sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Fantasia e Realidade - Bardos II

Realidade e Fantasia - Bardos II


Como vimos no artigo anterior os Bardos existiram realmente, mas com funções muito específicas conforme sua época. Mas e no RPG, o que temos de fantasioso e o que temos de influência da realidade?

Nos vários sistemas de RPG existentes é quase unânime que os Bardos não são vistos com bons olhos pelas pessoas de bem. Boêmios, na maioria das vezes, vagabundos em outras tantas, os Bardos percorrem os seus cenários como aventureiros bonvivans à procurando de aventura, fama e raparigas distribuindo música e alegria para todos. Em todos os casos eles pessoas que estão constantemente procurando aventuras para registrar e para os promoverem. Abaixo, nos trechos selecionados, podemos ver como essa ideia é constante:

“Todos sabem que a música possui uma magia especial e o bardo prova que isso é verdade. Viajar o mundo, acumular conhecimento, contar histórias, retirar magia de sua música e sobreviver da gratidão de usa audiência – essa é a vida de um bardo. (...) Os bardos são viajantes, guiados por sua intuição e vontade, não pela tradição e pela ordem”. [D&D 3,5 – Livro do Jogador]

“Com espírito livre e fala amistosa, os Bardos se tornaram os principais veículos de informação no Mundo Conhecido. Tendo a arte como seu maior poder, eles conseguem cativar pessoas facilmente, sendo muito bem recebidos na maior parte dos reinos”. [Tagmar II – Manual de Regras]

“Grandes salões de baile, cortes refinadas, tavernas agitadas e metrópoles lotadas são os domínios dos bardos – os artistas, músicos, sedutores e fanfarrões de Arton. (...) Alguns aventuram-se por lealdade a um rei ou senhor (...) Outros bardos viajam ao lado de aventureiros famosos (ou que um dia serão famosos) para registrar suas façanhas.” [Tormenta RPG – Módulo Básico]

Além disso, nos são apresentados personagens que possuem a capacidade de manipulação de certas forças mágicas por meio de suas aptidões artísticas. Eles seriam capazes de realizar magias, arcanas, em menor variedade e força que magos. A utilização dessas magias estaria ligado à sua capacidade artística:

“Todas as magias de bardo possuem um componente verbal (cantar, recitar ou tocar um instrumento)” [D&D 3,5 – Livro do Jogador]

“Você pode usar música (ou outro tipo de arte performática, como dança) para gerar vários efeitos mágicos”. [Tormenta RPG – Módulo Básico]


Como a realidade influenciou a fantasia? Vamos começar pela magia.

Em nossos dois primeiros artigos desta série vimos o que eram na realidade os druidas e descobrimos que um dos vários desígnios deles era o termo Fili (reconhecido por Bardo). Este tipo específico de druida era responsável em percorrer as diversas regiões disseminando sua cultura e a histórias dos antepassados sob forma de música, poesia e teatro. Mas ainda assim eles levavam consigo o estigma de serem 'druidas' e, naturalmente, de possuírem poderes mágicos. Diziam que a forma com a qual eles transmitiam suas histórias pela música e pela poesia poderia hipnotizar uma pessoa. Em algumas regiões diziam que as rimas bem feitas dos bardos eram suficientes para amaldiçoar uma pessoa, trazendo-lhe desde verrugas à morte lenta e gradativa. Não é de admirar então que o termo Bardo tenha sido vinculado às práticas mágicas. Mas ao mesmo tempo seus poderes teriam certas limitações, não atingindo nada de tão extraordinário.

Em Tormenta RPG, por exemplo, as magias possíveis dos Bardos usarem são aquelas que mexem com os sentimentos – medo, pavor dos inimigos ou inspiração de aliados. Isso é mais um elemento que contribui com a noção histórica de que Bardos tinham um certo ‘poder’ sobre a mente de quem escutasse suas obras.


Já a questão de seu estereótipo boêmio é muito mais fácil de ser explicado e entendido. Realmente, como já vimos na postagem anterior, sua vida era errante desde seus primórdios. Cada dia ou semana numa comunidade diferente perpassando seus conhecimentos. Ao mesmo tempo o status dos druidas (na época em que os Bardos se designavam Fili principalmente) também se aderiu à eles e a posição privilegiada lhes proporcionava que não precisassem trabalhar e que a cada comunidade nova que chegassem fossem tratados com reverência. Necessidades imediatas como alimentação e abrigo eram oferecidos pela população das comunidades. Não é incomum na história principalmente dos povos do norte da Europa que mulheres fossem oferecidos à essas pessoas 'importantes' que visitavam a cidade (principalmente quando achavam que ele poderia facilmente amaldiçoar a vila inteira).

Então nessas duas características dos Bardos dos RPGs, acho que as principais, vemos elementos que a história serviu como suporte, muito mais do que com os Druidas.

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