Lista de RPGs para
experimentar
no Halloween
Estamos
em outubro, o que significa que estamos no mês do Halloween. Então, por que não
procurar uma nova e assustadora experiência em sua mesa de RPG? Pessoalmente,
vejo o RPG como uma forma de emular coisas diretamente em nossa mente, coisas
que me agradam, mesmo que seja apenas no mundo da imaginação. Eu quero ser o
cavaleiro de capa e espada, o piloto espacial, o super-herói voando, o
investigador londrino ou o aventureiro de catacumbas. O RPG me proporciona tudo
isso.
Agora,
uma coisa que também sempre me chamou a atenção foi o medo. Enfrentar o
desconhecido, o inimaginável, aquilo que testa a nossa noção de realidade.
Filmes, livros e quadrinhos de horror são uma forma interessante de acessar
essa experiência... e o RPG ainda mais, nos permitindo fazer vivenciar vividamente
isso.
Muito
dessa emulação é claro que depende de mim mesmo e da minha intenção de me
adequar ao ambiente, compartilhando com todos os jogadores e mestre a
possibilidade de construir o clima de horror. Além disso, um sistema de RPG com
mecânicas apropriadas é fundamental para essa construção. Assim trago algumas
dicas de RPGs já experimentados ou cultuados no meio rpgístico.
Kult: de Divinity Lost
Kult é um jogo de terror sombrio e assustador, com ênfase em narrativa. O jogo é bastante focado em investigação e, se você procura um jogo que se encaixe nessas funções narrativas, este é uma ótima opção. Ele possui um cenário adaptável que possibilita uma grande variedade de campanhas. Por exemplo, a campanha que participei era uma versão ainda mais assustadora de Silent Hill. Mas ele merece um alerta. Ele tem em suas dicas, regras e cenário o perigo de acionar uma série de gatilhos devido ao seu conteúdo muitas vezes explícito e sensível, sendo necessário aviso prévio aos jogadores bem como uma sessão zero para o mestre ter certeza de até onde pode ir.
Chamado de Cthulhu
Embora um clássico entre os RPGs de terror, eu o joguei apenas uma vez. Ele á um RPG ambientado na década de 1930 (ou próximo disso) onde os personagens são pessoas comuns que foram lançadas em uma situação de horror cósmico. Talvez a minha experiência não tenha sido das melhores por uma questão de ser muito importante a “cooperação” dos jogadores para realmente parecerem estar com medo, o que sabemos que é sempre um desafio à mais. Diferente de Kult, este é muito como uma investigação que vai sendo submetida ao medo. Há muito conteúdo de fã e muitas aventuras prontas, que facilitam sua utilização.
Delta Green
Essa foi minha última experiência em RPG de terror. Ele mescla espionagem, conspiração e os horrores cósmicos no melhor estilo dos mitos de Cthulhu. Os jogadores assumem o papel de agentes de uma agência secreta que lutam contra ameaças sobrenaturais enquanto tentam manter um véu os escondendo das pessoas comuns. No meio disso enfrentam não apenas monstros, mas também a lenta erosão da própria sanidade e a perda de sua vida normal. É como um Arquivo X onde a agência sabe que “a verdade está lá fora”.
Ronin
Este RPG nos leva para dentro da cultura oriental, usando as mecânicas de Mörk Borg. Embora sua proposta não seja exclusivamente de horror/terror, todo o seu cenário pode ser facilmente focado nesse estilo. Ele se passa em Kage no Shima, uma ilha amaldiçoada em um eclipse permanente, onde yōkai, demônios e as almas dos mortos vagam entre os vivos. O universo é descrito como desesperador, brutal, onde a sobrevivência exige decisões difíceis, com uma ambientação evocando uma sensação de decadência, medo, perigo constante. Facilmente um mestre habilidoso pode torturar (no bom sentido) sua mesa.
Mothership
Outra mesa que me diverti muito, embora tenha jogado apenas uma one-shot. Este é um RPG no estilo OSR bastante enxuto. Os personagens têm quatro atributos e três testes de resistência, todos determinados aleatoriamente. Você escolhe uma das quatro classes: marine, android, scientist ou teamster. Você escolhe algumas habilidades que lhe darão bônus mais tarde, e então você parte para a ação! A ficha de personagem em si orienta você em todas as oito etapas e é perfeitamente autoexplicativa. Ele usa uma d10s e uma mecânica específica para focar no horror e na tensão de ser um ser humano minúsculo interagindo com coisas muito maiores, mais perigosas e mais alienígenas do que você na vasta extensão do espaço sideral. A regra aqui é que você morrerá e sofrerá muito até morrer.
