Fábio Ciccone
(Magias & Barbaridades)
Você conhece Magias & Barbaridades? Não!?!? Então corra ao blog do Fábio Ciccone e divirta-se com as tirinhas de fantasia medieval hilárias. Nossa entrevista de hoje mostrará como criou-se este sucesso que ultrapassou as 500 tiras!
1 - Conte um pouco sobre ti. Como foi o teu início com as HQs? Tem outros projetos? Em resumo...como chegaste até aqui?
Sempre gostei de desenhar e desde criança adorava brincar de fazer HQ. Com o passar dos anos, a brincadeira virou hobby e, na faculdade, fiz minha primeira HQ de verdade, O Incrível Woobler, junto com os amigos David Donato e Roberto Wolvie, que era uma sátira ao mundo publicitário e ao curso de Publicidade da ECA-USP. Na mesma época, eu e um grupo de amigos tivemos a ideia de criar um portal de webcomics, no qual cada um faria sua própria tira, nos moldes de alguns sites gringos que eu acompanhava. Foi neste momento, no meio de 2003, que criei Idana, Remmil e Oc, e comecei a escrever a Magias & Barbaridades, que na época se chamava O Tomo de Edmund. Desde então, não parei mais.
2 - Como é produzir arte (pois inegavelmente hq de qualquer tipo é arte) no Brasil?
Olha, não sou um artista profissional (no sentido que não é da arte que tiro meu sustento), portanto não posso responder a todos. Em termos de quadrinhos, eu enxergo boas possibilidades para o futuro, porque, aparentemente, estamos em um mercado em expansão. Alguns anos atrás, a quantidade de títulos publicada era bem menor do que hoje em dia, e houve no último ano um boom de quadrinhos online, o que indica que mais e mais gente está produzindo. Porém, o mercado ainda é muito, muito pequeno, e quadrinhos ainda não são parte da cultura popular brasileira, o que faz com que a entrada neste mercado como profissional seja bastante difícil.
3 - Existe algum preconceito (ou outra dificuldade) por trabalhares com 'tirinhas' na internet?
O maior problema é a visibilidade. As pessoas estão acostumadas a ver quadrinhos nos jornais e nas bancas, mas ainda não na internet. É um hábito que está mudando, aos poucos, mas ainda tem pouca visibilidade para a maioria. A "nova mídia" não consegue atingir tanta gente quanto a "velha".
4 - Qual a dificuldade de trabalhar com uma HQ na internet? E por que optou por esta mídia?
A dificuldade é que, a princípio, não se ganha dinheiro com isso. A internet é um meio de informação completamente livre, o que ao mesmo tempo que facilita para o artista, por poder publicar o que quiser e quando quiser, eliminando intermediários, dificulta no sentido de que, no meu ver, a internet é gratuita por natureza. É possível se viver disso? É, mas é um terceiro trabalho. Você trabalha no seu dia a dia, trabalha para fazer a webcomic e precisa trabalhar mais "por fora" pra fazer ela gerar receita.
5 - Quais as tuas fontes de inspiração? O que anda acompanhando de quadrinhos atualmente?
Minhas maiores inspirações: Calvin & Haroldo em primeiro lugar; Laerte (Overman, Gatos, Deus, Piratas do Tietê) em segundo. Outras são Little Nemo in Slumberland, do começo do século passado, uma das melhores HQs que já li; Dragon Ball, especialmente nas cenas de ação; e várias webcomics e literatura.
Agora, o que acompanho não tem nada a ver com isso: sou x-maníaco, leio minhas X-Men todo mês religiosamente desde 1993, e outras de super-herói que vão variando. Hoje em dia leio, além das duas mensais dos X-Men, Novos Vingadores e Dimensão DC: Lanterna Verde. Também compro HQs europeias e graphic novels sempre que sobra uma graninha.
6 - As tirinhas da M&B, embora sejam num ambiente de fantasia, diferem de outras (do mesmo estilo) por não fazer uma clara ligação da hq com o RPG. Isso foi proposital ou nunca existiu uma relação entre eles?
Sim, foi proposital. Eu venho de um background de jogador de RPG, e via muitas webcomics de fantasia ironizando e fazendo referência direta ao gênero. A minha ideia era fazer exatamente o oposto. Eu queria escrever uma tira de FANTASIA, não uma tira de RPG. Assim, defini um cenário onde há clichês mais genéricos (magos, cavaleiros, monstros, coisas que você encontra em qualquer tipo de fantasia, desde Conan a Star Wars), mas fiz questão de não usar nenhum dos elementos "tolkenianos" de fantasia clássica. Nada de elfos e anões, nada de "classes de personagem" bem definidas e restritas. Se é pra por um bárbaro, que seja um que declame Shakespeare!
7 - Escolher o preto e branco foi uma opção escolhida por que motivo?
