quinta-feira, 26 de julho de 2012

Fantasia e Realidade - Bardos



Bardos: Fantasia & realidade


A História
Nosso primeiro alvo nesta seção foram os druidas. E para minha surpresa, como deve ter sido para vocês também, a origem histórica de druidas e bardos estava intimamente ligada. Para sermos mais exatos eles eram variações da mesma pessoa. Mas estudando mais profundamente vamos tendo novamente mais dúvidas do que certezas.

Pesquisas históricas e etimológicas mostram não só que há divergências entre a origem dos bardos como sobre qual ‘bardo’ era o que estava ligado aos druidas. Além disso, o termo e a função social dos bardos mudaram com o passar do tempo.

A ligação de Bardos e Druidas vem do termo irlandês Fili que designava um tipo de druida. Eles eram ligados à disseminação da cultura druídica celta através de suas habilidades artísticas em poesia, música e dança. A tradição oral de toda a comunidade, e seus antepassados, deveria chegar à toda a população em todos os cantos. Por isso os Filis saiam em peregrinação transmitindo seus conhecimentos por meio da arte.


Com a disseminação da religião católica e a aculturação dessas comunidades celtas o papel místico, e mesmo a posição e status dos druidas, foi sumindo ou tomando outras formas nas sociedades. Com isso o papel social dos Fili (bardos) também mudou. O termo bardo passou a assumir o significado genérico de autor de épicos, cantor e narrador. Ao perder sua importância social (transmitindo o conhecimento e a cultura nativa) e sua posição de status (druidas/filis eram posições de comando dentro da sociedade) ele passou a ser um artista profissional.

A palavra ‘Bardo’ tem uma origem proto-indo-européia que significa “levantar a voz” ou “louvor”. Não sabe-se ao certo quando os termos fili e bardo acabaram se casando, mas temos certo que em algum momento histórico o trabalho realizado pelos fili ganharam o nome de bardo. Eles começaram a percorrer regiões e reinos inteiros cantando épicos que lhes agradassem ou sendo contratados por senhores e nobres para criarem músicas e cânticos sobre seus feitos.

Ao mesmo tempo que assumiu o termo ‘bardo’ sua atividade começou a ser vista de outra forma pela população e pelos governantes. Não mais como um itinerante sábio que percorria as regiões disseminando histórias passadas e ensinando sobre a cultura do povo celta. Agora ele era visto de forma ambígua. Um pouco como um conhecedor profundo da literatura e um homem de letras, um conhecedor da política e um crítico sagaz. Por outro lado era visto como um boêmio sem paradeiro fixo que vivia viajando e satirizando à todos por onde quer que passassem.


Mas os estudiosos da história da poesia medieval deram uma certa luz para essa dualidade. Eles explicam que o bardo era contratado como um poeta profissional para criar odes sobre os ‘feitos’ de um senhor de uma determinada região. Para este serviço ele seria pago como qualquer empregado. Mas se o pagamento não fosse feito ou se fosse insuficiente na visão do bardo, ou ainda se o bardo considerasse o senhor indigno de sua obra, ele então comporia uma sátira desqualificando o seu senhor. Aos poucos eles foram se diferenciando dos ‘poetas’ propriamente ditos, e acabaram como renegados (ou boêmios) na visão da comunidade.

A história dos bardos não parou aí, como muito podemos nos enganar. Eles se organizaram e formaram escolas, principalmente na Irlanda, que passavam os ensinamentos e conhecimentos em poesia e música para poucos e selecionados discípulos. Mesmo no século XVII, quando as últimas escolas foram extintas, a cultura barda se encerrou definitivamente.

Mas hoje ainda temos alguns exemplares de bardos pelo mundo. Na Indonésia e na África Central pessoas assumem o papel desses menestréis passando de forma oral a história dos antepassados dessas comunidades ensinando sob forma de cantos e fantoches.

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