quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Terceira Garra - Prólogo

A Terceira Garra
- Prólogo -

Júlio Oliveira


Olho para o céu escuro e o que vejo é uma lua encoberta por nuvens, prata, escondida por um véu sombrio. As estrelas, hoje, também não aparecem, deixando sua mãe solitária na imensidão negra. Venta um pouco, mas não creio que o tempo mudará. Amanhã novamente haverá sol forte e brisa com cheiro de grama, mas por enquanto devo aceitar a beleza da noite. Em meio ao acampamento a fogueira arde arisca, gosto como o calor traz uma sensação reconfortante, pena que estou longe demais para senti-lo.

Ao redor das chamas meus companheiros descansam, dormem um sono profundo, e talvez batalhem em sonhos. Pois é isso que fazemos, batalhamos, e às vezes tenho certeza que nem ao dormir conseguimos uma trégua. Somos todos cavaleiros, membros da Ordem do Falcão de Villent. Jurados a um senhor que nos mantém alimentados e bem equipados, mas que tem como seu preço nossa lealdade. Somos quase mercenários, mas andamos entre nobres e seguimos as normas da cavalaria.

Assumo sempre o primeiro turno da guarda. Gosto de refletir enquanto olho o céu, e acabo por lembrar de antigas batalhas, inimigos vencidos e belas damas. Tudo isso, encostado em umvelho tronco podre, de espada embainhada em mãos, a um dia da fronteira.

Viajamos à quase três semanas, rumamos para o sul, em direção a Tyrondir. A guerra atinge esse país, e é para lá que vamos, para o centro do conflito. A cada dia mais e mais grupos vindos de Khalyfor avançam território a dentro em busca de saques e escravos. Enquanto isso o exército do reino aguarda sentado, sem forças ou coragem para uma reação qualquer.

Somos quatro guerreiros apenas, e nesse ponto, concordo que não sejamos de impressionar. Mas somos quatro guerreiros experientes, calejados em batalha e aço, forjados na parede de escudos, mandados como ajuda a um parente de nosso senhor, um Lorde local que precisa de ajuda em suas terras. Trazemos nossos garanhões, nosso brasão do Falcão no peito e nossas armas. A expectativa é grande, e com certeza combates não faltarão, mas nossa estrada ainda é longa e teremos uma boa cavalgada.

E quando a hora chegar, e finalmente nos depararmos com o inimigo, espero que sejamos mais rápidos e mortais, pela graça de Khalmyr.

Glaher Olir, Cavaleiro da Ordem do Falcão de Villent

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