sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Storyteller e MM

Uma adaptação de Storyteller
para Mutantes & Malfeitores - Parte 1
Quando conheci o sistema de Mutantes & Malfeitores, um dia lá na Jambô, o Rafael me disse que com aquele sistema seria possível de se adaptar quase tudo, que ele moldaria outros sistema, sem grandes perdas. Eu não acreditei muito, pois parecia algo muito difícil de ser possível. Mas, de qualquer forma, adquiri meu exemplar e, como já disse anteriormente, nunca me arrependi disso.

No próprio fórum da Jambô já tivemos as mais variadas amostras do potencial do sistema de MM adaptando de tudo um pouco. Certa vez, no tópico do Pensamento Coletivo (um dos grandes conhecedores de MM lá no fórum) foi postada a ficha de uma personagem de Vampiro, a Máscara - Lucita. Ele mostrou os passos que utilizou para uma adaptação parcial do sistema de Vampiro para MM. Foi verdadeiramente um ótimo trabalho. Tanto que acabei por tentar adaptar uma ficha de Vampiro também – Kemitiri. Adorei o trabalho que foi adaptar aquela cainita de quarta geração.

Logo que terminei fiquei pensando no que eu poderia fazer para trazer algo como isso para a Confraria. Conversei com o Pensamento Coletivo e ele me autorizou a postar aqui o material dele. Esse material do PC será a base de tudo. Eu pretendo aprofundá-lo, com ajuda do próprio PC, e descrever de forma fácil e clara tudo o que for possível para trazer o Storyteller para o universo de Mutantes & Malfeitores.


VAMPIRO EM MUTANTES & MALFEITORES

Algumas coisas têm de ser explicadas antes de tudo. Em impossível uma adaptação (ou conversão) completa das regras de um sistema para outro. Na década de noventa, por exemplo, foi lançado pela Steve Jackson Games uma adaptação de Vampiro para GURPS. Ali já deu para ver que isso é um trabalho ingrato e inalcançável em muitos aspectos. Mas tentaremos aqui, de forma simples, uma conversão minimamente jogável, das fichas de Storyteller para MM.

HABILIDADES:

As habilidades físicas são o primeiro passo. Elas possuem equivalentes em praticamente todos os sistemas existentes. Desta forma Força (For), Destreza (Des) e Vigor (Vig) são equivalentes à Força, Destreza e Constituição em MM.

Com a utilização de uma tabela simples podemos converter os atributos, de Storyteller, para as habilidades, de MM, assim:

Atributo 1 = Habilidade 9 ou menos
Atributo 2 = Habilidade 10-12
Atributo 3 = Habilidade 13-15
Atributo 4 = Habilidade 16-17
Atributo 5 = Habilidade 18-19
Atributo 6 = Habilidade 20-21
Atributo 7 = Habilidade 22-23
Atributo 8 = Habilidade 24-25

É bem simples. Numa ficha em que o cainita possui, digamos, o atributo Força 3, em MM representaria a habilidade Força entre os níveis 13 e 15. Essa variação será decidida pelo perfil do personagem que estamos convertendo. Possivelmente um Brujah terá sua força no limite máximo, enquanto um membro do clã Nosferatu poderá contar com uma força mais amena dentre as nossas possibilidades.

Já as habilidades mentais são um pouco mais complicadas de serem trabalhadas. Em MM temos Inteligência, Sabedoria e Carisma, enquanto em Vampiro temos Carisma, Manipulação, Percepção, Inteligência e Raciocínio. Claramente não há como realizarmos uma conversão direta entre elas. A solução é um cálculo (aqui vai o primeiro parabéns ao PC pela inventividade e grande visão dos sistemas).

Soma-se os níveis de Carisma, Manipulação, Percepção, Raciocínio e duas vezes Inteligência. Multiplica-se o resultado por 1,5 e soma-se 15 ao resultado (arredondando para baixo). O valor final é o total de níveis que o personagem em questão terá para distribuir entre as Habilidades mentais na ficha de MM. Esse valor pode ser dividido conforme melhor representar o conceito do personagem.

