domingo, 31 de janeiro de 2010

Material de Apoio - Lâminas 31

MATERIAL DE APOIO – LÂMINAS
- ESPADAS -


ESPADAS RENASCENTISTAS – AS RAPIERS III


Por ser uma arma extremamente rápida as rapiers podiam ser mortais num único movimento. Nem sempre o adversário tinham tempo para uma resposta. Por isso mesmo tratados e mais tratados foram criados preocupando-se a defesa quando da utilização de uma rapier. Normalmente originários da hoje Espanha e da hoje Itália, esses tratados trabalhavam com noções de como procurar a perfeição utilizando conhecimento e força na procura de um equilíbrio perfeito entre defesa e ataque. A fórmula perfeita seria aquela que conseguisse reduzir ao máximo o tempo gasto entre a defesa e o contra-ataque do espadachim.

Para esta equação perfeita já foi mostrado, na última postagem, as três formas que os espadachins que empunhavam rapiers se valiam para incrementar sua defesa – a adaga, o broquel e a capa. Qualquer uma das três tinha a mesma intenção: defender o ataque adversário deixando livre a rapier para o contra-ataque.



A ADAGA: um casamento mortal

A mais comum de todas era a utilização da adaga juntamente com a rapier. Como já foi dito a evolução desta espada veio suprir a necessidade de uma população masculina que cada vez mais carregava consigo uma arma à cintura. Ora, nada mais lógico que essa mesma parcela da população se valesse de outros elementos que estivessem em seu poder para a utilização nos combates. Mais comum ainda que as rapiers, as adagas eram elemento constante junto dos homens de qualquer idade. Ou na cintura ou presa à bota, elas estavam sempre à mão para os afazeres diários de suas labutas ou nem que fosse para ser apenas mais um elemento que completasse o conjunto de seu vestuário. Por ser tão comum ela foi rapidamente agregada ao combate com as rapiers.

Sua leveza e resistência – não que o broquel e a capa fosse pesados - possibilitavam rápido manuseio. A forma mais comum de ser usado na defesa, segundo escritos do mestre renascentista DiGrassi, era aparando os golpes da espada adversária com a parte plana da lâmina da adaga. Fazendo isso o espadachim poderia ter três atitudes. Poderia fazer uma defesa brusca onde o impacto tinha a clara intenção de devolver a lâmina do adversária da forma mais instável possível, dificultado o golpe seguinte. A outra alternativa seria a de tentar manter as lâminas em contato empurrando a lâmina adversária de encontro ao corpo do espadachim que a segurava, encurtando o espaço de resposta (mas muito pouco efetivo no caso da adaga). A terceira possibilidade seria prender a lâmina do adversário numa estrutura que havia em alguns modelos de adagas, na proteção da empunhadura, próprios para essa função.

A adaga foi sempre, mesmo que isso nos cause estranheza, um elemento muito mais defensivo do que ofensivo. A explicação é simples – para se usar a adaga há a necessidade de encurtar a distância entre os espadachins, possibilitando que o adversário também use a adaga.


Existem duas forma de se usar a adaga juntamente com a rapier. Embora cada qual tenha sua característica a constante é que com o uso da adaga o espadachim deve sempre ter seu pé esquerdo (mesmo lado da mão que segura a adaga) postado para a frente.

A primeira forma de segurar a adaga seria segurando-a “para baixo” (com o cabo da adaga encostado no dedo mindinho). Esta forma de segurar a adaga é a mais eficiente para a defesa do espadachim contra golpes circulares, mas também é a forma exige mais conhecimento do espadachim, sendo pouco recomendável para novatos. Outra característica dessa posição é que ela quase que impossibilita o uso da adaga para movimentos de ataque.

A segunda forma de agarrar a adaga – também conhecida como forma tradicional – é segurar ela “para cima” (com o cabo da adaga encostado nos dedos polegar e indicador). Esta posição é indicada para defesas contra golpes de corte para o lado esquerdo do corpo do espadachim e para desvios simples de golpes do adversário. Essa posição possibilita que a adaga seja utilizada de forma ofensiva. Para isso só é necessário que o polegar seja deslocado para após o punho da adaga e se apoiei na lateral da lâmina, dando mais estabilidade e firmeza à adaga.

De qualquer forma, independente da posição em que adaga esteja sendo agarrada, uma regra é mantida – isso é chamado de “guarda oposta”. Se a rapier do espadachim está sendo mantida na altura da cintura, a adaga deverá está na altura do ombro, e vice versa.

Com relação à opção de se usar a adaga para atacar, os estudiosos e mestres – como Di Grassi – a qualifica como um elemento pseudo-ofensivo. Isso porque a intenção é de atacar a arma do adversário e não ele propriamente dito. Isso é feito com um movimento circular no sentido direta-esquerda tentando empurrar a arma do adversário para longe e deixando todo o dorso livre para um ataque com a rapier.

DiGrassi qualificava como uma verdadeira arte o uso da rapier juntamente com uma adaga. Aliando estas duas armas com o inovador jogo de pernas e a movimentação do corpo nas manobras, inovado com os treinamentos deste tipo de espada, criava um verdadeiro balet mortal. Não por menos que ele afirmava da necessidade do treinamento incansável do espadachim que intentasse ser um exímio empunhador de uma rapier.

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