Diários de Campanha
Kult: Divinity Lost
Mists Around the Lake
– Sessões 7 a 9
Ultrapassando a metade da
campanha Mists Around the Lake as coisas começaram a ficar ainda mais
estranhas, perturbadoras e mortais. Terminamos o arco do Motel Riverside
sentados dentro de uma van prontos para ir em direção ao Alchemilla Hospital.
Arco 3: Alchemilla Hospital
- sessões 7
Um detalhe que não havia
comentado ainda e que fez uma grande diferença no clima da sessão eram as
pequenas cenas que ocorriam normalmente no início de cada sessão. Sempre
começávamos sentados em um ambiente estranho, como que em uma sessão de
terapia. Nós quatro, sentados, atrás de uma mesa, participando de uma típica
sessão de terapia. Em nossas mentes – como jogadores - achávamos que isso era o
futuro, que algo já havia acontecido e que estávamos tentando entender o que
havia acontecido. Mas dessa vez, no início da sétima sessão, foi diferente. O
terapeuta insistia em que “deveríamos ver a verdade”, “que tínhamos que aceitar
o que havia acontecido” e que “não adiantava mentir para nós mesmos”. Confesso
que foi perturbador pela ínfima possibilidade de ‘nós’ sermos os vilões da
história. Esses flashs eram rápidos, soltos e não lineares, o que dificultava
nosso pleno entendimento.
Retornando à realidade do jogo
nossa única preocupação era encontrar nossos filhos e protegidos o quanto antes
e já estava fazendo quase vinte e quatro horas que eles haviam sumido. Com Sam
(Felipe) na direção e David (Pedro) ao seu lado, Stephan (eu) e John (Gustavo)
estávamos sentados no cão da van quando começamos o caminho pelas ruas da
cidade. Eram não mais do que dez quadras entre o motel e o hospital e nada
poderia dar errado em tão pouca distância, certo? Errado.
Logo que começamos o caminho
Stephan ia olhando pela janela lateral da van. Tudo na rua era cinza, repleto
de neblina e estranhamento vazio. A van andava vagarosamente, pois temíamos
bater em algo. Do nada um som chamou nossa atenção. Era um som abafado e pesado
de passos junto de um grito estranho. Ele vinha diretamente detrás da van.
Quando Stephan olha pela janela traseira ele enxerga pela primeira vez o ser
que chamamos de Conjuntivite.
Logo que paramos a van em
frente ao Alchemilla Hospital toda a realidade voltou ao normal. Era como se
nada tivesse acontecido e tudo estivesse normal. Dia ensolarado, pessoas na
rua, um verdadeiro dia normal. Mesmo assim, estávamos apreensivos com o que já
havia acontecido até aqui e o que ainda poderia acontecer. Então tentamos focar
em sermos rápidos em tentar localizar as crianças dentro do hospital e sair
dali o mais rápido possível. Mas o simples caminho entre a van e a portaria do
hospital não foi tão tranquila.
Logo que nos aproximamos da
entrada o Mestre pede para fazermos um teste de See Through the Illusion (Ver
através da Ilusão). Para entenderem, esse teste é ativado quando algo altera
nossa percepção (ferimento, tensão, ver algo terrível, ingerir uma substância,
medo, expectativa). Além disso, o mestre pode solicitar esse teste se achar
conveniente com algo que está na cena. De qualquer forma, dois de nós fomos
obrigados a fazer o teste e apenas David falhou, enquanto John passou no teste.
Em uma fração de segundo ele vê uma cena sem que percebamos e ao retorna à si
ele parte para cima de Stephan (meu personagem) gritando do por quê de eu
tentar tirar fotos dele em um momento de intimidade com sua namorada. O
personagem (assim como eu) não entendeu o que estava acontecendo, mas podemos
interpretar que já tínhamos conhecimento de que era uma visão – já que aquilo
havia acontecido algumas vezes com todos nós. Fui muito difícil dos outros
conterem David, mas por fim conseguiram. Por bem achamos melhor nos separarmos
– Stepahn e Sam iriam procurar na Emergência enquanto David e John iriam
procurar na recepção.
