quinta-feira, 14 de março de 2013

Dicas do mestre: Tendências e Interpretação - Leal Bom




“Lei é ordem, e uma boa lei é uma boa ordem”
Aristóteles         

Provavelmente um dos alinhamentos mais menosprezados dentre todos seja Leal e Bom. Quem já não ouvi dizerem – “quem iria querer ser o bonzinho do grupo?” ou “quem vai querer jogar sem poder matar à vontade?”. Este alinhamento combina os conceitos de ordem e bondade em níveis inquestionáveis! Será?

Um personagem deste alinhamento acredita na bondade inerente à todos os seres. Muitas vezes este alinhamento é considerado perfeito quando descaradamente exagerado e este esteriótipo acaba por prejudicar seu uso nos jogos. Bons, honestos, verdadeiros e lícitos são adjetivos comuns para esses personagens. Mas não podemos nos esquecer nunca que qualquer um dos alinhamentos são categorias gerais, uma simplificação, e por isso mesmo devem servir como parâmetro e não como regra implícita. Um personagem Leal/Bom pode parecer um alinhamento difícil de defender, mas é preciso lembrar (principalmente os mestres) que personagens deste alinhamentos não são necessariamente ingênuo ou irrealista. Leais e bons não vão honrar uma lei que vai de encontro ao seu alinhamento.

Podemos dizer que este alinhamento tem três linhas diretivas para seus personagens e seguir qualquer uma delas não o desqualifica:

- Lei antes de Bondade: como todo personagem deste alinhamento ele enfrenta um dilema entre fazer o que for bom ou fazer o que for certo. Um personagem deste alinhamento segue sempre as leis e é, essencialmente, uma pessoa boa que nunca penderá para o lado do mal. Mas e em momentos de crise? Nesses momentos extremos ele seguirá a lei e enfrentará o mal com todas as suas forças, pois sabe que isso é que irá salvar os inocentes. Um personagem desta linha fará o que for necessário, lógico que nunca sacrificando alguém, mas fará o necessário.

- Bondade antes da Lei: este é exatamente o inverso da linha apresentado acima. De igual apenas o dilema, mas ao contrário. Quem não lembra das crises existências de Clark Kent no seriado Smallville? Nos momentos de crise um personagem desta linha não pensará duas vezes em deixar o ‘chefão’ fugir se isso trouxer algo de bom, como salvar a vida de alguém.

- Equilíbrio: este é o verdadeiro dilema neste alinhamento. Como um personagem consegue lidar com os dilemas anteriores – bondade antes da lei ou lei antes da bondade? Parece muito complicado, mas na realidade é a forma mai fácil de lidar com este alinhamento. Muitos podem achar o contrário, já que aparentemente lança o personagem naquele esteriótipo exagerado comentado anteriormente. Mas na verdade esta possibilidade de equilíbrio coloca nosso personagem no controle de suas ações se, e somente se, ele tiver a possibilidade de escolha entre os dois dilemas.

Muitas vezes as ações neste alinhamento, principalmente quando um personagem procura uma via mais equilibrada, são confundidas com Neutro/Bom, mas uma diferença crucial deve ser levada em conta. Um Leal/Bom fará a coisa ‘certa’ ou ‘boa’ pois ele deve ser o exemplo daquilo que acredita nunca indo de encontro com a sua moral. Já o Neutro/Bom fará a coisa certa, pois deve proteger um bem maior. Pode parecer pouca a diferença, mas é crucial.

Eles estão convencidos de que a ordem e as leis são absolutamente necessárias para assegurar que o bem prevaleça. Verdadeiros seres bons não vão querer mentir ou enganar ninguém, seja ele bom ou mau. Mas não por isso que personagens desta tendência não matarão. Alguns podem ficar horrorizados e subir em uma mesa gritando que isso é uma blasfêmia, mas é apura verdade. Eles podem sim tirar uma vida quando seu oponente estiver indo de encontro aos seus parâmetros de ordem (as ações do oponente vão de encontro à uma lei estabelecida) ou contra seus parâmetros de bondade (as ações do oponente podem gerar um ação má).

Em guerras paladinos estarão sempre lutando e matando contra vilões e ações opositoras que desejam agir de forma ‘má’ contra o seu povo. Claro que esta ação de ‘matar’ não causará prazer algum ao personagem Leal/Bom como poderá lhe trazer um certo remorso. Além disso, ele tentará todas as alternativas antes do golpe final e mortal.


Diferenças interessantes entre o Bem o as Leis
Uma boa forma de entender a diferença entre os três tipos de alinhamento ligados ao ‘bem’ são sua relação com códigos de conduta (ou de honra). Os três exemplos são apresentados abaixo deixando isso claro:

Leal/Bom: quem melhor se adapta à um código de conduta, embora muitos digam que qualquer um dos alinhamentos ‘bons’ conseguem, é o Leal/Bom. Além de ficar mais próximo do equilíbrio esperado para este personagem, resolve alguns problemas ligados aos dilemas de como proceder. O código adotado poderia ser tanto auto-imposto, quanto codificado por uma lei. Quando o personagem se encontra dentro de algum dilema seu primeiro impulso deverá ter referência no código, chegando, assim, à uma resposta. Isso impõe sua consciência à norma estabelecida. Como é descrito no Livro do Jogador D&D 3.5: “Um personagem com essa tendência se comporta como todos esperam que uma pessoa boa o faça. Ele combina a vontade de combater o mal com a disciplina de lutar incessantemente”. Ao mesmo tempo o Módulo Básico de Tormenta RPG afirma:”Pessoas Leais e Bondosas fazem o que é esperado de uma pessoa justa, respeitando a lei e sacrificando-se para ajudar os necessitados. Cumprem suas promessas e dizem a verdade.”

Neutro/Bom: como já é sabido, os personagens neutros não são tão afeitos à disputa entre ordem e caos. Eles respeitam leis e autoridades, mas as podem as quebrar por um motivo que considerem justo ou apenas para promover o bem. Algo diferente do Leal/Bom que vê o caminho correto na manutenção da ordem (lei) onde quebrar a lei não é uma opção, mas uma imposição de alguma circunstância. Códigos de conduta para este tipo de alinhamento não servem muito se suas regras forem rígidas, se adequando muito mais às ordens onde as regras estão ligadas à um certo grau de liberdade, designado por ideais ou pelo modo ‘sincero’ de agir do personagem.

Caótico/Bom: aqui a lei não serve para quase nada frente a consciência do personagem. Um código de conduta aqui é quase impossível já que o personagem o quebrará as regras sempre que for necessário já que sua consciência é sua verdadeira regra e guia. Ele não aceitará que um mero código limite sua capacidade de fazer o bem.

Os personagens que se enquadram nesta tendência são dos mais variados possíveis: Superman e Shazam da DC Comics, Capitão América (principalmente na saga Guerra Civil) e Justiça da Marvel, Hermione (Harry Potter), Apollo (Battlestar Galatica), Seeley Booth (seriado Bones) e Peter Burke (seriado White Colar).


Um comentário:

Patrick disse...

Ótimo post, vai ajudar em muito a minha interpretação. Sempre mestrei e de repente interpretar um personagem LB é complicado, mas este post me deu uma ótima noção. Obrigado!