segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Resenha de Bidu - Caminhos

Resenha de
Bidu - Caminhos


O que dizer de “Bidu: Caminhos” (2014, Panini Comics), HQ de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho dentro do Graphics MSP? Vou simplificar à duas palavras – belo e emocionante.

Desde que foram apresentados os primeiros esboços e spoilers eu estava impressionado com o que ia sendo mostrado. Eram imagens singelas e simples que mostravam o cachorrinho em algumas situações que nos deixavam com água na boca sobre qual seria o enredo. O título era muito sugestivo, mas deixava aberta uma série de possibilidades.

Com o exemplar nas mãos eu me deliciei com cada página, com cada quadro. Mas vamos por partes. Primeiramente a arte. Caminhos é todo feito em tons suaves primando pelo degradê, mesmo para o sombreado. Esses dois elementos suavidade/degradê causam um efeito de calma ao olhar que transforma a leitura num passeio, quase um sonho. Mesmo os ambientes mais sombrios ou noturnos são suavizados com a estupenda colorização.


A arte em si, como todos os volumes da Graphic MSP trazem releituras dos personagens clássicos do Maurício de Souza e com Bidu não foi diferente. Mas confesso que aquele cachorrinho simpático que tanto li nas revistas da Turma da Mônica ficou ainda mais simpáticos e com olhos que expressam sentimentos como nunca imaginei serem capazes de fazer com ele. Tudo nele está completamente diferente e ao mesmo tempo incrivelmente igual. Olhamos para ele e vemos o Bidu, embora seja uma roupagem completamente diferente.

Outra coisa que gostei muito foram os ângulos de perspectiva em que os quadrinhos foram construídos, saindo da mesmice e jogando os olhos do leitor para todos os ângulos imagináveis, atrás, frente, de longe ou muito perto, criando um movimento e uma dinâmica que não contrastam com a tranqüilidade da leitura.


A chave de ouro da HQ, e que já ouvi de mais de um leitor, foi a composição com a chuva... belíssimo. Além de ser muito bem deita, cria os momentos mais bonitos e tristes da revistas.

Em segundo lugar, o que devemos ressaltar, é a história em si. Como não se emocionar com a forma como esses dois amigos inseparáveis se conheceram – Franginha e Bidu. O nome da HQ, Caminhos, dá um passo atrás e não mostra o caminho dos dois amigos juntos, mas como seus caminhos se cruzaram entre tantas curvas e esquinas e acabaram por colocá-los juntos. É simbólico. Todos se enxergarão num dos personagens, percorrendo seu caminho à procura de algo que nem nós mesmos imaginamos que estamos procurando e precisando. Mesmos com seus defeitos e incertezas somos, são, levados à cruzar o caminho de outro (ou outros) fazendo parte de suas vidas, querendo ou não. É pura beleza em pouco mais de setenta páginas.


Além disso, e falando agora como um amante dos companheiros de quatro patas (no meu caso um gatinha inseparável chamada Fifi), Caminhos é uma declaração de amor aos nossos companheiros, cães e gatos (e outros). É visível que desenho e enredo foram feitos por quem tem uma proximidade enorme com eles e vê neles aquilo que o Franginha vê no Bidu. Os trejeitos, as expressões, os diálogos, tudo tem de ter sido criado e imaginado por alguém que tem seu amigo de quatro patas todos os dias ao seu lado. A leitura emociona de diversas formas e todas elas, cada uma delas, deixando um gostinho de quero mais, uma saudade latente, uma vontade de agarrar seu bichinho e apertá-lo.


Eu não fiz as resenhas das edições anteriores da coleção, mas quando li “Bidu – Caminhos” não pude deixar de externar minhas impressões e minha emoção por ter tido o prazer de ler algo tão singelo. É uma compra e uma leitura recomendadíssima. Corra e compre o seu pois ela só irá agregar valor à sua coleção de HQs ou seu prazer por uma boa leitura.