A cena seguinte foi narrada em
separado. Enquanto Sam e Stephen rumavam para a Emergência, Sam continuava com
um discurso errático e sem sentido para Stephan. Como se o policial tivesse
mais conhecimento do que parecia ou como se um conhecimento esquecido estivesse
voltando à tona em sua mente. Eu tentava argumentar em vão com ele quando um
telefone público começa a tocar ao meu lado. Ao atendê-lo o Mestre nos ordenou
um teste de See Through the Illusion para mim. Falhei.
Stephan se vê no mesmo
hospital, no mesmo corredor e também acompanhado de Sam. Mas o Sam da visão
parecia mais como o policial que Stephan se acostumou a ver pela cidade – menos
enigmático e determinado. No pequeno diálogo que tiveram Sam garantiu à Stephan
que ele os ajudaria a chegar nas crianças. Quando Stephan volta à si Sam
claramente percebe o que aconteceu e indaga o que o amigo teria visto e, ao
escutar a narrativa seu meio sorriso de canto de boca mais irrita do que
consola como se soubesse exatamente do que estávamos falando.
Enquanto isso, no outro núcleo
John e David rumam para a recepção atrás de informações. Gustavo interpretando
um John autoritário e exigente bate na mesa e grita com a recepcionista
ordenando que as ajudem. Nisso surge Zoey por trás de David. Ela era uma ex-namorada do
personagem. Com um semblante assustado, muito provavelmente (imaginamos) por
nossas roupas sujas e com marcas de sangue, ela tenta conversar com David que
parece fora de si, embora não violento, apenas confuso. Ela tenta acalmá-lo ao
mesmo tempo que pede que John se acalme enquanto chama alguns enfermeiros.
Quando David conta que outros dois pais (Sam e Stephan) também estão no
hospital, ela os chama pelo interfone. John ainda transtornado querendo achar
as crianças exige que ela os ajude. Para acalmá-los ela usa o telefone e faz
algumas ligações.
Quando eu e Sam chegamos à
recepção ela está desligando o telefone e nos diz que as crianças estão em
segurança, mas que foram levadas mais cedo para outro lugar para a segurança
delas mesmas – o Sanatório Santa Maria. Desesperados para irmos atrás das
crianças, queríamos sair dali na mesma hora, mas ela argumentou que as crianças
estavam bem cuidadas e que nós deveríamos ser medicados.
Quando os enfermeiros começaram
a se aproximar para nos ajudar foi a vez de Sam realizar um teste de See
Through the Illusion... e falhar. Em sua visão ele estava sendo atacado por
cultistas perigosos. Ele puxou a faca que estava escondida em sua roupa e
esfaqueou um dos cultistas tirando-o automaticamente do transe. Novamente na
realidade ele se viu sendo atacado por enfermeiros e seguranças. Depois de
imobilizados, fomos conduzidos à uma sala isolada.
Nessa enfermaria isolada fomos medicados
e tratados rapidamente. Ainda era início da manhã quando havíamos chegado no
hospital. Depois que o ultimo enfermeiro saiu notamos que a porta havia sido trancada.
Seríamos prisioneiros? Mas tão logo começamos a tentar entender o que acontecia
o medicamento começou a fazer efeito e apagamos. O efeito do medicamento foi
tão forte e repentino que Stephan (eu), que estava tentando sair da cama, caiu
desacordado ao lado da cama.
Quando despertamos já não
estávamos mais na realidade “normal” havíamos voltado para aquela realidade
sombria, metálica e ferrugenta. Já era final de tarde. Será que havíamos ficado
tanto tempo desacordados ou era efeito dessa outra realidade? Enquanto íamos
acordando e levantando, tentávamos vascular o lugar e perceber onde estávamos.
Mas o que assustadoramente nos chamou a atenção foi um som familiar que vinha
do outro lado da porta.
E nesse momento de tensão
terminou a sessão 7.
Arco 3: Alchemilla
Hospital - sessões 8
Começamos a sessão no exato
ponto onde havíamos terminado anteriormente – um som estranho familiar e assustador
do outro lado da porta da enfermaria onde estávamos isolados.
