sábado, 2 de julho de 2011

A melhor forma de usar música numa seção de RPG

Preparando sua seção com músicas

Muitos falam do uso da música e efeitos musicais nas seções de RPG. É inegável que tal elemento é extremamente enriquecedor e leva os jogadores para dentro do jogo. Mas existem formas e formas de nos valermos desses recursos.

Minhas experiências com música em seções de RPG no decorrer dos anos me fizeram ir aprimorando aos poucos a forma de sua utilização. Para uma boa utilização de efeitos sonoros em suas seções devemos passar por algumas etapas:

Ter clara a estrutura do jogo/seção
Por mais imprevistos que possamos ter, como mestres, temos uma linha geral que nossa aventura ou seção seguirá. Para utilização de músicas, principalmente, é importantíssimo termos uma boa idéia de nossa aventura. Se você é daqueles mestres que gostam de ir inventando ao longo da seção aconselho à usarem efeitos sonoros ao invés de músicas por serem mais fáceis de se adaptar à situações variadas. Para músicas em si devemos saber da possibilidade desta ou daquela situação ser acontecer.

Delimite, baseado em sua seção ou campanha, as situações mais interessantes para possuírem uma trilha sonora - situações extremas, locais marcantes, encontros importantes. Em determinado momento o grupo de aventureiros terão de encontrar o duque de uma região para receberem ordens; ou o grupo finalmente chega ao topo da montanha que guarda o covil de um dragão; ou depois de longa jornada o grupo finalmente atravessa o deserto e encontra acidade perdida entre Oasis; ou simplesmente o grupo se encontra numa taverna para descansar e fazer o saldo da jornada antes de continuarem na manhã seguinte. O jogo não precisa ter uma trilha sonora em tempo integral.

Escolha das músicas e efeitos
Depois de passarmos por esta primeira etapa (que não deixa de ser algo normal antes de qualquer seção de RPG) está na hora de fazermos as escolha das músicas e efeitos em si. Primeiramente é importante desistirmos de achar ou tentar utilizar uma música para cada situação possível do jogo. As possibilidade de variações e de mudanças de nossos jogos são tantas que acabaríamos tendo uma centena de músicas, atrapalhando mais do que ajudando. É mais interessante escolhermos músicas para ‘situações’ ao invés de músicas para momentos.

Isso quer dizer, em outras palavras, as músicas devem ser ligadas à situações como descanso, luta, suspense, jornada, surpresa, e outras. Isso serve tanto para delimitar a quantidade de músicas e efeitos quanto para criar um vínculo e ligação com os jogadores entre música e situação. Muitos desenhos, seriados e filmes usam este elemento (lembram dos bipes entre as cenas do seriado “24 horas”??), criando nos expectadores um reconhecimento de cada situação pela música ou efeito.

Como já disse a música não precisa estar presente em tempo integral durante a aventura. Mas se você prefere que haja alguma coisa durante os momentos que não são significativos, você pode escolher uma música tema central que tocará como que de fundo no resto do tempo. É aconselhável que esta música central seja um pouco mais calma, mas sem dar sono, é claro, para diferenciar bem das outras situações.

Preparação do material
Esta pode ser a parte mais fácil, mas também é a mais importante para que o jogo transcorra sem problemas. Depois das músicas escolhidas o ideal é que elas sejam gravadas numa ordem que o mestre domine facilmente. Se você tem algum conhecimento com os vários programas de manipulação de sons existentes (como o Audacity) faça com que cada tema seja relativamente longo. Eles não precisam ser gravados numa ordem específica, apenas tenha claro qual a ordem de gravação. Uma listinha explicativa num canto de uma folha já ajuda muito. Na própria aventura você pode deixar pré-determinado qual faixa usar para lhe ajudar no momento do jogo. Caso você tenha escolhido uma música para tema central, naqueles momentos sem tanto significado, o aconselhável é que ela seja gravada como a primeira faixa.

Usando a trilha sonora
O crucial para que tudo transcorra bem é que a trilha não atrapalhe o jogo, mas sim a enriqueça. Para isso a organização até aqui já foi um passo importante. Agora vamos ao segundo passo importante. Aconselho a usarem notebooks ou aparelhos de som que possibilitem escolherem a música rapidamente.

Nos notebooks isso é fácil, pois com um clique já temos a música rodando. Nos aparelhos de som eu prefiro aqueles em que eu posso escolher a música apenas digitando o número da faixa. A rapidez para não termos de parar a narração é crucial para que o clima não se quebre.

Outro ponto importante é não deixar a música num volume excessivamente alto. Ela até pode começar num volume mais alto e depois ir baixando (efeitos como o ‘fade out’ servem muito bem, ou simplesmente usando o botão do volume também fazem o mesmo efeito) até uma altura que sirva como pano de fundo. Lembre-se que a música deve ser parte da ação e não a protagonista.

Como dica final na utilização é sempre bom deixar a função ‘repeat’ ligada para que não tenhamos uma surpresa de troca de faixa em meio à cena.

Dicas finais
Faça surpresa com seu grupo. Não declare – “agora uma música de suspense!” ou “vamos para a música de combate!”. Deixe-os no suspense da situação. Depois de algumas vezes será só você colocar a trilha e eles já a reconhecerão, criando automaticamente um ambiente favorável para a ação.

Seja sensível, também, aos gostos de seu grupo. Não tente empurrar para o grupo coisas que você sabe que eles não gostarão apenas porque você é o mestre. Lembre que o importante é fazer com que a trilha sonora ajude, e não que atrapalhe.

Este é um pequeno roteiro que para mim funcionou muito bem. Teste e modifique da maneira que melhor lhe agradar ou ajudar. O importante é nunca esquecermos que o ponto central é a diversão do grupo.

Nota: originalmente postado nas colaborações da Confraria à As Crônicas do Bardo Acorde.

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