muito importante de ser entendido. A prática de dividir campos de
brasões e unir partes em um só, comumente chamada de ordenamento, e expressava
soberania, aliança, descendência, ocupação de um território etc.
Inicialmente
a forma de realizar esse ordenamento era por dimidiação - apenas unindo metades
(ou fragmentos, conforme o tipo de partição) de cada brasão para compor um
novo. A história dá sinais de que a prática, diferente do que muitos pensam,
não surgiu por questões militares, e sim matrimoniais. O normal (e era
entendido assim) era que o brasão da esposa fosse partido na vertical ao centro
e unido ao do marido, tal qual uma anexação, visando deixar claro à quem as
terras de herança dela pertenciam agora. Assim o marido mantinha seu brasão
intacto e a esposa possuía um brasão partido (o do marido à destra/direita e o
da esposa à sinistro/esquerda). Essa prática não foi muito longeva, entrando em
declínio no século XV, já que criava na maioria das vezes brasões confusos e
esteticamente desagradáveis. Mas pior do que isso, muitas vezes a dimidiação
criava algo que pareceria ser um novo brasão.