domingo, 29 de março de 2009

Material de Apoio - Lâminas I - História da Espada


História da Espada

Pensar em espadas é pensar a história de pelo menos os últimos 3000 anos. Não por pouco que ela foi chamada de “A Rainha das Armas”. Em sua longa vida ela foi o resultado de uma sofisticação do conhecimento humano aliada à uma evolução das técnicas de combate.

A espada é frequentemente atribuída às civilizações do velho mundo e aos povos que herdaram a arma. A espada era uma das principais armas no Egito, na África, na Caldéia, na Ásia, na Grécia pré-helênica, em Roma e no continente europeu.

A idade do Bronze estava em seu auge. Os homens aprendiam a trabalhar com formas diferentes de metais. A cada dia descobriam uma forma nova, um metal novo. Antes disso, no início da Idade do Metal, o caminho mais fácil (e porque não dizer lógico) foi a criação de adagas e facas de metal tentando imitar aquilo que conheciam e produziam de pedra (não foi iniciar uma palestra antropológica sobre isto) por isso era inevitável que formas pequenas fossem as primeiras a serem testadas em metal.

Na Idade do Bronze foi a primeira vez que forjou-se lâminas longas (longa em comparação às adagas e facas, e em forma de folha) e com cabos. Foi o exercício do conhecimento adquirido em uma infinidade de experiências realizadas por eles. O mais aceitável é que as primeiras experiências de espadas tenham sido de cabos sendo colocados em pontas de lança. As primeiras forjas foram de cobre e produziam as lâminas em bronze por ser um metal mais fácil de ser trabalhado com a tecnologia que tinham na época.

Como qualquer outra evolução tecnológica, o estímulo para a evolução da espada veio de três fatores – facilidade de manusear, resistência da arma e valor para produção (ou a relação entre facilidade de produzir/dificuldade de encontrar a matéria-prima).

Com isso a espada começou como uma peça única de metal indo da lâmina à empunhadura e em forma de folha com comprimento médio de 50 centímetros (havendo poucos exemplos com cerca de 80 cm e sendo as 30cm a preferência dos espartanos). Algum tempo depois ela ganhou revestimentos para a empunhadura por uma questão de conforto e para facilitar o manuseio. Na Grécia antiga temos as principais representantes das espadas em forma de folha e de bronze - a Phasganon e a Xiphos. As espadas do Império Romano começaram também em forma de folha e de bronze, mas com o advento do uso do ferro as espadas começaram a ter lâmina reta gerando o famoso Gládio, cuja principal evolução foi a Spatha.

Xiphos

Já durante o Império Romano algumas mudanças ocorreram. Uma das principais vantagens estratégicas militares, do Império Romano, era a utilização da cavalaria. Inicialmente eram usadas lanças que se mostravam muito eficientes num ataque veloz de carga, mas à curta distância eram completamente dispensáveis. Depois da carga teriam de largar a lança e usar o gládio. Mas pelo curto comprimento da lâmina mostrava-se mais ineficiente sobre o cavalo, obrigando-os a descer do animal. A solução foi procurar uma arma que pudessem usar de forma eficiente sem descer do cavalo. Surgiam assim as primeiras espadas longas da história – as Spathas. Elas podem ser consideradas como o verdadeiro ponto de partida para a grande maioria das espadas que surgiriam daí para frente na Europa

Gládio e Spatha

Curiosidade: A palavra ‘ESPADA’ vem do latin spatha (espada longa e reta romana de cavalaria), e anteriormente, do grego spathe. Por esta definição sabres e katanas não seriam espadas. Por definição elas seriam uma arma branca de um ou dois fios numa lâmina reta cortante ou perfurante e com uma empunhadura.

Esse desenvolvimento da lâmina de bronze e ferro não foram exclusividade das regiões gregas e romanas. Os povos do período celta tardio, os “bárbaros” escandinavos e vikings, tinham uma variação da spatha romana. Era uma espada de ferro, com lâmina reta e com as duas laterais afiadas, mas com uma ponta arredondada, medindo entre 85cm e 110cm.

Com o século IX e o contato dos povos a espada como era conhecida começou a mudar. A lâmina estreitou-se e a empunhadura alongou-se, ganhando a guarda cruzada clássica para proteger as mãos, o pommel ficou mais pesado (e ornamentado) para equilibrar o movimento da lâmina. Inicialmente essas espadas eram uma mistura dos estilos ‘vikings’ e ‘romanos’, como uma espada de transição. Foi inicialmente chamada de Arming sword ou espada-de-uma-mão como foi tipicamente conhecida no início da Idade Média. Com seus cerca de 80cm era a espada padrão dos campos de batalha ate o século XIV . Era leve e com ótimo equilíbrio, projetada mais para cortar do que para perfurar.

O advento das armaduras, cada vez mais espessas e protetoras, serviu como um das razões à evolução das espadas. Tivemos três tipos de espadas surgindo dessa época: as broadswords, as sideswords e as longswords. Espadas mais longas eram necessárias para causar mais dano e perfurar tamanha proteção ou para se adaptarem às mudanças nas formas de combate e técnicas de guerra da época. Estes três tipos de espadas foram usadas por mais de três séculos (entre os séculos XIII e XVII) e eram a arma mais amplamente usada nas guerras e combates por toda a Europa.

Broadsword

Longsword

Sidesword

Nesta época, junto com a evolução das novas espadas, elas começam a ganhar um elemento à mais, um elemento simbólico. Os nobres, a classe de guerreiros que se valia amplamente das espadas, começaram a usa-las mesmo quando estavam sem as pesadas armaduras, dando um rosto à lâmina. Elas começaram a encerrar em si um simbolismo de poder e nobreza

Outro segmento de espadas surgiram na Idade Média, uma espécie de variação da Spathas romanas. As conhecidas claymores (derivada do termo gaélico claudheamh mòr, que significa espada grande) e as greatswords (ou grandes espadas) propriamente ditas, que eram normalmente usadas e conhecidas como espadas-de-duas-mãos. Eram espadas para combates pesados e que requeriam técnicas específicas para seu manuseio.

Claymore

Nos séculos XVI e XVII as rapiers tronaram-se muito populares. Eram espadas mais leves com uma proteção ornamental para o punho, baseando-se mais nos golpes de perfuração do que de corte. Estávamos em plena época dos duelos. Junto com as inovações que esse novo tipo de espada trouxe tivemos o incrível surgimento de inúmeras escolas de combate sendo as principais as escolas alemã e italiana.

Rapier

Depois das rapiers, como inovação, tivemos as basket-hilted sword, originadas de uma junção das sideswords e dos rapiers no século XVII. Daqui saíram quase meia dúzia de outras espadas. Outros tantos tipos de espadas apareceram por toda a Europa, mas sem criarem linhas ou linhagens. Eram mais pontuais, mas não menos importantes. O advento das armas de fogo acabaram por tornar a evolução das espadas algo mais ligado à estética do que à funcionalidade.


Basket-hilted sword

Não é o nosso interesse em fazer um tratado sobre espadas, apenas tornar claro diferenças e características e apresentar aos fãs de fantasia, seja RPG ou literatura, elementos que possam ser usados.

[Atualização 2018]