quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Starfinder: a versatilidade dos drones


Starfinder
A versatilidade dos drones

Starfinder é inegavelmente uma fonte de coisas legais para suas aventuras de RPG, mas uma coisa que ainda não tinha me atido até agora era a questão dos drones da classe Mecânico.

Eu soube de sua existência logo que peguei o livro em inglês em mãos, mas confesso que não dei a devida importância naquele momento. Assim como as espaçonaves, apenas quando começamos a pensar neles em termos de jogo, história ou background e começamos a cria-los é que percebemos todo seu potencial.

Um Drone é uma das duas opções da classe Mecânico para sua habilidade de 1º nível Inteligência Artificial. Logo que um personagem assume a classe Mecânico, é considerado que ele construiu uma I.A. (Inteligência Artificial) sob a forma de um drone ou de um exocórtex. Para ser mais simplista um drone seria algo no estilo BB8 de Star Wars ou o Rover, da Pidge, em Voltron, enquanto um exocórtex seria algo como um Jarvis ou Friday diretamente dentro da mente de Tony Stark.


Na primeira vez que passamos os olhos sobre o tema pensamos “ok, legal”. Mas quando começamos a ver as especificidades que podem assumir, sua mecânica de funcionamento em jogo e o quanto que pode influenciar no andamento e desenvolvimento de nossa personagem, começamos a pensar neles – principalmente no drone – com muito mais carinho.

Um drone é um constructo do subtipo tecnológico com todas as características básicas que um NPC teria com dois elementos essenciais: ele tem sua evolução em níveis vinculada à evolução do personagem e ele funciona como um companheiro especializado do personagem. Este drone seguirá as ordens do seu “construtor” que deverá estar ao alcance de estabelecer contato visual, auditivo ou de aparelhagem que estabeleça comunicação (no 20º nível ele se torna autônomo) para receber ordens. Se o seu construtor estiver inconsciente ou impossibilitado de dar ordens, o drone estará ‘inativo’.

Pela mecânica de Starfinder a importância do drone é dada principalmente para momentos de combate e ações proativas do personagem. Seu drone poderá atacar, espionar ou realizar tarefas especializadas. Há toda a lógica nisso, pois um RPG, principalmente um como Strafinder, centra muito de sua atividade nesses campos. Com isso espera-se que ele possa ajudar na hora de servir de apoio em combate, ou desarmar um dispositivo perigoso ou mesmo realizar reparos no casco da espaçonave.


O Livro Básico de Starfinder nos dá um belo rol de opções para construção de nosso drone. Sua lógica segue a mesma usada nas espaçonaves. Ele sai de um modelo básico que é especializado pelo personagem e focado no chassi. Há três chassis para construção de drones com especificações que se enquadram na função que imaginamos para ele. O drone Combatente, com seu tamanho médio, é o maior deles e tem suas funções centradas em combate com ênfase na Força, em salvamentos de Fortitude e no uso de armas. O drone Furtivo tem tamanho médio, muitas funções de movimentação diferenciadas e tem ênfase em velocidade, em Força e Destreza, no salvamento de Reflexo e em ações de infiltração e espionagem. O drone Flutuante é o menor deles (tamanho minúsculo) com ênfase na Destreza, no salvamento Reflexo e com funções adequadas tanto para combate quanto para espionagem, mas de menor impacto, sendo ideal para funções especializadas.

Com o chassi escolhido temos muitas opções para criar um drone único. À cada nível que ele alcançado (conforme o nível que o jogador alcança) ele tem um limite de pontos de vida, de BBA, CA, de salvamento (valores específicos para salvamento Bom ou Ruins), um total x de talentos, aumento de valor de um atributo (+1 no 4º nível de posteriormente à cada três níveis em apenas duas opções) conforme o chassis, um total de Mods (modificações) e habilidades especiais. Os Mods são a parte mais interessante, pois com eles é que daremos cor e tempero ao nosso drone. Quer que seu drone tenha hidrojatos, ou mais armadura, ou braços manipuladores, ou campo de invisibilidade ou mesmo uma sub-rotina média? Os Mods é que proporcionarão isso. Juntando chassi, perícia, talento e Mods e teremos uma infinidade de possibilidades de drones em nossas mãos.


Isso é apenas uma parte da diversão.

Sabemos da importância e das necessidades de um sistema como Starfinder em proporcionar elementos que estejam adequados à expectativa dos jogadores, principalmente no que diz respeito à combate. Dentro disso a regra de autonomia de combate vinculada à capacidade do jogador/criador em transmitir ordens tem toda a lógica e faz seu papel perfeitamente. Mas podemos dar mais vida para nosso amiguinho constructo aderindo à certa autonomia de interpretação para eles. O que quero dizer com isso?

Haverão muito momentos nas campanhas de Starfinder que estarão longe dos combates. Momentos de interação entre os membros do grupo, momentos de interação com NPCs, momentos de espionagem, momentos de captação de informações ou recursos e tantos outros momentos imaginados pelo mestre onde os personagens não estarão empunhando suas poderosas armas lasers. Em todos esses momentos o drone pode e deveria ser utilizado com uma interpretação mais livre pelo jogador.

Ao invés de uma interpretação pautada pela funcionalidade apenas em momentos de combate ou de necessidade, invista em usar o drone em todos os momentos do jogo tal qual um verdadeiro NPC ou sidekick. Pense em sua personalidade, que normalmente faz um contraponto à personalidade do jogador/criador ou então é um retrato exagerado da personalidade dele. Deixe que tenha carisma ou mau humor, um toque piadista ou medroso. Faça com que tenha um espírito que engrandeça o grupo e a aventura.


“Mas isso não é fugir das regras?” - alguém pode perguntar. Sim e não. Nunca fui um advogado de regras, tampouco alguém que as rasgasse em prol do anarquismo total na mesa. Ainda podemos seguir a diretriz básica de que, antes do 20º nível, o drone precisa de ordens dadas pelo seu criador. Mas podemos considerar que o drone precise dessas ordens em momentos chave onde uma decisão crucial se faz necessária: atacar ou não atacar; como atacar; quem atacar; entrar em determinado local; seguir determinado caminho; proteger A ou B. Todas essas opções são importantes em momentos cruciais do jogo e quase sempre, como já enfatizei anteriormente, nos momentos de combate e pró-ativos do jogador. E mesmo nesses momentos podemos ser perspicazes com as ordens: faça o possível para eles não chagarem aqui; proteja-o a todo custo; entregue isso aja o que houver; esconda-se. Mas em todos os outros momentos faça seu drone ter certo grau de autonomia, desde que não fira questões chave e que não inverta a relação personagem-sidekick. Isso irá acrescentar muito à narrativa.

Quanto ao mestre, permitam que seus jogadores possam desenvolver seu drone e pensem neles na construção da aventura, dos desafios e inclusive dos combates. Sejam mais permissivos quando o jogador usar seu drone em momentos que não são cruciais ou de combate, e deixe-os livres para criar linhas narrativas e de ação em paralelo à aventura. Possibilite que os drones de seus jogadores interajam com NPCs e, quem sabe, com outros drones. Já imaginaram que podem inclusive criar cenas apenas para os drones? Não há limites!!!

Bons jogos!