terça-feira, 14 de março de 2017

Pirataria e RPG - uma contribuição ao debate


Pirataria e RPG
- uma contribuição ao debate -

Em um interessante artigo do Encho Chagas no RPGNotícias sobre pirataria (ler AQUI) ele deixa no ar o debate que deve ser levado à cabo nos próximos tempos – como fica a relação entre a distribuição (ou acesso) gratuito (permitido ou não) de material de RPG e o mercado de RPG em si? Pergunta nada fácil de ser respondida e à qual vislumbro não ter, na verdade, uma resposta.

Sem ter que repetir aqui os argumentos do Encho, tampouco transcrever todo o seu artigo (link anteriormente) quero deixar uma contribuição para possivelmente engrossar e complicar ainda mais o debate, mas que se faz necessária.

O artigo Pirataria no RPG mostra um trabalho de pesquisa e análise do Encho como poucos e centrado no viés econômico da questão – o mercado do RPG e o impacto que este sofre da pirataria. Sabemos que por mais que o RPG seja um hobby amado por todos nós, ele já assumiu o caráter de negócio para muitos. Vide o crescente leque de editoras, produtos e produtores de conteúdo que tentam, se não viver disso, pelo menos ter algum ganho. E não há nada de errado nisso (antes que venham me buscar com seus forcados). O RPG ter se tornado um negócio não é errado, assim como produtores de conteúdo não é errado, assim como o debate do impacto da pirataria também não.

Quero ir um pouco além e ao lado no debate. Como já disse aqui mais de uma vez, vejo o RPG não só pela sua diversão, mas principalmente por tudo o que ele pode proporcionar de benefícios para seus jogadores. Desde desenvolvimento cognitivo, incentivo à produção criativa, formador de caráter (quando bem direcionado) e mesmo virar uma profissão. Para que isso seja maximizado ele precisa ter um acesso amplo – algo que com toda a certeza influencia diretamente o mercado.

Como que isto se liga ao tema pirataria. Como tudo que se torna um negócio, acesso significa vender uma ideia - que estará representado por sistema/cenário/mecânica/título, ou seja, um produto, não importa o quê - que estará vinculado à uma produção intelectual de alguém ligado ou não à uma empresa. Isto é ponto pacífico. Se alguém cria algo quer ser reconhecido/pago por sua produção. Por que coloco reconhecimento e pagamento juntos. Pois para muitos o reconhecimento (download, uso e feedback) é o seu pagamento. Como que para outros, como muito bem o Encho colocou em seu artigo, a distribuição gratuita (sem pagamento) é uma estratégia de mercado também. De qualquer forma temos aqui a noção (sem querer cair em terminologia econômica) uma relação produção/ganho.

O RPG tem se reduzido à isso.


Por mais que tenhamos paixão pelo RPG e a tenhamos representado com a produção e criação de material, no final das contas ele tem sido um produto para ser comercializado. Ninguém procura montar uma editora por hobby. Ninguém pesquisa títulos estrangeiros para serem traduzidos e publicados no Brasil por pura falta do que fazer. Ninguém edita revistas de RPG, cobrando por elas, por puro prazer. São tudo facetas do negócio que se tornou o RPG. E repito – não há nada errado com isso.

Dentro desta lógica a pirataria é um elemento nocivo à todos os que fazem do RPG um negócio. É o mesmo que, eu sendo professor e ganhando por aluno assistido com minhas aulas, de repente esses alunos resolvessem aprender via youtube. A pirataria fere o ganho dos produtores de conteúdo ligado à RPG. Um complicador à este problema é de raiz moral (se é que podemos dizer assim) de que infelizmente muitos querem tirar vantagem mesmo não tendo necessidade (mas abordarei isso mais adiante).

Mas o elemento que desejo acrescentar ao debate é como casar este viés cada vez mais crescente do RPG como negócio com o acesso o mais amplo possível. Num primeiro momento alguém pode rapidamente me acusar de ser favorável à pirataria. Vamos avançar. Eu considero que o acesso ao RPG é primordial e deveria estar acima de qualquer outra coisa por todos os seus benefícios já citados dentre muitos outros (temos atualmente uma enxurrada de TCCs e trabalhos debatendo isso). Entendo perfeitamente as questões de mercado, mas quem sabe pela minha formação como professor, eu me preocupe com seus benefícios e como equalizar o problema.

Para ser mais claro. Não vejo na pirataria o problema em si no cenário brasileiro, pois ela cria acesso universal ao hobby e todas as suas nuances, indistintamente de cenário ou sistema ou mecânica ou editora ou autor. Vejo a pirataria como uma forma de pessoas que não teriam como pagar sete reais (como no debate da semana passada levantado por fãs e editores de uma revista de RPG) e que sim, são pessoas que existem no Brasil, de terem acesso aos benefícios do RPG. Essas pessoas e suas práticas não são o problema da pirataria. Como disse, o problema é moral. O problema da pirataria são pessoas que têm as condições de financiar seu hobby com maior ou menor facilidade financeira, mas que preferem se valer do jeitinho para conseguir de graça o mesmo material que poderiam comprar.

Aqui sim reside o problema da pirataria. Se pensarmos bem, aquele que poderia ser beneficiado com material não pago advindo da pirataria (mas que não tem condições ou tem muita dificuldade) não faria diferença em questões de mercado, pois ele não consumiria, em última análise, um livro de cento e tantos (quase duzentos) reais por razões óbvias (quase um quarto de um salário mínimo). Enquanto quem têm condições e acaba por piratear está lesando a editora pois ele realmente é o público alvo deste produto. A questão moral está em ter o poder de escolher entre comprar (com facilidade ou nem tanto) e piratear. E não me venham com o argumento de que “mas eu não posso comprar todos os títulos que desejo”. Isso é argumento típico daquele tipo de pessoa que se jogava no chão na infância quando seus pais recusavam em comprar algo, pois queria todos os modelos de tal tipo de brinquedo. Como eu disse – questão moral, ou ética, como preferirem. Neste tipo de rpgista é que está o peso para os ganhos do mercado de RPG e seus produtores de conteúdo!