No começo foi por praticidade. Hoje em dia é uma escolha estética, pois em preto e branco posso brincar melhor com as hachuras.
8 - Como foi a construção dos personagens? Foram baseados em alguém?
Não foram baseados em ninguém em especial. Simplesmente, quando tive a ideia de escrever uma tira de fantasia, os três arquétipos vieram na minha cabeça: um mago arrogante e subestimado, um bárbaro que adora Shakespeare e uma amazona nariguda. Aí, com o passar das histórias, as personalidades vão se definindo melhor.
9 - As histórias são criadas de que forma? Existe uma linha mais pensada e fixa ou elas vão desenvolvendo-se conforme a aventura se desenrola?
Sempre que vou começar um novo capítulo, tenho uma ideia do tipo de história e do que quero explorar na cabeça, como uma linha guia. Aí, a cada tirinha eu vou guiando aonde quero chegar a história, mas é totalmente maleável. Quando comecei o capítulo 12, não fazia ideia de que haveria zumbis, gólens e um clone do Freddie Mercury na história!
10 - Como foi ver o seu trabalho chegando à 500ª tirinha?
Um misto de satisfação e orgulho, por ver uma criação minha chegar a este nível; de surpresa, porque eu nunca imaginei isso. E de alívio, por causa do trabalho que me deu!
11 - Qual o seu grau de satisfação com o resultado que está tendo numa mídia tão concorrida quanto a internet onde todo dia surge algo novo para concorrer?
Bem, essa pergunta é bem complicada. Como eu já disse, a internet é uma mídia limitada, não em termos de possibilidades, mas em termos de alcance. Com este ponto de vista, após quase 6 anos de publicação, gostaria de ver a Magias dando o próximo passo. Porém, se desconsiderarmos as outras mídias, a Magias vai razoavelmente bem em termos de webcomic, levando em conta meu tempo de produção (que não é muito rápido), limitações de público (é uma HQ temática, portanto tem um público específico) e de formato (como ela é contínua, nem sempre a pessoa se interessa em "começar a ler do meio"). Digamos que, enquanto história em quadrinhos ONLINE, gosto de como as coisas estão indo; mas enquanto história em quadrinhos EM SI, gostaria de levá-la a um novo patamar.
12 - Qual o futuro das aventuras, se é que podes adiantar algo, dos nossos personagens?
Só duas palavras: Saru Pnit.
Obrigadão!!!!
1 - Conte um pouco sobre ti. Como foi o teu início com as HQs? Tem outros projetos? Em resumo...como chegaste até aqui?
Sempre gostei de desenhar e desde criança adorava brincar de fazer HQ. Com o passar dos anos, a brincadeira virou hobby e, na faculdade, fiz minha primeira HQ de verdade, O Incrível Woobler, junto com os amigos David Donato e Roberto Wolvie, que era uma sátira ao mundo publicitário e ao curso de Publicidade da ECA-USP. Na mesma época, eu e um grupo de amigos tivemos a ideia de criar um portal de webcomics, no qual cada um faria sua própria tira, nos moldes de alguns sites gringos que eu acompanhava. Foi neste momento, no meio de 2003, que criei Idana, Remmil e Oc, e comecei a escrever a Magias & Barbaridades, que na época se chamava O Tomo de Edmund. Desde então, não parei mais.
2 - Como é produzir arte (pois inegavelmente hq de qualquer tipo é arte) no Brasil?
Olha, não sou um artista profissional (no sentido que não é da arte que tiro meu sustento), portanto não posso responder a todos. Em termos de quadrinhos, eu enxergo boas possibilidades para o futuro, porque, aparentemente, estamos em um mercado em expansão. Alguns anos atrás, a quantidade de títulos publicada era bem menor do que hoje em dia, e houve no último ano um boom de quadrinhos online, o que indica que mais e mais gente está produzindo. Porém, o mercado ainda é muito, muito pequeno, e quadrinhos ainda não são parte da cultura popular brasileira, o que faz com que a entrada neste mercado como profissional seja bastante difícil.
3 - Existe algum preconceito (ou outra dificuldade) por trabalhares com 'tirinhas' na internet?
O maior problema é a visibilidade. As pessoas estão acostumadas a ver quadrinhos nos jornais e nas bancas, mas ainda não na internet. É um hábito que está mudando, aos poucos, mas ainda tem pouca visibilidade para a maioria. A "nova mídia" não consegue atingir tanta gente quanto a "velha".
4 - Qual a dificuldade de trabalhar com uma HQ na internet? E por que optou por esta mídia?
