CURSO DE HERÁLDICA 19
Peças de Honraria V
Vamos ver mais uma das peças de honrarias – a Aspa.
A Aspa, ou sautor (originário do francês sautoir), é uma honraria baseada na cruz em que Santo André foi crucificado (a chamada bandeira de Santo André é um fundo azul com uma aspa vermelha). Em última análise uma aspa nada mais é do que uma cruz colocada de lado, ou verticalizada. Algumas obras, principalmente do meio e final do século XIX, descrevem a aspa como a junção de outras duas peças de honraria – a banda e a contra-banda (ou barra). Sua espessura média é de cerca de um quarto à um quinto da largura do escudo. Caso a aspa seja formada por braços mais estreitos, esta aspa é denominada ‘saltorel’.
Sua caracterização clássica estende-se até as bordas do escudo. Se seus braços não chegarem até as extremidades chamamos de uma aspa ‘cortada’, como acontece com o brasão de Greenwood.
Diferente da peça de honraira ‘Cruz’, as aspas não possuem variações tão diversas quanto ela. Suas alterações residem apenas no tipo de linha lateral que forma a aspa. A única excessão é um aspa formada por duas linhas entrelaçadas que recebe o nome de ‘saltire parted and fretty’ (sem tradução exata para o português).
Eles também podem aparecer mais de um vez sobre um escudo. Não esqueçam que as honrarias são peças colocadas sobre o escudo, desta forma podem estar sobre o escudo sem a necessidade de estar a disposto simetricamente e todas serão consideradas ‘aspas cortadas’. Um exemplo claro disso é o estranho brasão de Greenland (cuja descrição seria ‘três aspas cortadas, verdes, sobre escudo prata’) na imagem abaixo. Necessriamente, quando temos mais de uma aspa no escudo, elas serão ‘cortadas’.
Caso o escudo apresente dois esmaltes diferentes postos de forma regular (os mesmos em cima e em baixo, e outro nos flancos), nos espaços criados pela ‘aspa’, começamos a descrição pelo esmalte nas partes superior/inferior (áreas do chefe e base), descrevendo depois o esmalte dos flancos. Caso haja mais de dois esmaltes, descrevemos primeiro o superior, em segundo o flanco esquerdo, depois o do flanco direito, e por último o da base inferior. No exemplo abaixo temos um caso do primeiro tipo apresentado. Ele poderia ser descrito como ‘aspa em prata, com escudo em azul e negro, com flor de liz acima e abaixo e símbolo do signo de gêmeos nos flancos etc’.
Além disso, podemos ter figuras em uma posição de aspa, como no caso do brasão do Vaticano, onde temos duas chaves cruzando-se no centro do escudo. Para o brasonamento deste tipo de caso colocamos primeiro a descrição da figura informando sua possição em aspa e depois damos as informações do escudo.