Mudança do RPG no Brasil
Neste último final de semana estive no
encontro RPG4N, aqui em Porto Alegre, na Casa de Cultura Mário Quintana, que
servia entre outras coisas para promover o Old Dragon Day 2012. Eventos iguais
aconteceram em 18 estados diferentes e em mais de quarenta cidades. Pelas
imagens quase todos eles foram semelhantes: nada tão fenomenal quanto uma
RPGCon, mas muito maior do que maioria imaginava.
Aqui em Porto Alegre, por exemplo,
houveram cerca de 60 pessoas inscritas no livro de presença do evento (uma
ótima ideia para controlar quantidade e a periodicidade do pessoal). Este povo
estava distribuído entre seis mesas de rpg (com pelo menos quatro sistemas
diferentes), uma mesa para cardgames diversos e outra mesa de boardgame. Em
resumo todos os segmentos estavam representados. Houve muita troca de
informações e experiências entre os participantes.
Tudo isso me provou algumas coisas
simples, ou pelo menos me comprovou. A
primeira delas é de que com toda a certeza o rpg está se fragmentando no sentido de não estar mais restrito à dois
ou três sistemas donos do mercado. Se formos avaliar bem das sete mesas de rpg
do evento uma era de Violentina, uma de Mighty Blade, três eram de Old Dragon e
apenas uma de D&D (se não me engano pois estava envolvido com outras
atividades por lá). Mas de qualquer forma a grande maioria das mesas estavam envolvidas
com sistemas 'novos' ou indie. O mercado esta fervilhando de grande ideias que
graças à facilitadores como a internet, a blogsphera e os financiamentos
coletivos, estão ganhando o mercado e arrebatando fãs.
Um evento como o Old Dragon Day é
prova cabal disso. Vejam que não estou desmerecendo em nada sistemas como
Tormenta RPG (um dos meus preferidos) e 3d&T, ambos lançados pela Jambô, ou
D&D e Mundo das Trevas, lançado pela Devir, ou ainda clássicos como GURPS e
Tagmar. Estou querendo mostrar que o mercado e os jogadores estão se abrindo
para ideias novas e inovadoras como os RPGs narrativos ou como os sistemas
convencionais e de fantasia, mas com novas concepções como Old Dragon, Mighty
Blade dentre tantos outros. Ninguém tem mais medo de investir alguns bons reais
em um sistema novo, ainda mais que podemos testar suas versões playtest via
internet (algo que não se podia fazer antigamente).
A segunda coisa que me ficou claro é
que o RPG tem um grande futuro com eventos desse tipo – regionais. Muitos
ficaram extremamente pessimistas quando houve o anuncio do cancelamento da
RPGCon. Eu mesmo fiquei muito pessimista. Mas o que aconteceu depois do anuncio
do cancelamento foi interessante. Pipocaram eventos em todos os estados.
Eventos que já aconteciam, mas eram pequenos, ganharam visibilidade. Estados
que nem imaginávamos que tinham eventos, surgiram com novas edições deles.
O principal propósito de um evento de
RPG, ao meu ver, é propiciar a troca de informação, a apresentação da novidades,
o ensino dos novatos, a especialização do veteranos, é criar novos ramos e
vertentes de produção de RPG. E isso é amplamente possível com os eventos
pequenos. Para falar a verdade, é muito mais fácil de acontecer em eventos de
pequeno porte. É ilusão acharmos, ou melhor, foi uma ilusão inclusive minha achar, que o cancelamento da RPGCon fosse
prejudicar a prática do RPG no Brasil. Claro que foi uma grande perda enorme,
mas não uma perda que vá afetar o RPG de forma fatal.
Acho
que estamos tomando consciência disso tudo com os acontecimentos deste ano. Não
sei se seria demais afirmar que subimos um degrau importante na história do RPG
no Brasil com os fatos do cancelamento da RPGCon, das mudanças no mercado, na
fragmentação dos gostos e nas ampliação dos eventos menores.