domingo, 6 de setembro de 2009

Dot20 reabre o debate sobre 4ªed

Artigo lúcido e debate reaberto

No blog dot20 foi postado um impressionante artigo com o título de “Funcionalismo de sistemas (ou “Porque não quero mais saber do d20”)", cujo autor é Shido.

Este é realmente um dos melhores textos que li sobre análise dentro do RPG. Não que minha opinião deva ser levada à sério, ou seja supervalorizada, mas é realmente uma obra. Coerente, claro, linear – tudo o que gosto num texto de análise.

Ele também é inovador. Sua originalidade foi, em primeiro lugar dar argumentos para o interminável debate entre adoradores da 4ed e os amantes da 3ed. Em segundo lugar, sua originalidade está em ser um artigo muito bem argumentado à favor da 4ed.

Ele faz um mapeamento de uma série do que ele mostra como ‘pegadinhas’ dentro do sistema com seu aglomerado infindável de listas e regras sobre regras sobre regras. Não vou entrar, aqui, numa reconstituição do texto. Vocês tem a obrigação de lê-lo. Mas vou pegar apenas em um ou dois pontos que são os que realmente me chamam a atenção.

O primeiro deles é a crítica que muitos fazem de que a 4ed passou a ser um jogo de simples porrada e catacumbas. Concordo com o artigo que isso deixa de lado a hipocrisia e trás o sistema de volta à suas origens. Mas acho que este retorno nunca foi uma das críticas ao sistema, e sim o fato de ele passar a ser um sistema centralizado em miniaturas. Por mais que se discuta que as regras (em seu excesso) possam nublar a diversão ou a clareza do jogo, a mudança do sistema altera sim (e muito) as possibilidades do jogo. Se a necessidade (ou desejo) é de um jogo mais esquemático e dimensional – com miniaturas – poderiam seguir às variadas séries de wargames com peças colecionáveis e pronto. Não me imagino interpretando enquanto olho minha peça (que pode ser uma ficha, ou moeda, ou grão de milho) de cima.

O segundo ponto pode ser centralizado numa frase do próprio texto – “O RPG, ao meu ver, só terá relevância se proporcionar o tipo de experiência que os jogos eletrônicos não podem (ainda) reproduzir”. Concordo plenamente com isto. E digo mais, ao meu ver, eles nunca poderão. Não acho que com uma simplificação de regras (ou enxugamento delas) que o sistema será mais atraente para seus jogadores. Nem que com isso estaremos indo de encontro à salvação do RPG. Muito pelo contrário, isso nos joga, de bandeja, para o apogeu dos jogos eletrônicos. O diferencial não é a sistemática, mas sempre será, para mim pelo menos interpretação.

De qualquer forma não deixem de ler o ótimo artigo. Não deixe de pensarem e analisarem cada palavra dita ali e em todas as críticas e debates que com toda a certeza aparecerão nos próximos dias. Para os mais atentos é claro que estamos atravessando um período de mudanças consideráveis em tudo aquilo que chamamos de RPG. E só por isso já vale um bom debate.

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