D&D 5E não impactou o mercado
tanto quanto imaginávamos
A notícia saiu hoje. O grupo Orr,
responsável pelo Ennie-winning Roll 20, lançou uma nova tabela estatística
sobre o uso de sistemas de RPG no último quadrimestre de 2014. O resultado é muito
interessante. Na última amostragem tínhamos Pathfinder em primeiro com o
D&D 5E em segundo, bem longe, na relação mesas usando o sistema e jogadores
jogando-o. Nesta última o D&D 5E subiu de 16% para 24% no número de jogadores
o utilizando, mas o Pathfinder continua com os seus 43% de jogadores o usando,
ou seja, o D&D 5E pegou jogadores de outros sistemas, mas não de
Pathfinder. E mesmo com essa subida da 5E, ainda não alcançou o D&D 3.5E
que conta com incríveis 43,7%, vencendo inclusive do Pathfinder se compararmos
só o quesito jogadores, e ocupando o terceiro lugar no geral.
Existe a máxima que diz que estatística
é que nem biquíni, mostra tudo, menos o essencial. Mas ainda assim podemos
fazer uma análise rápida sobre esses dados que, depois de alguns meses, já são de
certa forma consistentes. A primeira informação que percebo claramente aqui é
que o lançamento do D&D 5E não abalou o mercado tanto quanto imaginávamos.
Ele captou muitos jogadores que estavam órfãos desde a edição 3.5. Ao mesmo tempo
ele não chegou a influenciar aqueles que ainda usam a edição 3.5.
A segunda informação que vejo é que o
estrago que a Wizard conseguiu com o fracasso do lançamento do D&D 4E foi
muito maior do que imaginávamos. Com aquele ínterim de insatisfação dos
jogadores de D&D muitos migraram naturalmente para o Pathfinder e lá
permaneceram, algumas vezes mesclando com o D&D 3.5E. Com a qualidade
estupenda do material do Pathfinder acho muito difícil que essa perda seja
recuperada de forma plena.
A terceira constatação é de que o
mercado esteve e está, pelo menos à curto prazo, de certa forma fragmentado e
isso é ótimo. O sucesso da edição 3.5, em sua época, chegava a ser uma barreira
para que novos sistemas surgissem, algo que foi amenizado com a abertura do
sistema, mas mesmo assim, tínhamos variações de cenários e temáticas. Com o
advento do D&D 4E e sua recepção negativa por parte de uma significativa
parcela do público, uma brecha se abriu para que novos sistemas procurassem
captar esse público desvinculado do antigo sucesso do cenário e sistema de
D&D.
Mesmo no Brasil pudemos perceber isso.
Não foi por acaso que sistemas como Tormenta RPG, FATE, Reinos de Ferro ou Mutantes
e Malfeitores e tantos outros eclodiram nesses últimos anos. Nem que sistemas
antigos como 3d&T voltaram com toda a força. Não que eles sejam ruins,
muito pelo contrário, são ótimos, mas o espaço deixado com o lançamento da 4E
permitiu que o mercado fosse se reorganizando e ocupando essas brechas. Mesmo a
efervescência dos RPGs indie é um reflexo direto disto.
E o que acontecerá daqui para frente?
Acho que não teremos mais um mercado polarizado em poucos sistemas como era até
alguns anos trás. Esse erro, da Wizard, proporcionou que novas editoras se
fortalecessem e fincassem bandeira no mercado de forma consistente. Ao mesmo
tempo os jogadores foram percebendo que o espectro de possibilidades de
sistemas e cenários é muito maior do que imaginavam e construiu uma cultura de
experimentação muito positiva tendo agora um público aberto à novidades e
desejando ser surpreendido.