terça-feira, 10 de junho de 2008

Diário de um Escudeiro - 11

Décimo oitavo dia de Cyd de 1392.

Depois de um pequeno percursos de pouco mais de duas horas chegamos à Suth Eleghar – a cidade mais ao sul de Namalkah. É uma enorme cidade. Não tão grande quanto a nossa capital, mas muito maior que as outras cidades de nosso reino.

O movimento na entrada da cidade era bem grande. Muitas carroças chegavam e saiam daqui. Por estar bem na fronteira com Yuden é um ponto obrigatório de parada para viajantes, comerciantes, aventureiros e todo a sorte de pessoas.

O que mais chamou a atenção, logo que avistamos Suth Eleghar, são as duas enormes esculturas eqüinas ladeando os portões principais da cidade. Devem ter pelo menos uns seis metros de altura e representam um cavalo sobre as patas traseiras empinando seu dorso. Sua cor branca aperolada contrasta com o marrom escuro dos portões. Era realmente uma bela visão.

Dentro da cidade o vai-e-vem é infernal. São pessoas vindo e todos os lados e indo para outros tantos. Muitas carroças abarrotadas vagavam para todos os lados. Uma avenida comprida e larga vai desde o portão de entrada até uma enorme praça. Por toda a extensão desta avenida muitas barracas vendem toda a natureza de mercadorias. Frutas, tecidos, roupas, objetos exóticos e armas.

Sir Constant disse-me que Suth Eleghar é a cidade mais comercial de Namalkah. Pode-se encontrar de tudo por estas ruas se soubermos procurar.

Na praça central o que mais chama a atenção é o comércio de cavalos. Entre as barracas da feira da cidade existem muitos comerciantes de cavalos. O grito dos vendedores, apresentando suas mercadorias, torna o ambiente ensurdecedor.

Mas esta bagunça toda me pareceu muito interessante. Pode-se ver todo o tipo de pessoa e de mercadoria nesta cidade. Para mim que não estava acostumado com isso, me pareceu algo incrível.

Atravessamos a praça central e percorremos mais algumas ruas até chegarmos a um belíssimo casarão cercado por um florido jardim. Sir Constant foi recebido de forma calorosa por um outro cavaleiro, que deveria ser o dono daquela propriedade.

Meu senhor ordenou-me que cuidasse de nossos equipamentos e montarias durante aquele dia e que eu poderia dormir num dos quartos dos empregados. Liberou-me no outro dia se tudo estivesse na mais perfeita ordem, para sair por onde quisesse por todo o dia.

Levei muitas horas arrumando, polindo, afiando e costurando. Lavei as roupas de Sir Constant e as minhas. Tudo ficou pronto quase na hora do jantar. Durante todo aquele dia não vi nenhum dos empregados.
Só na hora de comer é que vi algumas pessoas. Eram todos homens envelhecidos e sérios. Quase não trocavam palavra alguma. Pelo menos a comida fora farta. Até guardei alguns pedaços de pão para amanhã.

Quando já estava no meu aposento, que era um cubículo com uma cama e um castiçal com duas velas, recebi um dos empregados da casa que trazia um bilhete de meu senhor e um tibar de ouro. No bilhete havia uma lista de algumas coisas que eu precisava providenciar no dia seguinte enquanto estivesse passeando na cidade.

Estou aqui escrevendo, agora, mas ainda lembro vivamente dos acontecimentos destes últimos dias. Desde o encontro com aquele cavaleiro no Templo de Khalmyr, com o outro na estrada juntamente de seus colegas de viajem, e da pobre menina de ontem. Esses pensamentos contrastam com os sons da festa que está ocorrendo nos salões desta enorme casa. Realmente não tinha a idéia de que a vida de um servo de Khalmyr fosse parecido com isso.

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