A dificuldade é que, a princípio, não se ganha dinheiro com isso. A internet é um meio de informação completamente livre, o que ao mesmo tempo que facilita para o artista, por poder publicar o que quiser e quando quiser, eliminando intermediários, dificulta no sentido de que, no meu ver, a internet é gratuita por natureza. É possível se viver disso? É, mas é um terceiro trabalho. Você trabalha no seu dia a dia, trabalha para fazer a webcomic e precisa trabalhar mais "por fora" pra fazer ela gerar receita.
5 - Quais as tuas fontes de inspiração? O que anda acompanhando de quadrinhos atualmente?
Minhas maiores inspirações: Calvin & Haroldo em primeiro lugar; Laerte (Overman, Gatos, Deus, Piratas do Tietê) em segundo. Outras são Little Nemo in Slumberland, do começo do século passado, uma das melhores HQs que já li; Dragon Ball, especialmente nas cenas de ação; e várias webcomics e literatura.
Agora, o que acompanho não tem nada a ver com isso: sou x-maníaco, leio minhas X-Men todo mês religiosamente desde 1993, e outras de super-herói que vão variando. Hoje em dia leio, além das duas mensais dos X-Men, Novos Vingadores e Dimensão DC: Lanterna Verde. Também compro HQs europeias e graphic novels sempre que sobra uma graninha.
6 - As tirinhas da M&B, embora sejam num ambiente de fantasia, diferem de outras (do mesmo estilo) por não fazer uma clara ligação da hq com o RPG. Isso foi proposital ou nunca existiu uma relação entre eles?
Sim, foi proposital. Eu venho de um background de jogador de RPG, e via muitas webcomics de fantasia ironizando e fazendo referência direta ao gênero. A minha ideia era fazer exatamente o oposto. Eu queria escrever uma tira de FANTASIA, não uma tira de RPG. Assim, defini um cenário onde há clichês mais genéricos (magos, cavaleiros, monstros, coisas que você encontra em qualquer tipo de fantasia, desde Conan a Star Wars), mas fiz questão de não usar nenhum dos elementos "tolkenianos" de fantasia clássica. Nada de elfos e anões, nada de "classes de personagem" bem definidas e restritas. Se é pra por um bárbaro, que seja um que declame Shakespeare!
7 - Escolher o preto e branco foi uma opção escolhida por que motivo?
No começo foi por praticidade. Hoje em dia é uma escolha estética, pois em preto e branco posso brincar melhor com as hachuras.
8 - Como foi a construção dos personagens? Foram baseados em alguém?
Não foram baseados em ninguém em especial. Simplesmente, quando tive a ideia de escrever uma tira de fantasia, os três arquétipos vieram na minha cabeça: um mago arrogante e subestimado, um bárbaro que adora Shakespeare e uma amazona nariguda. Aí, com o passar das histórias, as personalidades vão se definindo melhor.
9 - As histórias são criadas de que forma? Existe uma linha mais pensada e fixa ou elas vão desenvolvendo-se conforme a aventura se desenrola?
Sempre que vou começar um novo capítulo, tenho uma ideia do tipo de história e do que quero explorar na cabeça, como uma linha guia. Aí, a cada tirinha eu vou guiando aonde quero chegar a história, mas é totalmente maleável. Quando comecei o capítulo 12, não fazia ideia de que haveria zumbis, gólens e um clone do Freddie Mercury na história!
10 - Como foi ver o seu trabalho chegando à 500ª tirinha?
Um misto de satisfação e orgulho, por ver uma criação minha chegar a este nível; de surpresa, porque eu nunca imaginei isso. E de alívio, por causa do trabalho que me deu!
11 - Qual o seu grau de satisfação com o resultado que está tendo numa mídia tão concorrida quanto a internet onde todo dia surge algo novo para concorrer?
Bem, essa pergunta é bem complicada. Como eu já disse, a internet é uma mídia limitada, não em termos de possibilidades, mas em termos de alcance. Com este ponto de vista, após quase 6 anos de publicação, gostaria de ver a Magias dando o próximo passo. Porém, se desconsiderarmos as outras mídias, a Magias vai razoavelmente bem em termos de webcomic, levando em conta meu tempo de produção (que não é muito rápido), limitações de público (é uma HQ temática, portanto tem um público específico) e de formato (como ela é contínua, nem sempre a pessoa se interessa em "começar a ler do meio"). Digamos que, enquanto história em quadrinhos ONLINE, gosto de como as coisas estão indo; mas enquanto história em quadrinhos EM SI, gostaria de levá-la a um novo patamar.
12 - Qual o futuro das aventuras, se é que podes adiantar algo, dos nossos personagens?
Só duas palavras: Saru Pnit.
Obrigadão!!!!
Às ordens!
Um comentário:
Parabéns pela entrevista ,acompanho o M&B do fabio, desde que o Antonio,do antigo Pop Dice e atual Paragons, publicava e foi através dele que conheci a bem humorada arte do Fabio.
Abrçs e Bons jogos.
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