O som que escutávamos (um
arquivo de som separado com exatidão pelo Mestre) nos fez lembrar da criatura
Conjuntivite – combatida na sessão anterior. Enquanto ainda estávamos acordando
fomos tomados pelo som e logo depois a criatura irrompeu pela porta. Ela surgiu
– aquele enorme olho com mãos em suas laterais - e ficou parado na porta por um
instante, nos estudando até que localizou Stephan (meu personagem).
Conjuntivite o estudou com atenção por uns segundos e correu na direção de
Stephan até chocar-se em seu corpo pressionando contra a parede. O mestre
narrou que não era uma pressão tão grande assim, embora fosse desconfortável.
David partiu para cima da
criatura atingindo-a violentamente e a obrigando a fugir. Logo que a criatura
fugiu, nós fechamos a porta para tentar nos recompormos. A forma como ela me
olhou fixamente me incomodou ao mesmo tempo que em intrigou. Parecia que não
era um ataque... mas algo mais. Com a intenção de descobrir o que estava
acontecendo, eu pedi que da próxima vez que o Conjuntivite surgisse que me
deixassem tentar me comunicar com ele. Todos concordaram.
Novamente nosso sossego foi
interrompido. Um som pesado e grotesco irrompeu pelo corredor do outro lado da
porta. Mesmo antes de a abrirmos algo se chocou contra ela e começou a
forçá-la. Tentáculos negros de algo disforme começaram a passar pelas frestas
da porta até a destruí-la. Era a criatura que nomeamos de Agouro. Essa criatura
foi muito mais agressiva e partiu diretamente para o ataque. Nosso combate foi
relativamente rápido, mas nos deixou novamente com alguns ferimentos. Nada
complicado.
Após esse combate nosso sentido
de urgência voltou a ser ativado – tínhamos que chegar nas crianças. Tomamos
coragem e saímos no corredor às escuras, apenas com a luz de celulares para
servirem como guia. Um mapa na parede do corredor nos indicava nossa posição.
Estávamos no terceiro andar do hospital em meio àquela realidade de ferrugem,
na ponta de um corredor de uma estrutura em forma de “U” quadrado. No lado
oposto estavam o elevador e na base desse “U” estavam as escadas.
Passamos direto por todas as
portas de quartos que estavam nop corredor na pressa de sairmos do hospital.
Quando chegamos à primeira esquina do “U” tínhamos as portas da escada, dois
banheiros e uma lavanderia. A continuação do corredor, que fazia a volta e
levava para o elevador, estava acorrentada pelo outro lado, ou seja,
inacessível de onde estávamos.
Diretamente fomos verificar a
porta para a escada. Era uma porta arruinada naquele ambiente estranho, mas
muito pesada e claramente trancada, impossibilitando nossa passagem. De estranho
notamos que ela tinha um desenho de uma coroa. Os banheiros eram nossa
alternativa. Apenas um deles estava acessível, mas não havia nada de importante
ali.
Nosso único caminho seria usar
a lavanderia para chegar à continuação do corredor. Ao atravessarmos por ela, e
tomarmos alguns sustos com apenas uma máquina de lavar funcionando em meio ao
breu total, percebemos sons estranhos vindo do corredor. Descobrimos que
justamente quase em frente ao elevador três criaturas – dois Braços Direitos e
uma que chamamos de Enguia. A Enguia estava se banqueteando com o coração de
uma criatura que achávamos ser uma Materna. Sangue e excremento por todos os
lados. Não sei bem como, mas conseguimos enxergar à uma certa distância que em
meio ao sangue e carne havia algo que parecia uma carta de baralho. Rapidamente
ligamos os pontos – a coroa da porta e carta de baralho deveriam ter alguma
ligação.
Tínhamos que pensar rápido. Não
tínhamos armas e tivemos que improvisar. Enquanto David se aventurou numa sala
próxima para procurar coisas úteis para servir de arma, eu inundei o corredor e
preparei uma armação de fios para eletrocutar quem pisasse na água, e John e
Sam foram vascular os quartos para ver se achavam alguma coisa útil.