Ten Candles
Este eu nunca joguei, mas escutei coisas muito boas sobre ele no quesito terror. Ele é um RPG para one-shots muito fácil de ser utilizado. Nele, o mundo acabou. Algo ruim aconteceu e todos estão lançados à própria sorte. Os jogadores escrevem alguns fatos básicos sobre seus personagens em pedaços de papel e, enquanto jogam, quando coisas ruins acontecem, eles queimam um pedaço de papel. O jogo é jogado usando dez velas acesas e 10 dados. Role um dado para cada vela quando você tentar fazer algo e, se você falhar no teste, você queima um pedaço de papel. Se você não tiver peças restantes, o personagem que falhou no papel morre e uma das velas é apagada, reduzindo o número de dados disponíveis. A maior desvantagem deste jogo é que todos os jogadores morrerão... não há final feliz aqui. Este jogo pode ficar muito pesado, mas vale a pena experimentar a jornada.
Dread
Mais um RPG próprio para one-shots que não experimentei, mas com ótimas referências. Em Dread, você assumirá o papel de várias pessoas em um cenário de terror. No início do jogo, você receberá um arquétipo e preencherá um questionário rápido que define os motivos de seus personagens estarem lá. Ao longo do jogo, para determinar o sucesso ou o fracasso, você puxará um bloco de uma torre Jenga. Se você for bem-sucedido, seu personagem terá sucesso na ação e todos ficarão bem. No entanto, se você derrubar a torre, seu personagem falhará na ação e morrerá. A tensão deste jogo é observar cada vez que alguém puxa um novo bloco da torre, à medida que ela fica cada vez mais instável. Saber que você pode escolher falhar em uma ação para não ter que puxar um bloco torna algumas das decisões realmente difíceis. Você também pode se sacrificar por um momento de glória derrubando a torre propositalmente. Você terá sucesso em sua ação e salvará o dia, mas morrerá na ação. É o típico jogo para uma sessão presencial à meia luz com amigos.
Vaesen
Por que não experimentar uma horror nórdico? Imerso no folclore escandinavo, Vaesen convida os jogadores a explorar um mundo sombrio e misterioso como investigadores do sobrenatural. Os elementos de mistério e terror do jogo se misturam em um cenário histórico-imaginário, perfeito para quem quer jogar algo a lá Sherlock Holmes com fantasmas. Muitos sugerem (esse eu não joguei) jogar Vaesen em formato de campanha ao longo de pelo menos algumas sessões, para que os jogadores possam desvendar casos estranhos e desenvolver seus personagens. Dito isso, você também pode criar um único mistério como uma aventura única e temática.
Bluebeard’s Bride
Este eu coloquei na lista por achar muito interessante em sua premissa, vendo chamado de um “Terror Feminista”. Ele é um RPG para one-shots (também) assustador que reconta o conto de fadas do Barba Azul sob uma perspectiva feminista. Se você não conhece a história, aqui está o resumo do jogo: "Uma jovem noiva se casa com um homem feio, mas poderoso, de barba azul. Ele a convida para explorar a casa, mas um cômodo é proibido. Eventualmente, a jovem noiva se deixa levar pela curiosidade e abre o cômodo, descobrindo a horrível exibição de ex-noivas assassinadas." Os jogadores assumem o papel de uma donzela explorando os cômodos escuros e distorcidos da mansão do Barba Azul, desvendando segredos e confrontando uma variedade de horrores psicológicos. O foco do jogo é terror gótico, investigação e temas inquietantes, que o torna uma adição curiosa à sua programação de Halloween.
My Life with Master
Enquanto a maioria das histórias e cenários de terror se concentram nos vilões principais, My Life with Master lança luz sobre as experiências do lacaio. Não necessariamente no estilo Meu Malvado Favorito, mas mais no estilo de um Igor ou Renfield — o tipo de lacaio que não recebe uma motivação clara para seguir um senhor imoral. Este RPG de terror busca desvendar esse dilema fazendo com que os jogadores se tornem lacaios de um personagem vilão, cumprindo suas ordens enquanto lutam contra os sentimentos que os aprisionam nessa situação. Em My Life with Master, os jogadores não apenas criam seu próprio personagem, mas também constroem o vilão a quem servem, decidindo o que o suserano deseja de seus lacaios, qual aspecto eles têm e o que precisam para sobreviver. O poder do vilão sobre seus lacaios e os habitantes da cidade que eles ordenam que atormentem é determinado pela quantidade de medo que eles conseguem incutir em ambos. Quanto mais motivos o jogador puder dar aos seus personagens e aos habitantes da cidade, maior a probabilidade de eles resistirem e derrubarem o suserano. Os jogadores podem tentar fazer isso praticando atos de amor com os habitantes da cidade – tanto platônicos quanto não – contrariando os desejos de seu mestre e superando o sentimento de autoaversão que os força à servidão. My Life with Master é aterrorizante, pois força os jogadores a considerarem a realidade do que estar do lado do mal faz a uma pessoa.
Nota final
Eu
deixei algumas coisas propositalmente de fora, como cenários de D&D – por serem
muito batidos – e os vários subtemas de Vampiro, a Máscara – por realmente não o
ver como algo próprio para o Halloween... mas fique livre para experimentar
aquilo que o agrada mais!
Bons sustos!
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