sábado, 30 de novembro de 2013

Resenha II - THE LAST OF US


THE LAST OF US

“Droga… Mais Estaladores!”

- Palavras mais comuns de Joel
                                                                                                                                                     por quase todo o jogo

By Douglas "Antonywillians"

Apocalipse zumbi já se tornou uma mania nos games e demais mídias. Um mundo tomado por essas criaturas que um dia foram humanos vivos agora estão por todas as partes esperando carne de sangue fresco aparecer e devorá-lo. E geralmente você é essa carne fresca. Mas imagine que agora você também é responsável por transportar por meio mundo uma criança que possui a cura para toda essa maluquice, e ninguém acredita nisso… Pois bem, esta é a premissa de The Last of Us.
Aqui estou eu novamente, resenhista Douglas Antonywillians, lhes trazendo informações sobre mais um grande game. Um provável indicado ao Video Game Awards deste ano, The Last of Us é um espetáculo de jogo, um dos poucos lineares que vieram ganhando verdadeiro respeito dos fãs.
Este jogo de Ação e Stealth foi desenvolvido pela Naughty Dog, a mesma da série Uncharted, tendo sido lançado recentemente no dia 14 de junho de 2013, como um exclusivo da Sony, tendo saído para Playstation 3.

 

Tenha medo…
Esta história é baseada em um futuro provável!

Não há muito tempo atrás um programa da BBC, chamado Planet Earth, fez uma matéria sobre um curioso fungo que vive em florestas tropicais como do Brasil e África, comumente conhecido como Cordyceps. Ele é conhecido por soltar esporos que entram em formigas e parasitam o corpo do inseto, procriando até assumir conta do cérebro e então matar a criatura, usando os últimos impulsos nervosos para locomovê-la até que o corpo esteja completamente tomado pelo fungo, aproxime de outras formigas e espalhe seus esporos para sua contínua procriação. O parasita não parece afetar outros seres maiores, mas foi suficiente para a Naughty Dog ter ideias para um novo e ótimo enredo.
A história conta que tal fungo passou por uma mutação e passou a espalhar seus poros pelo ar contaminando corpos humanos, de maneira a atacar diretamente o cérebro, alterar seus impulsos nervosos tornando os hospedeiros bestialmente violentos, e logo literalmente brotar da cabeça arrebentando o crânio e assumindo o controle completamente. Agora imagine isso solto no mundo durante 20 anos!!! Pois é, mas este é apenas o pano de fundo, na verdade The Last of Us é mais a história pessoal e emocional de dois protagonistas do que um conto de horror.
Joel é um dos principais. Não é um herói como era Nathan Drake em Uncharted, é apenas um homem comum com problemas do passado, perdido em um mundo condenado… Agora incumbido com uma missão especial, contrabandear a adolescente Ellie, que nasceu em meio a essas eras conturbadas, até muito além dos muros que protegem sua cidade, pois ela mesmo tendo sido mordida não evoluiu o fungo em si, logo podendo ser a cura para a humanidade. Um verdadeiro fardo.
The Last of Us nos traz uma história talvez não tão original, mas sensacional a seu estilo. Levando o personagem pelos mais diversos cenários norte-americanos, como as zonas urbanas seguras conhecidas por Quarentenas, cidades desoladas e arruinadas, bosques, usinas, acampamentos de sobreviventes, universidades usadas como bunkers etc. Durante cerca de 20 horas de jogo você atravessará uma grande distância dos Estados Unidos enfrentando bandidos e as criaturas contaminadas, enquanto a história narrará um conto de terror psicológico e de emoções reprimidas, dando bons toques de drama pós-apocalíptico e medo do desconhecido.

Sobreviva se Puder!!!