Para exemplificar. Um personagem possui Car 3, Man 5, Per 4, Int 4 e Rac 4. Para converter isso para MM fazemos o cálculo 3+5+4+4[x2]+4 = 24x1,5 = 36+15 = 51. Significa que teremos 51 pontos de Habilidade para distribuir entre Inteligência, Sabedoria e Carisma na ficha de MM. Poderia ficar, por exemplo, Int 15, Sab 17, Car 19. Ou qualquer outra distribuição que somasse 51 pontos.

Aparência foi retirada do cálculo, pois pode ser fielmente representada pelo feito Atraente de MM. Assim, usaremos uma forma diferente para sua conversão. A base seria Aparência 4 que equivaleria ao Feito Atraente 1, Aparência 5 equivale ao Feito Atraente 2 e assim por diante.

PERÍCIAS E FEITOS:

Tudo aquilo que sabemos fazer, aprendemos a fazer ou instintivamente sabemos fazer é considerado, em Storyteller, uma Habilidade. Dentro do sistema ela é dividida em três categorias – Talentos, Perícias e Conhecimentos.

Em MM isto tudo está compreendido em Perícias e Feitos. Não vou me prender aqui em explicações sobre o que representa cada um deles, pois se você está interessado em realizar estas adaptações é porque já conhece minimamente os sistemas. De qualquer forma algumas impressões devem ser elucidadas.

Algo que compreendi melhor na prática da adaptação é que algumas dessas Habilidades do Storyteller podem até vir a ser um Poder em MM. Da mesma forma que algumas das disciplinas (que imaginamos prematuramente serem convertidas em poderes) podem vir a ser uma perícia ou feito em MM. Muito da conversão virá do conceito do personagem, daquilo que ele nos passa quando lemos sua ficha ou seu background.

Explicado isso vamos ao que interessa – a conversão propriamente dita. O cálculo é bem simples. Cada nível de Habilidade (em Storyteller) equivale à 2 graduações nas suas perícias equivalentes em MM. Desta forma, por exemplo, Furtividade 3 e Sobrevivência 4 (numa ficha de Storyteller) equivale à Furtividade 6 e Sobrevivência 8 (numa ficha para MM).

Nem todas as habilidades serão visualmente tão fáceis de serem convertidas. Muitas delas entrarão como a perícia de MM chamada Conhecimento. Outras, ainda, terão de ser compreendidas e encaixadas em um ou mais lugares.

Marvel 70 Anos

MARVEL – 70 ANOS DE HISTÓRIA


A Marvel não é uma simples editora ou empresa americana. Nenhuma instituição que alcance longelíneos setenta anos pode ser considerada simples. Seu início monta da década de trinta pelas mãos De Martin Goodman sob o nome de Timely Comics. Era o ano de 1939. Os primeiros à aparecerem nas páginas da ‘Marvel Comics’ foram Tocha Humana e Namor. Posteriormente, durante a década de quarenta um dos maiores ícones da editora foi apresentado ao público – Capitão América.

Durante a década seguinte – os anos 50 – as crises que se apresentaram ao mercado americano influenciaram as produções da Marvel. Iniciaram uma vertente pouco conhecida da maioria do público – publicações sobre monstros. Durante quase uma década se dedicaram quase que exclusivamente à este tema, relegando os personagens de seu início ao quase completo esquecimento.

Mas no início dos anos sessenta, justamente um concorrente, trouxe a Marvel de volta às suas origens. A DC Comics inunda o mercado americano com publicações que trazem à voga, como tema central, os super-heróis. A Marvel percebe um possibilidade de seguir no mesmo caminho. Este reinício a Marvel deve à dois dos seus maiores nomes – Stan Lee e Jack Kirby. Eles deram o pontapé inicial criando e lançando o Quarteto Fantástico, e seguindo com Homem-Aranha.

A Marvel soube explorar o seu diferencial com relação à sua concorrente. Enquanto a DC dava ênfase à figura do herói em si e seus feitos incríveis, a Marvel sempre procurou humanizar ao máximo seus personagens, trazendo-os o mais próximo possível à realidade na qual os leitores viviam.

