“Uma lei injusta não é uma lei em
tudo!”
Santo
Agostinho
À
primeira vista parece um alinhamento contraditório. Como alguém pode ser
caótico e bom ao mesmo tempo? Mas quando pensamos em critérios mais profundos
podemos identificar muito bem a beleza desta peculiaridade. Os personagens
caóticos/bons são rebeldes em seu âmago considerando-se livres para fazerem o
que desejarem, principalmente para fazer o bem da maneira que quiserem. Essa
liberdade extremada pode ser evidente neles de uma forma mais sutil, quando
eles simplesmente ignoram normas sociais e leis instituídas, ou de uma forma
mais extremada, quando na forma de anarquista negam e combatem a ordem
estabelecida.
Mas
nunca se esqueçam que esse combate à ‘ordem’ vem de sua característica
‘caótica’. Ou seja, eles não se colocam contrários à ordem para seu benefício
próprio, mas por considerarem que um bem maior virá com o fim daquela ordem
estabelecida. Ele considera que os indivíduos só podem alcançar a verdadeira
satisfação e felicidade através da liberdade total. O ponto final, ou quem sabe
central, permanece sendo os sentimentos e necessidades dos outros. Ele faz seu
próprio caminho, mas mesmo assim, ele pode ser considerado gentil e
benevolente.
Mas
esse lado caótico cobra um preço do personagem. Tanto ele é contra à ordem,
como já disse, de uma forma mais sutil ou extremada, que ele acaba sendo uma
pessoa isolada, individualista, que dificilmente será visto por muito tempo com
um grupo fixo de aventureiros. Lógico que pelo bem maior ele se manterá aliado
pelo tempo que for necessário.
Nas
pesquisas que fiz encontrei alguns tipos de caóticos/bons que são definidos
conforme o peso que essa dualidade tem no alinhamento. O primeiro seria aquele
personagem onde o viés caótico está mais presente que o bem. Neste caso eles
prezam a liberdade mais do que tudo tanto para eles quanto para todas as outras
pessoas. Mas de qualquer forma essa ‘liberdade’ é regrada pelo desejo de fazer
o bem. Isso acontece em suas mentes de uma forma considerada natural por eles,
nunca como um dever, uma obrigação. Sua visão tanto é de falta de obrigação que
eles não admitirão serem chamados de herói, nem espere que eles compareçam a
uma cerimônia de entrega de medalhas por serviços prestados.
Outro
tipo de personagem deste alinhamento são aqueles onde o bem tem um peso maior
que seu caráter caótico. Aqui o ato de fazer o bem vem em primeiro lugar
assumindo sim uma postura de dever. A sua liberdade, embora fundamental, vem em
segundo plano. Uma frase interessante que li sobre essa variação é que ‘eles
sentem que ser bom é o preço de ser livre’. Desta forma eles não desconsideram
as leis, as usando apenas no essencial, e se valem delas para poderem trazer o
bem e dar liberdade aos outros. Mas não esqueçam que mesmo aqui eles não
deixarão que as leis fiquem entre ele e o bem necessário de ser feito.
Um
terceiro tipo seria aqueles que se dedicam à ambas as ações – bem e liberdade.
Aqui o bem leva a liberdade e a liberdade leva ao bem, segundo suas concepções.
Eles lutarão por governos mínimos ou mesmo inexistentes ao mesmo tempo que
acreditam que uma sociedade que viva com sentido no bem apenas não necessitará
de um governo.
A
última variação seria uma mescla entre o primeiro e o segundo tipo. Eles
acreditam em fazer o bem e em ter liberdade antes de mais nada, mas ao mesmo
tempo eles sabem que não vivem em um mundo de fantasias e que eles não tem
condições de simplesmente criarem uma sociedade utópica do nada. Eles procuram
encontrar um meio termo entre o que desejam e a realidade até que possam chegar
ao ponto que tanto almejam.
Para
muitos jogadores o alinhamento caótico/bom é o melhor ou o pior dos
alinhamentos. Ele pode ser o melhor, pois combina o ‘bom coração’ com um
‘espírito livre’. Ao mesmo tempo ele pode ser o pior dos alinhamentos, pois
além de atrapalhar a ordem de uma sociedade ele pode punir aqueles que mesmo
sendo bons consideram necessário a existência de uma ordem social.
Outra
questão que surge seria qual a verdadeira diferença entre leal/bom, neutro/bom
e caótico/bom? É simples. A diferença deles está simplesmente no método que
eles acreditam ser o mais apropriado e correto para chegar ao seu destino. Eu
já comentei isso em outra das postagens sobre os alinhamentos.
Entre
os personagens famosos que se encaixariam nesta tendência temos Batman e
Mulher-Gato (DC Comics), Han Solo (Star Wars), Fred e George Weasley (Harry Potter),
Robin Hood e John Constantine (Hellblazer).