Solução
simples para os faltosos
Uma
das maiores amarguras para os mestres e grupos de RPG são os jogadores
incidentais. São jogadores que por uma ou outra razão não levam tão à sério o
compromisso com as seções e aparência de forma esporádica. Isso causa muita
indignação.
A
solução mais comum é a execução sumário do personagem, normalmente com
requintes de crueldade por parte da mente magoada do mestre. Depois disso a
aventura continua como se nada tivesse acontecido e a lembrança da existência
do personagem é banida do universo.
Mas,
se formos pensar bem, os dias em que esses jogadores incidentais aparecem nas
seções é tão complicado quanto os dias em que eles faltam. Toda uma aventura
tem que ser reestruturada e a solução mais comum é dar um personagem novo para
esses ‘faltoso’. Isso acaba gerando uma escalada de problemas, pois modifica a
aventura e acaba com o enredo. Claro que isso funciona até que o dito jogador
falte novamente.
O
que fazer então?
Um
solução simples passa sempre por bom senso e criatividade, e por um mestre
interessado e responsável. O que realmente importa é a diversão. Dizemos isso à
exaustão em todos os blogs e sites especializados. E a diversão, numa aventura
de RPG, passa sim por um bom enredo, pontas aparadas e o mínimo de erros. Qual
o grupo que gosta de ver sua aventura sendo podada aqui e ali com as faltas dos
outros? Qual o grupo que fica satisfeito com claras mudanças de última hora tal
como a entrada de um personagem novo à cada duas seções? Ninguém! Isso quebra o
ritmo do jogo e a percepção que o grupo tem do realismo do cenário.
O
mestre, pelo menos os menos orgulhosos, podem sim adaptar a aventura à um
personagem incidental. Alguns de vocês podem me perguntar - mas seria certo
adaptar ‘nossa’ aventura por causa de um faltoso? Não deveria ser o contrário?
A
resposta é certeira: se o que interessa é realmente a diversão e a linearidade
da aventura para que o grupo, como um todo, se divirta, devemos adaptar esta
necessidade ao que acontece em volta.
Os
mestre se esquecem muitas vezes do poder que eles têm em suas mãos. Eles podem
moldar todo um universo, contando as ações dos jogadores, ao seu bel prazer.
Por que não se valer disso para o benefício da aventura e esquecer os
sentimentos primitivos de vingança (heheheh)!?
Mas
como fazer isso? A alternativa mais fácil e interessante é a fragmentação da
história. Explico. Na grande maioria das vezes as seções são interrompidas em
momentos de baixa tensão. Quase sempre os hiatos entre uma semana e outra se
dão antes ou depois de um combate ou de um momento de clímax, e isso facilita
muito.
Ao
mestre cabe a criatividade. Com a falta de um membro do grupo podemos
simplesmente contornar sua falta fragmentando seu papel na aventura. Crie um
enredo pequeno e particular para ele onde ele teria de deixar o grupo por um
curto tempo para qualquer que fosse a atividade. Esse membro retornaria ao
grupo quando voltasse a comparecer à seção tendo seu afazer resolvido. Parece
um paliativo, mas dá resultado e, como disse, a criatividade do mestre pode ser
fundamental.
O
mestre pode incrementar essa fragmentação de muitas formas. A mais engenhosa
seria oferecer ao faltoso a oportunidade de uma mini-seção individual (uma
espécie de spion-off) valorizando sua participação. Ao mesmo tempo esse recurso
pode ser muito bem utilizado pelo mestre que pode acrescentar novas cores à
aventura sem parecer uma imposição.
Um
adendo positivo à esta solução é que o mestre pode ter mais contato com seu
jogador desgarrado e perceber quais os motivos que o fizeram debandar
momentaneamente. Por mais que não gostemos disso, na maioria dos casos, as
faltas podem refletir desde problemas dentro do grupo, problemas de qualidade
da aventura ou mesmo problemas com o mestre. E para qualquer um desses três
problemas o mestre é o maior interessado em resolvê-los.
Sempre
tive claro que o maior interesse do RPG é a diversão, sua função primordial.
Não será excluindo o depreciando jogadores que iremos chegar à este fim!
Um comentário:
Ótimo post. Apesar de jogadores faltosos serem um grande problema, existem formas de colocá-los dentro do jogo de várias maneiras. Acho que, personagens flutuantes, que não acompanham o grupo, mas que de vez em quando aparecem é uma boa ferramenta. Fora isso, a conversa, de fato, é o melhor a ser feito.
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