“Lei é ordem, e uma boa lei é uma boa ordem”
Aristóteles
Provavelmente
um dos alinhamentos mais menosprezados dentre todos seja Leal e Bom. Quem já
não ouvi dizerem – “quem iria querer ser o bonzinho do grupo?” ou “quem vai
querer jogar sem poder matar à vontade?”. Este alinhamento combina os conceitos
de ordem e bondade em níveis inquestionáveis! Será?
Um
personagem deste alinhamento acredita na bondade inerente à todos os seres.
Muitas vezes este alinhamento é considerado perfeito quando descaradamente
exagerado e este esteriótipo acaba por prejudicar seu uso nos jogos. Bons,
honestos, verdadeiros e lícitos são adjetivos comuns para esses personagens.
Mas não podemos nos esquecer nunca que qualquer um dos alinhamentos são
categorias gerais, uma simplificação, e por isso mesmo devem servir como
parâmetro e não como regra implícita. Um personagem Leal/Bom pode parecer um
alinhamento difícil de defender, mas é preciso lembrar (principalmente os
mestres) que personagens deste alinhamentos não são necessariamente ingênuo ou
irrealista. Leais e bons não vão honrar uma lei que vai de encontro ao seu
alinhamento.
Podemos
dizer que este alinhamento tem três linhas diretivas para seus personagens e
seguir qualquer uma delas não o desqualifica:
- Lei antes de Bondade: como todo personagem deste
alinhamento ele enfrenta um dilema entre fazer o que for bom ou fazer o que for
certo. Um personagem deste alinhamento segue sempre as leis e é,
essencialmente, uma pessoa boa que nunca penderá para o lado do mal. Mas e em
momentos de crise? Nesses momentos extremos ele seguirá a lei e enfrentará o
mal com todas as suas forças, pois sabe que isso é que irá salvar os inocentes.
Um personagem desta linha fará o que for necessário, lógico que nunca
sacrificando alguém, mas fará o necessário.
- Bondade antes da Lei: este é exatamente o inverso da
linha apresentado acima. De igual apenas o dilema, mas ao contrário. Quem não
lembra das crises existências de Clark Kent no seriado Smallville? Nos momentos
de crise um personagem desta linha não pensará duas vezes em deixar o ‘chefão’
fugir se isso trouxer algo de bom, como salvar a vida de alguém.
- Equilíbrio: este é o verdadeiro dilema neste alinhamento. Como
um personagem consegue lidar com os dilemas anteriores – bondade antes da lei
ou lei antes da bondade? Parece muito complicado, mas na realidade é a forma
mai fácil de lidar com este alinhamento. Muitos podem achar o contrário, já que
aparentemente lança o personagem naquele esteriótipo exagerado comentado
anteriormente. Mas na verdade esta possibilidade de equilíbrio coloca nosso
personagem no controle de suas ações se, e somente se, ele tiver a
possibilidade de escolha entre os dois dilemas.
Muitas
vezes as ações neste alinhamento, principalmente quando um personagem procura
uma via mais equilibrada, são confundidas com Neutro/Bom, mas uma diferença
crucial deve ser levada em conta. Um Leal/Bom fará a coisa ‘certa’ ou ‘boa’
pois ele deve ser o exemplo daquilo que acredita nunca indo de encontro com a
sua moral. Já o Neutro/Bom fará a coisa certa, pois deve proteger um bem maior.
Pode parecer pouca a diferença, mas é crucial.
Eles
estão convencidos de que a ordem e as leis são absolutamente necessárias para
assegurar que o bem prevaleça. Verdadeiros seres bons não vão querer mentir ou
enganar ninguém, seja ele bom ou mau. Mas não por isso que personagens desta
tendência não matarão. Alguns podem ficar horrorizados e subir em uma mesa gritando
que isso é uma blasfêmia, mas é apura verdade. Eles podem sim tirar uma vida
quando seu oponente estiver indo de encontro aos seus parâmetros de ordem (as ações
do oponente vão de encontro à uma lei estabelecida) ou contra seus parâmetros
de bondade (as ações do oponente podem gerar um ação má).
Em
guerras paladinos estarão sempre lutando e matando contra vilões e ações
opositoras que desejam agir de forma ‘má’ contra o seu povo. Claro que esta
ação de ‘matar’ não causará prazer algum ao personagem Leal/Bom como poderá lhe
trazer um certo remorso. Além disso, ele tentará todas as alternativas antes do
golpe final e mortal.
Diferenças
interessantes entre o Bem o as Leis
Uma
boa forma de entender a diferença entre os três tipos de alinhamento ligados ao
‘bem’ são sua relação com códigos de conduta (ou de honra). Os três exemplos
são apresentados abaixo deixando isso claro:
Leal/Bom: quem melhor
se adapta à um código de conduta, embora muitos digam que qualquer um dos
alinhamentos ‘bons’ conseguem, é o Leal/Bom. Além de ficar mais próximo do
equilíbrio esperado para este personagem, resolve alguns problemas ligados aos
dilemas de como proceder. O código adotado poderia ser tanto auto-imposto,
quanto codificado por uma lei. Quando o personagem se encontra dentro de algum
dilema seu primeiro impulso deverá ter referência no código, chegando, assim, à
uma resposta. Isso impõe sua consciência à norma estabelecida. Como é descrito
no Livro do Jogador D&D 3.5: “Um personagem com essa tendência se comporta
como todos esperam que uma pessoa boa o faça. Ele combina a vontade de combater
o mal com a disciplina de lutar incessantemente”. Ao mesmo tempo o Módulo
Básico de Tormenta RPG afirma:”Pessoas Leais e Bondosas fazem o que é esperado
de uma pessoa justa, respeitando a lei e sacrificando-se para ajudar os
necessitados. Cumprem suas promessas e dizem a verdade.”
Neutro/Bom: como já é
sabido, os personagens neutros não são tão afeitos à disputa entre ordem e caos.
Eles respeitam leis e autoridades, mas as podem as quebrar por um motivo que
considerem justo ou apenas para promover o bem. Algo diferente do Leal/Bom que vê
o caminho correto na manutenção da ordem (lei) onde quebrar a lei não é uma
opção, mas uma imposição de alguma circunstância. Códigos de conduta para este
tipo de alinhamento não servem muito se suas regras forem rígidas, se adequando
muito mais às ordens onde as regras estão ligadas à um certo grau de liberdade,
designado por ideais ou pelo modo ‘sincero’ de agir do personagem.
Caótico/Bom: aqui a lei não
serve para quase nada frente a consciência do personagem. Um código de conduta
aqui é quase impossível já que o personagem o quebrará as regras sempre que for
necessário já que sua consciência é sua verdadeira regra e guia. Ele não
aceitará que um mero código limite sua capacidade de fazer o bem.
Os
personagens que se enquadram nesta tendência são dos mais variados possíveis:
Superman e Shazam da DC Comics, Capitão América (principalmente na saga Guerra
Civil) e Justiça da Marvel, Hermione (Harry Potter), Apollo (Battlestar
Galatica), Seeley Booth (seriado Bones) e Peter Burke (seriado White Colar).