Há um bom tempo iniciou uma mania de produtos com mortos-vivos e seres zumbificados na temática de apocalipse, entretanto, também nos deparamos com uma fonte enorme de games que por vezes nos faziam cansar de ficar sempre nesta idéia de inúmeros corpos ambulantes, gemendo e prontos para arrancar parte da carne do protagonista. Apesar de pedir, poucos possuíam uma verdadeira temática de survive, ao melhor estilo dos antigos Resident Evil em que munição era mais raro que ouro!
The Last of Us resgatou essa idéia. Nele você vive em um mundo linear, ou seja, sem mundo aberto ou qualquer estilo mais voltado a exploração vasta, o que não impede que mesmo assim haja fases em que você se encontra em subúrbios abandonados onde pode entrar nas casas em procura de materiais ou mesmo vagar atrás de objetos em túneis e complexos subterrâneos antigos. Levando em conta que não há mais mercados ou qualquer meio de troca fora das muralhas que protegem as Áreas de Quarentena, Joel e Ellie terão que se virar para sobreviver neste mundo hostil e escasso. Há no jogo uma mecânica de Craft onde você pode construir equipamentos, como facas usando pedaços de tesoura, canos revestidos com lâminas usando fita adesiva, kit de primeiros socorros usando substâncias e trapos, e muito mais, inclusive bombas de fumaça e Coquetéis Molotov, e melhorar suas armas – estas em pontos especiais que deverá aproveitar muito bem. Não é raro você se ver entre criar um item ao invés de outro, mesmo quando ambos são necessários, sendo que ambos precisam de um mesmo material que está ficando escasso.
Ainda há uma parte somente para “Skills”, ou seja, melhorar as condições do personagem: Mirar melhor, mais resistência a danos, poder fazer combos quando agarrado por um inimigo etc. Isso permite um maior esforço no jogo, inclusive para superar situações como conseguir travar mira para headshots – uma das coisas mais interessantes é, por exemplo, que Joel mal consegue manter a mira parada sem evoluir a Skill, se mexendo como uma pessoa tensa pelo medo, afinal, ele é uma pessoa normal, sem costume de usar arma como os militares. Essa possibilidade de transformação é mais que uma jogabilidade no meio do jogo, é uma maneira de explicar o desenvolvimento do personagem. Desde o homem que saiu da segurança de seu lar para um mundo caótico e letal para um homem que se tornou experiente em encarar seus medos, mirar uma arma e dar um tiro certeiro.
Se estamos falando de sobrevivência, isso também implica em perigo e morte iminente. O verdadeiro
survive não é o que tem pouco material, e sim aquele em que você precisa ser inteligente para poder sobreviver. Onde mesmo que tivesse sobra de munição, ela seria inútil diante do perigo que assola a sociedade. E The Last of Us tem seus altos e baixos nisso. O jogo é repleto de inimigos, de maneira que mesmo podendo usar ataques desarmados, não é aconselhado. Geralmente são muitos e pouco espalhado, onde um erro de cálculo pode levar a ser detectado por um grande grupo de pessoas e acabar encurralado de maneira que mesmo uma boa munição coletada com bastante suor pode ser inútil. Esta é a parte boa, mas só pode ser sentida na dificuldade Hard onde “escassez” é sinônimo, já na dificuldade Normal só irá sentir até a metade do jogo, já que depois você poderá possuir tanta munição que poderá caminhar e atirar que os inimigos cairão com sua passagem com maior facilidade. O jogo é em sua essência para ser um estilo Stealth, ou seja, voltado para a ação furtiva, usando o cover infinitamente, se aproximar e pegar o oponente pelas costas desprevenido – aliás, o próprio Final Boss que aparece em um capítulo só pode ser derrotado desta forma. Bons jogos de survive são assim: te deixam no limite das opções.
A dinâmica de Stealth é muito boa, você trabalhará com a ideia de sonoridade de forma muito frequente. Primeiro há a Síndrome do Eagle’s Vision, ou seja, aquele poder em que você deixa a tela praticamente monocolor e é capaz de melhorar seus sentidos para identificar alvos, extremamente conhecido a partir da habilidade que provém de Assassin’s Creed. Em The Last of Us os personagens podem ficar parados, deixando a tela sem cor e podendo perceber inimigos envolta usando a audição em que o protagonista se concentra para saber onde estão cada um dos seres hostis e o que fazem, inclusive acaso estejam parados sem se movimentar sequer aparece neste “radar.” Isso é essencial especialmente quando nos deparamos com hordas inteiras de infectados ou de bandidos. Mas não pensem que o jogo todo é se esconder de gente, também há casos que terá que escapar de situações em que não tem como matar o alvo, ao exemplo de uma parte em que bandidos usam um carro blindado com uma metralhadora. Há como arremessar garrafas, tijolos e até atirar uma flecha em pontos distantes para trabalhar com a noção de barulho e atrair a horda de inimigos para longe de seu caminho de fuga.

Multiplayer de Sobreviventes!

Esqueça o multiplayer de Uncharted e seu tiroteio, o Multiplayer online de The Last of Us é um estilo extremamente diferente onde usar arma de fogo é até desencorajado, levando a pensar mais em usar bombas de estilhaços, cover e stealth para pegar outros jogadores. O objetivo é bem claro: Sobreviver! Isso mesmo. Se esgueirando em meio ao cenário, evitando ser detectado o personagem que pertencerá a uma das facções: Caçadores ou os Rebeldes Vaga-Lumes, você deverá adquirir suprimentos e impedir que o oponente consiga.
Não espere infectados no multiplayer, eles são até desnecessários. O foco aqui é a aventura visceral e cruel entre sobreviventes para impedir a facção inimiga de viver enquanto mantém a própria o mais resistente possível. Quando seu personagem é abatido e ninguém o salva, lhe resta apenas rastejar pela própria vida, pedindo a sorte de aliados poderem se aproximar ou levando um golpe de misericórdia do inimigo.