Na sala de procedimentos que
David vasculhou ele encontrou algumas coisas estranhas. Além de uma ou outra
coisa que poderia servir de arma improvisada ele encontrou um livro chamado
Ammit. O livro continha vários mitos com algumas frases sublinhadas: “A Devoradora de Corações castiga aqueles que
foram impuros durante sua vida de acordo com o julgamento de Osiris” (...)
“Aquele chamado de Bah-Idun, de acordo com recentes achados, que supomos que
devam ser o protagonista de tal relato, conseguiu enganar Ammut com um coração
de uma cabra estufado de certos elementos para mascarar o odor, evitando assim
sua segunda morte.” Isso se encaixava perfeitamente com o estranho objeto
que ele encontrou – um coração de vidro em forma de garrafa sendo seguro por uma mão decepada. Criamos várias
teorias sobre o coração de vidro e sobre o que deveria ser colocado dentro.
Do outro lado Sam e John
vasculharam os quartos (ao lado do quarto onde acordamos) e que havíamos
passado sem olhar. No único que conseguiram abrir eles encontraram algumas
camas de ferro típicas de hospital e sem colchões. Eram quartos arruinados como
todo aquele ambiente. Sobre uma cama apenas dois esqueletos, de um adulto e de
uma criança. John ficou paralisado frente a cena, mas Sam, em sua crescente
estranheza, começou a desmontar os esqueletos vendo quais ossos poderia usar
como arma. Quando eles retornaram para a lavanderia, onde eu estava empenhado
em criar um alagamento no corredor, Sam distribuiu os ossos para que cada um
tivesse algo para usar. John quebrou um pequeno osso para fazer uma ponta de
lança em sua bengala, eu quebrei um fêmur e criei duas pequenas adagas e Davi
pegou uma costela.
Ao analisarmos o livro e
ponderarmos sobre a possibilidade de fazer algo com aquele coração encontramos
uma carta de baralho dentro dele – um coringa. Mais uma pista, mas que não
sabíamos onde usar. Depois de muita conversa e
discussão, resolvemos colocar o plano da eletrocussão em andamento.
O plano era simples. Não
tínhamos como enfrentar as criaturas sem armas... e acho que até mesmo com
armas. Iríamos chamar a atenção delas para que elas viessem para a ‘esquina’ do
corredor onde estávamos, e que estava inundada. Eu ficaria espiando pela fresta
da porta da lavanderia com o fio para colocar na água. Os outros estavam
protegidos e preparados para o pior. Tinha tudo para dar certo e obviamente não
saiu como esperávamos.
Ao chamarmos a atenção das
criaturas, ouvimos passos delas se aproximando e por um erro de cálculo
eletrocutamos apenas um Braço Direito. A morte dele foi rápida, mas alertou as
outras duas criaturas que recuaram até não escutarmos mais nada. Havia apenas
silêncio, escuridão e um odor de carne queimada. Tínhamos perdido a chance de
encontrar a carta que achávamos ter visto.
Quando nos aventuramos pela continuidade
do corredor rumamos cuidadosamente para a direção de onde estaria o elevador.
Passamos pelos restos da materna morta e semi devorada pela Enguia. Quando
chegamos ao hall do elevador aquela pequena sala parecia um antro de podridão.
Provavelmente aquela Enguia havia transformado aquilo em um ninho. O elevador
não funcionava e nos fez tentar achar alternativas. Quando percebemos alguns
amontoados de fezes aqui e ali logo nos veio a penosa ideia – e se a criatura
comeu a carta junto e a defecou? Foi um momento horrível e desagradável com
David procurando (e achando) a carta em meio às fezes.
Enquanto David fazia sua
procura e quase no mesmo momento em que achou a carta, John percebeu um pequeno
desenho de um coringa de baralho perto do botão do elevador e instintivamente
testou encostar a carta que havíamos encontrado no livro naquele botão. A cena
foi muito bem montada. Enquanto David mostrava à todos a carta do rei que ele
acabara de encontrar, John abria a porta do elevador. Infelizmente não havia
elevador ali, apenas escuridão, uma escuridão densa que lentamente tomou a
forma de tentáculos sombrios avançando pelas laterais da porta. Não ficamos ali
para ver o resultado e corremos para a porta das escadas para testar a carta do
rei.