Os anos setenta e início dos oitenta foram marcados pela reestruturação da editora dando-lhe novo fôlego no mercado editorial americano. Neste meio muito deve-se à revitalização dos X-Men (nas mãos de Chris Clarenint e John Byrne). Em 1988 a Marvel foi comprada por Ronald Perelman levando à editora à dois momentos distintos. No início dos anos noventa a grande receptividade e procura por títulos de quadrinhos baseado em heróis fez a Marvel ter seus cofres recheados mas, cerca de cinco anos depois, foi abalada por um escândalo financeiro levando-a quase à falência. Após longa briga judicial e grande mudanças no segmento de distribuição (inibindo o potencial do mercado editorial de quadrinhos) a Marvel parou nas mãos de Isaac Perlmutter que juntamente com Bill Jemas e Joe Quesada. A mudança de direção promoveu um novo crescimento, revitalizando seus títulos e sua fatia no mercado.

A nova política, iniciada em 1997, contou também com a entrada da editora num segmento ainda pouco explorado até então – a sétima arte, o cinema e a televisão. Muitos de seus títulos foram licenciados para grandes estúdios e canais de televisão. Assim pudemos assistir no cinema X-Men, Homem-Aranha e Hulk, e na televisão seriados como o centrado em Blade.

Completando setenta anos de caminhada a Marvel tenta manter-se atualizada frente ao seu público. Possui agora segmentos para uma fatia de leitores adultos – Marvel Knights e MAX – além de investir em uma grande quantidade de títulos mensais e licenciar uma grande quantidade de personagens para futuras produções para o cinema. A última investida da Marvel foi para abocanhar o público usando a novíssima mídia que é a internet. Criaram a Marvel Digital Comics Unlimited, possibilitando que o público possa acessar um banco de dados de mais de 2500 edições antigas digitalmente apenas pagando uma taxa mensal.

Esta é a história de uma grande empresa que soube crescer aprendendo com seus erros e levando sempre em consideração que o mais importante sempre foi o seu público.


MARVEL NO BRASIL – UMA HISTÓRIA À PARTE

No Brasil a Marvel surgiu em Julho de 1967 como promoção de uma rede de postos de gasolina. A editoral EBAL (Editora Brasil-América) já era possuidora dos direitos sobre a DC Cômics no Brasil. A aquisição dos direitos sobre a publicação dos produtos da Marvel deu-se numa parceria entre a EBAL e os Postos Shell para o lançamento da edição zero de três revistas. A ‘Capitão Z’ trazia Homem de Ferro e Capitão América, a ‘Super X’ trazia Namor e Hulk e ‘Álbum Gigante’ com Thor. Mais tarde ainda chegaram dois dos principais personagens dos quadrinhos da Marvel por aqui. Homem Aranha surgiu na edição 11 de Álbum Gigante (Abril de 1969) e o Quarteto Fantástico chegou na edição número 1 de ‘A Maior’ (que substituiui Super X, Capitão Z e Álbum Gigante em Junho de 1970). Aos poucos outros heróis foram chegando às bancas. Demolidor em 1696, Mestre do Kung Fu em 1974 e muitos especiais do Homem Aranha desde 1971.

Naquela época a questão ‘exclusividade’ não tinha ainda tanto interesse comercial. Desta forma a EBAL não era a única detentora dos direitos sobre os personagens da Marvel. Desde de 1969 a concorrência foi grande. A GEP,desde 1969 mesmo, lançava X-Mem, Surfista Prateado e Capitão Marvel enquanto a Trieste lançava as aventuras de Nick Fury. Em 1972 outra editora entrou na dança, a GEA, lançando Demolidor, Hulk, Quarteto Fantástico, Homem de Ferro e Namor (que estavam quase esquecidos pela EBAL). Havia ainda a editora Paladino com os lançamentos de Ka-zar; a editora Miname & Cunha com as revistas de Conan e Dr Estranho; e a editora Gorrion com Luke Cage e Shana.

No meio da década de setenta as coisas mudaram. A Bloch editores adquiriu os direitos sobre a Marvel. Editora de grande sucesso e renome na época no mercado brasileiro, resolveu dar força neste segmento. Foi lançado em fevereiro de 1975 ‘O Novo Capitão América’ em formatinho (a clássica revista pequena) e colorida. Em seguida vieram as revistas do Hulk e do Thor (Março de 1975); Demolidor, Homem de Ferro e Namor (Abril de 1975); Homem Aranha e Tocha Humana (Maio de 1975); Ka-zar e Vingadores (Novembro de 1975); Defensores, Conan, Motoqueiro Fantasma e Mestre do Kung Fu (1976). Isso durou até 1979.

