Caçadores de Abutre
Capítulo 1
Capítulo 1
Parte 2 - ... e um pouco mais de história
Por mais que Ferren Asloth seja amado e respeitado por seu povo, nunca existe unanimidade. Sempre existem aqueles que se perguntam se não haverá uma alternativa. Aqueles que simplesmente não entendem o porque de se usar a espada quando não há necessidade disto. Aqueles que não acreditam que os deuses estão cegos ao que acontece ao seu redor, ou que os deuses abandonaram aqueles infelizes que são perseguidos. Mas também são poucos .... bem poucos.
E dentre estes há aqueles que não permanecem de braços cruzados. Aqueles que não se escondem detrás de mentiras convenientes. Aqueles que acreditam que podem fazer a diferença. Aquelas pessoas para os quais não basta apenas saber que algo está errado. Aqueles que desejam fazer algo para mudar a realidade. Aqueles que acreditam que os deuses escreveram desígnios significativos para suas vidas.
Essa é a realidade de Portsmouth. Muito embora a grande maioria da população venere seu carismático e tirânico regente de uma forma doentia, algumas poucas almas ainda não foram doutrinadas ou não aceitam o que acontece ao seu redor. E dentre estas poucas almas relutantes em aceitar a unanimidade imposta existem alguns que resolveram contrapor a realidade de uma forma mais organizada. Sob o manto das sombras eles se auto-denominam Caçadores de Abutres (uma irônica menção ao “carinhoso” apelido dado à Ferren). Podem estar longe de serem pessoas simples, mas são pessoas que decidiram fazer algo.
O grupo nasceu de forma espontânea em vários locais diferentes de Portsmouth. Da capital veio o grupo de Thânara e de Elloin; da fronteira com Hongari veio o grupo de Agatha; das proximidades da fronteira com a União Púrpura veio o grupo de Kron; e do sul veio o grupo de Leonard.
Os primeiros a se conhecerem foram Thânara e Agatha que se esbarram quando ambas tiveram a idéia de invadir a casa de um dos locais-tenente da guarda de Milothiann (capital de Porthsmouth). A intenção de Thânara era de conseguir algumas informações sobre os boatos que andava ouvindo e sobre os estranhos desaparecimentos que ocorriam na região. A intenção de Agatha era obrigar o local-tenente a revelar onde estava preso um mago amigo seu.
O encontro gerou frutos. A relação de ambas – mas com visões diferentes de como deviam agir – as levou a trabalharem separadas, mas uma tentando ajudar a outra no que pudessem. Quase que na mesma época elas souberam de ações violentas contra tropas de Asloth nas proximidades da fronteira com as Uivantes. As notícias oficiais diziam que não passava de uma tribo bárbara que volta e meia se aventurava dentro dos territórios do Conde procurando suprimentos e ouro. Mas as informações, descobertas por elas, davam conta de que as perdas eram muito maiores do que simples procura por suprimentos e realizadas por um pequeno grupo.
Agatha conseguiu localizar o grupo de Kron, graças as informações obtidas por Thânara, e depois de algum tempo já trabalhavam juntos. Estava formando-se o núcleo dos Caçadores. Logo depois veio Leonard que também já ouvira boatos sobre alguma reação nascente nas sombras e igualmente procurava ajuda.
Eles se organizaram, recrutaram, cresceram e lutaram. Nestes últimos quatro anos muitos prisioneiros já foram libertos e muitas foram as perdas de Ferren, bem como muitas foram as perdas de valorosas vidas de membros dos Caçadores.
As ações não passaram desapercebidas pelo resto do Reinado embora houvessem tentativas de abafar os comentários - Ferren nunca admitiria a possibilidade de ter uma resistência dentro do seu próprio território. Tanto a Academia Arcana quanto os Cavaleiros da Luz estão bem à par dos acontecimentos, mas comentam, à boca pequena, o assunto – uma questão de segurança e diplomacia – mas ninguém duvida que de alguma forma estas duas importantes e respeitadas instituições disponibilizam ajuda e recursos aos rebeldes.Nestes últimos tempos todos concordam que ventos diferentes sopram no reino da magia proibida. Ventos que transparecem a mudança.
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