sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quadrinhos - A Polêmica do Capitão América

E tudo vira polêmica

Nos Estados Unidos precisa-se de pouco para criar uma boa polêmica. Na edição 602 da revista Capitain América (Marvel) uma página criou uma discussão que atingiu inclusive os grandes noticiários nacionais de televisão e jornais.


Na história escrita por Ed Brubaker e desenhada pelo brasileiro Luke Ross nos é apresentada uma história onde estão junto o Capitão América e o Falcão juntos na cidade de Boise (Idaho) realizando uma investigação quando se deparam com uma multidão protestando contra o governo americano. Então o Falcão faz um comentário de que seria difícil para ele, “sendo um negro do bairro do Bronx” se infiltrar num grupo formado por brancos racistas. Logo adiante, num outro quadrinho, mostra uma multidão protestando contra as taxas e impostos do atual governo onde um dos manifestantes empunha um cartaz dizendo: “Tea bag the Libs before they tea bag you!”

Transcrevo a explicação dada de forma muito clara pelo site Universo HQ: Para entender a polêmica é preciso explicar melhor o significado da frase. “A tradução literal de ‘tea bag’ é saco de chá, mas o termo pode ser usado como uma gíria sexual que se refere ao ato de esfregar o escroto no rosto ou na boca de outra pessoa. Além disso, ‘teabaggers’ é o termo usado pela imprensa estadunidense para se referir, muitas vezes de maneira pejorativa, aos integrantes do movimento conservador Tea Party (que se opõe ao governo de Barack Obama e ao pacote de estímulo fiscal), surgido em 2009, e que realizou muitos protestos em diversos estados norte-americanos.” Ficou bem claro, não?!


Pois bem, em 2009, o movimento Tea Party fez protestos em cidades norte-americanas contra o aumento de impostos e principalmente contra o programa do governo Obama (os “Libs”, liberais) de apoio em dinheiro às grandes corporações em processo de falência, como os bancos e as montadores de automóveis.

Bom, a polêmica teve seu pontapé inicial no site Publius Forum acusando, através do colunista Warner Huston, a Marvel de chamar os participantes do movimento contra Obama de racistas. Conforme o assunto foi crescendo e atingindo outros segmentos da sociedade americana, sua proporção foi aumentando e se distorcendo. A Fox News (integrante declarada da mídia conservadora - e anti-liberal - americana), por exemplo, chegou a colocar no ar algumas das manifestações de Ed Brubaker contra o Tea Party e contra o partido dos republicanos, como justificativa para seu enredo. Um analista, também chamado pelo canal americano, do Hudson Institute declarou que a cena em questão era “uma tentativa clara de minar o movimento Tea Party”.

O escritor declarou na mídia que suas opiniões políticas são pessoais que não influenciariam de forma alguma seu trabalho. Além disso, ele declarou que a escolha dos textos não passa totalmente por ele. Ele havia no roteiro apenas colocado que haveria uma cena com um grupo de pessoas protestando.

Já Joe Quesada – editor-chefe da Marvel – defende a revista colocando a culpa apenas na pressa pelo fechamento da edição. Segundo ele com a pressa em fechar a edição o letrista (Joe Caramagana), que recebeu a edição sem referência para os cartazes, procurou na internet elementos que pudessem dar mais realismo à estória. O editor-chefe compreendeu a polêmica e pediu desculpas pelo transtorno, mas deixando claro a falta de intenção no ocorrido. Ele declarou: “Sempre deixei bem claro para nosso grupo editorial e nossos criadores ao longo dos anos: nossas séries não são palanques. Sempre fiz questão de nunca expressar publicamente minhas crenças políticas e acho que não me cabe fazer isso usando a Marvel como púlpito. Nossos leitores têm vários pesos e medidas, e precisamos respeitar este fato”.

Nem bem foi lançada – chegou às bancas dia 20 de janeiro - e a edição já é uma raridade muito valiosa. De sue valor normal de pouco mais de três dólares, já atingiu os quinze no E-bay. Segundo a Marvel as reimpressões já estarão corrigidas.

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