Sei que isso pode trazer mil e um debates em paralelo indo de vieses sociológicos à políticos e não vou cair nessa arapuca, mas quem me conhece sabe que esta sempre foi uma preocupação minha em particular.

Com isto que vimos até agora temos a questão que deve ser ao meu ver a principal: como conscientizar os consumidores que têm condições de adquirir os produtos que desejam que não fazerem uso da pirataria? Acrescentaria aqui mais uma questão: como os produtores conteúdo de RPG veem o acesso ao público que está ainda de fora por n motivos, quase todos sociais ou financeiros, e que teriam na pirataria acesso ao RPG sem ferir seus ganhos?

Se conseguirmos equalizar esses dois elementos – moral na opção de usar ou não produto não pago e acesso universal – teremos um mercado forte, crescente e lucrativo, tendo ainda o bônus de culturalmente mais rico.

Espero ter feito jus á qualidade do material do Encho e contribuído ao debate com esta outra visão sobre o tema. E vocês... o que acham?

Financiamento de Dungeon Crawl Classics batendo recordes

Financiamento de Dungeon Crawl Classics
batendo recordes


Com um financiamento extremamente bem sucedido o Dungeon Crawl Classics (ou apenas DCC) está para ser, quem sabe, um recordista no Brasil no segmento dos RPGs. Chegando por aqui pelas mãos mais que competentes da editora New Order temos certeza que será mais uma longa história de sucesso e suplementos. Eu ainda não havia comentado sobre o DCC pelo simples motivo, que tenho que confessar, de conhecer dele. Ainda estou me habituando com sua mecânica e regras graças ao quickstart disponibilizado gratuitamente pela editora.

O DCC é uma forma diferente de encarar e jogar RPG old school, inovando desde a forma de criação dos personagens (apaixonante) e de condução do jogo, passando por toda a sua mecânica de cadeia de dados. É uma volta ao teor primal do RPG, como eles mesmos dizem – sema a necessidade de suplementos e cenários. O jogo em si é mortalmente (no melhor sentido da palavra) simples onde a emoção não para desde os primeiros instantes do jogo. Existe coisa mais instigante que o funil?E o melhor de tudo... jogamos 3d6 para ver os atribuitos!!!

Na própria página do financiamento há uma lista das diferenças do DCC em comparação à outros sistemas e mecânicas vigentes. Veja abaixo:

Se você é familiarizado com o d20 system (3.0 e 3.5):
- DCC RPG não possui classes de prestígio, ataques de oportunidade, talentos ou pontos de perícias.
- Classes e raças são uma coisa só. Você é um mago ou um elfo.

Se você é familiarizado com várias versões de AD&D:
- DCC RPG usa sistema de Classe de Armadura ascendente. Um camponês normal, sem armadura, tem CA 10, enquanto um guerreiro com armadura de placas tem CA 18.
- Todos os ataques, Jogadas de Proteção e testes de habilidade são feitos jogando-se 1d20, adicionando modificadores e tentando igualar ou superar um número.
- Há 3 Jogadas de Proteção: Fortitude, Reflexos e Vontade.

Não importa qual edição você jogou antes:
- Clérigos espantam criaturas que são hereges em relação a sua religião. Isso pode incluir mortos-vivos e outras criaturas.
- Todas as magias são lançadas com uma Jogada de Conjuração: o jogador rola um d20, adiciona certos modificadores e tenta conseguir um número alto. Quanto mais alto o valor, mais efetivo é o resultado. Cada magia tem uma tabela única que determina os efeitos da conjuração.
- Magos podem ou não perder as magias depois de lança-las. Um resultado baixo significa que o personagem não conseguirá conjurar a magia novamente naquele dia. Com um resultado alto, ele pode conjurá-la novamente.
- Magias clericais funcionam de modo diferente das magias arcanas. Clérigos nunca perdem a magia quando ela é lançada. No entanto, quando um clérigo tenta lançar alguma magia e falha, ele pode aumentar suas chances de “Falha Natural”. Até o final do dia, o clérigo pode falhar automaticamente em mais resultados do que somente um “1” natural.
- Existem tabelas de acertos críticos. Personagens de níveis altos e personagens marciais geram acertos críticos com maior frequência e jogam em tabelas com resultados mais mortais.
- Você pode queimar pontos de atributos para melhorar jogadas de dados. Todos os personagens podem queimar Sorte; magos e elfos podem queimar outros atributos.


Como eu disse, ainda estou me familiarizando com o sistema que já estou amando. Para uma melhor compreensão veja a página do financiamento, baixe leia o quickstart e veja ali a indicação de outros blogs com resenhas pormenorizadas. O que posso dizer é que ainda restam alguns dias de financiamento para que você possa garantir o seu exemplar... Corra!!!






Seriados na Confraria: Novo trailer de Doctor Who


Seriados na Confraria
Novo trailer de Doctor Who

Finalmente o dia está chegando. A estreia da 10ª temporada de Doctor Who (BBC) será dia 15 de abril e um novo trailer foi apresentado para os fãs. Pelo que parece teremos muitas novidades, além da estreia da nova companion – Bill. No trailer temos Missy, um Dalek em forma humana, Cybermans, uma passagem por Marte e muito mais. Acompanhe o trailer e conte os dias!!