quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Material de Apoio - Lâminas 18: Espada Longa



Espadas Medievais – Espada Longa

Em pleno século XIII, a forma básica dos cavaleiros estava prestes à mudar. Pela segunda metade do século, o elmo tinha se desenvolvido para uma peça grande e protegia a cabeça como um todo. Pequenas placas defensivas eram adicionadas aos joelhos e cotovelos e uma grande variedade de articulações simples para defesas foram sendo experimentadas para proteger o corpo. Todas essas mudanças meramente anunciavam a profunda modificação que aconteceria no século XIV, culminando com cavaleiros, usando armaduras de placas e bem treinados na arte do combate, em uma combinação que viria a ser mortal.


No mesmo período os cuteleiros desenvolveram uma nova e versátil arma – a Espada Longa. Com relação ao seu nome devemos esclarecer uma coisa que normalmente causa confusão na cabeça de muitos desavisados. O termo “espada longa” (long sword) deve ser entendido como uma espada muito grande. O termo surgiu pela simples comparação com as espadas comuns da época – no caso as arming sword. As “espadas longas” receberam esta denominação devido ao seu tamanho maior do que as arming sword. Muitos rpgístas consideram erradamente “espadas longas” e “espadas de duas mãos” como sendo a mesma coisa.

O surgimento da espada longa data pelo menos do ano 1300, embora hajam imagens com representações de espadas longas datando de 1250, e perduram até 1550, mas mantendo alguns exemplares em uso até fins do século XVII.

Essa nova arma geralmente media entre 1,12m e 1,37m de comprimento. Ela era contínua em seu comprimento, bastante robusta, com fio em ambas as laterais (como as arming swords) e com uma ponta mais aguda. A formatação de sua lâmina era simples onde o formato geométrico diferenciado do volume da lâmina lhe conferia a resistência. Já seu peso ficava entre 1,4Kg à 1,8Kg.


Este designe alterado é largamente atribuído pelo uso de armaduras de placas por seus oponentes, o que nulificava a habilidade de uma espada de perfurar. Ao invés de cortar, a espada longa deveria ser usada, então, mais para perfurar a armadura de placas ou cota de malha do oponente, requerendo uma ponta muito mais aguda com uma lâmina muito mais rígida. Contudo, a capacidade de cortar das espadas longas nunca foi totalmente removida, como aconteceu em muitos casos da rapiers (que surgiram depois), mas era uma capacidade secundária à habilidade de perfurar.



As lâminas das espadas longas diferem em sua forma, principalmente no que diz respeito ao seu volume ao longo da lâmina, e diferiam levemente na largura e comprimento. As duas formas mais comuns para as lâminas das espadas longas, em seu volume, é a forma de diamante e a lenticular. Lâminas lenticulares são formatadas em uma dupla linha convexa, provendo uma força e resistência maior no centro da lâmina, mantendo duas linhas de fio (uma de cada lado da lâmina) deixando-a efetiva para cortes e perfurações (com uma certa facilidade maior para perfuração). As lâminas em forma de diamante, sem a curvatura semelhante à lâmina lenticular, possui um centro muito mais rígido, mas deixando a espada longa mais balanceada tanto para corte quanto para perfuração.


Esta nova arma possuía um peso médio que lhe permitia ser facilmente usada e carregada, além de que possibilitava que os golpes perfurantes fossem mais facilmente realizados. A característica de seu peso, aliado à um comprimento um pouco mais longo da empunhadura e da lâmina, permitia então combates versáteis, diretos e rápidos, possibilitando, inclusive, manobras de desarme do oponente. Todas as partes da espada eram utilizadas nas manobras baseando-se em um controle possível com apenas uma mão na empunhadura.

Além disso, seu peso também lhe permitia ser usada com uma mão, juntamente com uma adaga na outra (como acontecia com as arming swords). Mas, quando necessário, ela poderia ser manuseada com ambas as mãos para golpes mais poderosos. Devido à isso era conhecida como “espada de mão e meia”.

Uma das grandes virtudes do manuseio da espada longa, facilitado pelo seu peso, era a utilização do pommel, com o apoio da segunda mão, para movimentos de giro, que acabou por desenvolver técnicas para iludir o adversário. O pommel, junto com a segunda mão, criava uma forma de alongamento do alcance da espada (veja imagem abaixo).


Nas imagens acima fica claro a forma sutil como a empunhadura é manuseada pela segunda mão. A grande versatilidade de combate, devido à todas essas características, permitia que um cavaleiro bem treinado no seu manuseio pudesse facilmente enfrentar até dez soldados simultaneamente.

Uma característica à mais desta pouca capacidade reduzida de cortar das espadas longas era que o cavaleiro poderia segurar a lâmina com a outra mão facilitando e possibilitando mais uma série de golpes.

Por toda essa facilidade de manuseio e combate ela se tornou extremamente popular entre a classe dos cavaleiros, tanto que era chamada de “arma de guerra”, sendo posteriormente um elemento da vestimenta dos civis nos fins da Idade Média e início do Renascimento. A espada longa era uma poderosa e versátil arma, mas não era considerada a única arma necessária para aprender a arte da guerra. Sigmund Ringech, autor de um influente manual de combate (“Fechtbuch”), escreveu que jovens cavaleiros deveriam aprender “a lutar bem e se aperfeiçoarem com a lança, com a espada e adaga, seguindo um mesmo caminho”. Ele era favorável que todo mestre espadachim aprendesse o manuseio de outras armas e técnicas, pois o conjunto seria o diferencial em batalhas.


Dois mestres trabalharam com técnicas para esta arma. Fiori dei Liberi (1409, considerando o comprimento ideal de uma espada longa entre 1,12 e 1,37 metros) e Filipo Vadi (1482, considerando o comprimento ideal entre 1,27 e 1,37 metros) mostravam técnicas apuradas para o manuseio desta arma, embora cada um tivesse uma visão um pouco diferente do que vinha a ser uma espada longa. Seus estudos foram desenhados demonstrando passo a passo de cada manobra. Além deles ainda haviam muitos outros tais como Hans Talhoffer (1467) e Achille Marozzo (1482).


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