Análise Última
Será o Jogo do Ano?

Se não fosse pela chegada do Ps4 e Xbox One este fim de ano é bem possível que este exclusivo fosse o ganhador do prêmio Game of the Year 2013 no famoso e esperado evento Video Game Awards, mas com a vinda de tantos jogos bons, teremos que aguardar o que está por vir. Por hora consideremos os jogos previstos só para a atual geração. Pois bem, este jogo tem muito o que fornecer de argumentos.
É fato que há muitos problemas no game que não o torna melhor que ganhadores de anos anteriores como Elder Scrolls IV e V, ou Red Dead Redemption, até porque há uma predileção por jogos Sandbox ou Open World no mínimo, o que levou muitos a surpresa – e desconfiança – com o prêmio do ano passado ter ido para The Walking Dead, visto que por mais que seja um bom jogo, não merecia vencer comparando com quem disputava o prêmio (um deles o genial Mass Effect 3).
Há muito não encontramos jogo que tenham a dificuldade de The Last of Us, sem indicações de onde a missão continua, o que nos deixa um pouco perdido recentemente, com tal desenvolvimento psicológico e bem trabalhado de personagens, e principalmente com tal inovação na arte da dublagem. Este é simplesmente o jogo melhor dublado em português brasileiro dos que já passou por minha mão. Não só há emoção e a voz combinando com os personagens, como a movimentação da boca está combinando com as frases, o problema está só que no início do jogo há uma pequena falta de sincronia que pode incomodar um pouco.
O interessante no jogo está também na questão dos personagens secundários. Eles aparecem e somem por todo o jogo, só mantendo sempre Ellie e Joel juntos, os demais, que nem são tão simpáticos assim… Só fazem uma breve aparição, o que dá um significado ao jogo em que mostra como em um mundo apocalíptico a felicidade é mais rara que kits médicos, confiança é uma riqueza para poucos e alianças/amizades são a verdadeira munição que você precisa para sobreviver.
Se falarmos de Bugs e Glitches, tenho que afirmar ter encontrado alguns sim no jogo, inclusive quando os estaladores, um infectado poderoso e cego porque o cérebro estourou do crânio para o crescimento do fungo, cegando o hospedeiro, passam a perceber o personagem mesmo com certa distância e seguramente ele só tem sentido da audição, logo sendo muito estranho tal coisa ocorrer – inclusive é bem fora do contexto os estaladores ouvirem o menor passo, mas não sussurros do Joel chamando Ellie. Raramente encontrará tais casos, o mais problemático foi em um momento em que cavalgava (sim, sobraram cavalos no mundo) e houve um foderoso lag que até me fez engasgar por jamais imaginar que um jogo linear tão bem trabalhado poderia ter isso.
Há um glitch interessante neste jogo. Quando Joel faz cover próximo a Ellie, simplesmente ela fica como que abraçada por ele, protegida. Originalmente diríamos que é proposital, mas a própria empresa declarou que não era a intenção, por acaso tal glitch ocorre até combinando. Não a toa que por vezes nesta forma, o braço de Joel pode atravessar o ombro e costas dela sem qualquer programação de colisão, ainda que pareça uma inteligência artificial, o que aliás devo ressaltar é excepcional. Os ajudantes irão lhe informar quando e por onde o inimigo se aproxima quando não estiver vendo, podem arremessar tijolos, garrafas ou mesmo atirar em oponentes para lhe ajudar, e tudo com bastante inteligência. Apesar da gafe em que vez ou outra passam na frente do inimigo, mas são invisíveis a eles (!?).

The Last of Us é uma experiência única de survive, um jogo que esta geração precisava realmente para encerrar com chave de ouro! Ele trabalha com ideias tão complicadas como violência sexual, traição, traumas psicológicos, homossexualidade e outros temas humanos com tal sutilidade que dão beleza madura ao jogo. E ainda vem uma extensão DLC que já foi anunciada a sua produção que contará uma história a parte que ajudará a compreender melhor o mundo. Ou seja, é imperdível para jogadores de Playstation 3 e qualquer gamer que deseje vivenciar um mundo apocalíptico sem heróis, sem vilões, sem solução, sem desfecho, sem salvação.

Ficha Técnica

►Produtora: Naughty Dog
►Distribuidora: Sony CE AMerica
►Gênero: Ação
► História: Linear
►Jogadores: 1
►Console: PlaysStation 3;

Avaliação Técnica

►Graficos: 9.5
►Som: 10
► História: 10
► Personagens: 9.0
►Dificuldade: 8.0
►Jogabilidade: 9.0

► NOTA FINAL: 9.5

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