Ao testarmos a carta do rei na
porta e a destrancarmos começamos instintivamente a descer as escadarias para
ao andar inferior. Logo que chegamos ali fomos acometidos por uma incrível dor
do cabeça que nos fez desfalecer, encerrando a sessão.
Arco 3: Alchemilla Hospital
- sessões 9
Esta foi, sem dúvida, a mais
perturbadora das sessões... para mim (perdendo apenas para o clímax da décima
segunda sessão).
A nona sessão inicia com os
quatro personagens tendo acordando no hall da escadaria, tudo escuro, sobre
um enorme desenho sinistro tal qual um pentagrama com muitos detalhes. Conforme
íamos acordando cada um de nós teve um novo vislumbre de acontecimentos
passados... sempre perturbadores.
Conforma acordávamos notamos um
som novamente conhecido – o Conjuntivite. Como já havia pedido para os outros,
esperamos para ver o que ele faria. Ao abrirmos a porta da escadaria para o
corredor do segundo andar o ser apareceu – aquele enorme olho. Ele olhava
insistentemente para mim (Stephan) emitindo seus sons perturbadores. Percebi
que ele queria que eu o seguisse. Indiquei para que os outros esperassem. Logo
que sai pela porta ele foi me empurrando em direção ao final do corredor cada
vez mais agitado, cada vez mais excitado.
Continuo o seguindo e achando
que ele realmente não em quer fazer mal. Quando chego à ultima porta do
corredor a abro e sou empurrado pelo Conjuntivite para dentro. É uma sala
escura com as janelas fechadas com tábuas. Mesmo no ambiente da neblina em que
estamos essa sala parece ainda mais sombria. Sou empurrado pelo ser até a
parede sou tomado por uma visão. Um teste See Through the Illusion é pedido
pelo mestre e em minha falha sou estarrecido pelo que vejo.
Vejo no centro de uma sala um
homem amarrado e mantido com os olhos abertos por mecanismos. Ele está
desesperado, grunhindo e chorando. À sua frente uma tela passando cenas
horrendas de mutilações e toda a sorte de violências físicas. Mas esse homem
não é Stephan. Stephan está nu, correndo alucinadamente ao redor do homem
preso, às gargalhadas ensandecidas, com sua câmera na mão captando o sofrimento
do pobre coitado amarrado. Le se alimenta e se diverte com o sofrimento do
infeliz. Suas fotos são sua demonstração de felicidade. Momentos de terror
paralisados no tempo.
Stephan volta à realidade é
apenas consegue gritar de desespero. Ele se encolhe no chão aos prantos sem
entender o que está acontecendo e vendo. Os gritos trazem seus amigos correndo
até ele. Tão logo eles entram pela sala achando que teriam um novo combate pela
frente, encontram Stephan apavorado e chorando. Quando Stepahn percebe os três
entrando ele corre para Sam e o agarra pelo colarinho repetindo – “O que eu
fiz? Eu fiz aquilo mesmo? É isso que você vê?”. Sam apenas faz um meneio com a
cabeça. Embora todos perguntem, ele não consegue contar o que viu, apenas se
recompõe e segue os outros que saem pela porta para começar a explorar esse
novo andar.
Nem bem estávamos tranquilos e
logo na próxima porta do corredor ouvimos algo do lado de dentro. Tentamos nos
manter em silêncio, mas percebemos que o quer que estivesse dentro também
estava ciente de nossa presença. De repente escutamos uma voz conhecida – “não
entra não que eu estou armado!”. A voz era de Julio, o atendente da loja de
autopeças.
Depois que conseguimos
convencer Julio quem éramos nós, conseguimos entrar. Lá dentro parecia que a
realidade estava restaurada, sem nevos, sem ferrugem, apenas um quarto normal
de hospital. Ele estava muito assustado repetindo que todos corríamos perigo.