Em Janeiro de 1979 a REG (Rio Gráfica Editora) iniciou os lançamentos das revistas Marvel ao adquirir os direitos sobre o selo. Tudo (re)começou com Homem-Aranha e Hulk, sendo seguidos por Quarteto Fantástico, Almanaque Marvel (bimestral com os personagens Nova, Mulher-aranha e X-Men) e Super-heróis Marvel (bimestral com aventuras do Home-Aranha juntamente de um convidado especial por edição e o Coisa).

Juntamente com a RGE, a Abril lançou também revistas de personagens da Marvel em 1979 - meses depois da RGE, a Abril lançava a ‘Capitão América’ 1. Essa dualidade de edições da Marvel eram um incômodo para os leitores que por vezes tinham aventuras em tempos cronológicos diferentes no mesmo mês na banca, mas por editoras diferentes. Muito embora os principais personagens do momento estivessem com a RGE, a qualidade da produção da Abril era muito superior, e esse diferencial pesou na concorrência entre os dois. Aos poucos a Abril foi ampliando seu leque de personagens e tomando o espaço da RGE. Em 1982 a Abril lança ‘Superaventuras Marvel’ com Demolidor, Dr Estranho, Pantera Negra e Conan. A RGE ainda respiraria até o final de 1982, mas não conseguiu ir além, encerrando suas atividades com a Marvel naquele final de ano.

Assim a Abril acabou por assumir todo o selo e em 1984 são lançadas as revistas Homem-Aranha e Hulk. Daí por diante tudo ligado à quadrinhos da Marvel tomou enormes proporções. Saia o primeiro volume de ‘Grandes Heróis Marvel’ (com aventuras especiais de forma trimestral) e a ‘Espada Selvagem de Conan’. Foram os anos de ouro da Marvel no Brasil, e a Abril tirou o melhor proveito disso. Durante toda a década de oitenta especiais eram lançados – Elektra, Wolverine, Guerras Secretas, X-Men entre outras. Ainda nos anos oitenta iniciava a era dos mutantes nas bancas – X-Men ganhavam uma revista própria e anos depois teríamos uma revista própria para Wolverine e para X-Factor, além de mais uma publicação mensal para os X-Men em formato americano.

Isso durou até os anos iniciais do século XXI. Grande problemas financeiros assolaram a editora Abril fazendo reduzirem títulos. Em todos os seus segmentos. O mercado se retraia, devido à questões financeiras e à inundação de novas editoras, e isso era mortal para a vida da Marvel na editora. Mudanças foram tentadas. Os títulos forma reduzidos à apenas quatro mensais, em formato americano, cem páginas e papel especial. Era uma ótima qualidade, mas ainda assim o preço afugentava seus leitores e a situação ficou ainda pior. Esta tentativa durou dois anos. Era a despedida da Marvel da editora Abril.

Muitos achavam que isso era o fim da saga de heróis no mercado brasileiro. Mas de repente surge a Editora Panini.

A Panini é uma grande potencia mundial no setor editorial de entretenimento. Atua em todos os continentes e, diferente das editoras nacionais, tem toda a força de uma multinacional por detrás de suas atividades. Adquirindo os direitos sobre a Marvel e DC, a Panini entra no mercado brasileiro sem medir esforços para retomar a fatia de mercado que a Abril perdeu ao longo de anos. Aliado à isso teve a sorte de ter assumido justamente quando grandes reformulações foram empreendidas pela Marvel revitalizando muitos de seus personagens em momentos que lembravam o auge dos anos oitenta. É certo que o mercado de quadrinhos de heróis que a Marvel tem sob seu cuidado é menor do que uma década atrás. Mas o mercado que possui hoje é extremamente forte e sustentável. Nota-se isso pela grande quantidade de títulos mensais – nunca houveram tantos – e pela erupção de especiais à todo mês. Aliamos esse público fiel à grande leva de sagas de sucesso - Guerra Civil, Zumbis Marvel e a novíssima Invasão Secreta - e temos a fórmula do sucesso.

A Marvel chega aos seus setenta anos de vida em 2009 pronta para mais setenta, no mundo e no Brasil.