Ele disse que tinha havido um atentado terrorista e que ele tinha sido colocado
naquele quarto para sua própria segurança enquanto a ajuda estava á caminho.
Não estávamos entendendo nada, mas o certo é que não poderíamos ficar ali...
tínhamos que encontrar as crianças. Tentamos convencer Julio a ficar calmo e
nos esperar no quarto enquanto saíamos e “procurávamos ajuda”. Muito à contra
gosto ele aceitou e no deixou ir.
Novamente no corredor e sob o
efeito da neblina, todas as outras portas estavam trancadas. Quando chagamos de
volta na curva do corredor, bem onde ficava a porta para as escadarias (que
estavam bloqueadas para o andar de baixo, com grades e em frente ao símbolo
estranho cravado no chão) tivemos uma nova visão.
Nessa nova visão nos vimos novamente
no gabinete do terapeuta. Ele continuava a repetir que tínhamos que ver a
verdade e que não adiantava negarmos. Aquilo era perturbador, pois não tínhamos
ideia do que estava ou havia acontecido, mas sabíamos que éramos inocentes. O
toque de mestre (e do mestre) foi ele nos apresentar desenhos que representavam
à nós mesmos.
Desenho de David |
Desenho de John |
Desenho de Sam |
Desenho de Stephan |
Aquilo foi perturbador. Ainda
mais depois do que meu personagem havia passado junto do Conjuntivite e das
visões que ele havia tido. Rapidamente me vi representado na imagem e pensava
no que realmente eu tinha feito.
Quando acordamos, cada um
tentando entender sua imagem, focamos em que mais do que nunca tínhamos que
achar as crianças de uma vez por todas e que tínhamos que chegar no sanatório o
mais rápido possível. Vasculhamos todas as salas que estavam abertas desde onde
estávamos até a entrada do elevador (que estava inacessível para nós). Nada
útil. Quando estávamos perdendo a esperança de ter como sair daquele andar
temos uma visita indesejada – Bunnyman. Tal qual um guia ele surge do nada
novamente com seus diálogos desconexos, mas ao mesmo tempo repletos de sentidos
dúbios. Mas em meio ao diálogo de Bunnyman, quando ele disse que poderíamos
sacrificar partes de nossa vida para sair dali, Sam teve um momento de clareza...
pelo menos percebemos isso por sua fisionomia.
De forma direta e resoluta Sam
tomou a frente e disse saber o que fazer para sairmos dali. Como Stephan eu
estava inclinado a acreditar, pois tudo o que ele dissera até agora estava
seguindo uma linha, perturbadora, mas pelo menos parecia um norte. John, David
e eu o seguimos, enquanto ele dizia que precisávamos levar Julio junto.
Depois de convencermos Julio de
que ali não era realmente seguro, o fizemos nos acompanhar até a escadaria. Tão
logo chegamos, nós quatro ficamos olhando para Sam esperando que ele nos
esclarecesse como sair dali. Ele só repetia que sabia o que fazer... e fez.
Antes que pudéssemos agir Sam
enfiou sua adaga improvisada feita de um osso humano no abdômen de Julio
cortando muito mais do imaginávamos possível. Ainda perplexos, vimos o sangue
de Julio cair no chão e começar a preencher o pentagrama.
Tudo ficou escuro e apagamos.
Estava encerrada a sessão. Esse havia sido o momento de Sam no jogo com a
sensacional interpretação de Felipe. Todos nós já havíamos percebido onde isso
nos levaria ao levarmos Julio juntos e se nossos personagens tivessem isso
ciente eles o teriam impedido, mas entre os jogadores saberem e os personagens
saberem há uma grande diferença e não podíamos interferir. Nisso Pedro,
Gustavo, Felipe e eu temos de bom... conseguimos dividir jogador e personagem.
Um comentário:
Desde que joguei o primeiro game no PS1 me pergunto como seria um RPG de Silent Hill...está aqui a resposta com esse incrível cenário que é o Kult! Os relatos estão ótimos e fiquei com muita vontade de jogar também. Parabéns pelo trabalho e gostaria de saber se o final da aventura será postada aqui.
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